BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ex-deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) escreveu uma carta à mão, do presídio onde está no Rio de Janeiro neste sábado (22), negando ter tratado de planos golpistas com o senador Marcos do Val (Podemos-ES) na presença do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A confusão começou em fevereiro quando Marcos do Val fez uma transmissão ao vivo pela internet na qual afirmou que a revista Veja publicaria uma reportagem mostrando que o ex-presidente Bolsonaro tentou coagi-lo a "dar um golpe de Estado junto com ele" e gravar o ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes para reverter o resultado das eleições de 2022.
Horas depois, o senador recuou da acusação direta e disse que Bolsonaro "só ouviu" o plano do ex-deputado federal, em reunião ocorrida em dezembro.
A Polícia Federal abriu um inquérito sobre o caso, e Marcos do Val prestou depoimento na última semana sobre o suposto plano contra o ministro do STF. Dentro dessa apuração, o parlamentar também já foi alvo de mandado de busca e apreensão, em junho.
Na versão de Silveira, ele levou o senador ao até então presidente Bolsonaro para uma conversa após insistência do parlamentar. Silveira disse que o senador queria falar com Bolsonaro porque tinha uma informação importante sobre o ministro Moraes, mas não especificou qual seria.
O ex-deputado falou que durante a reunião o colega apenas elogiou o presidente e disse que lutaria no Senado pelas pautas conservadores. Ele nega que o nome do ministro do STF tenha sido citado durante a conversa.
"Palhaço este [do Val] que inventou uma história que torna-se cada vez mais ridícula pelo óbvio. Nem o presidente, nem eu jamais havíamos visto o membro da Swat, CIA, FBI, Mossad e Tutti quanti, portanto, porque pediríamos a ele, logo a ele, uma idiotice desta?", disse na carta, ironizando o senador, que costuma se apresentar como instrutor de forças de segurança americanas.
Silveira também disse que não haveria motivo para Moraes confessar ao senador "algo substancial que o incriminasse", o que mostra que não há como acreditar no relato.
Segundo disse o advogado Paulo Faria nas redes sociais, responsável pela defesa do ex-deputado, a carta foi entregue para a esposa de Silveira.
O ex-parlamentar está preso por ordem do Supremo após ter feito ameaças a integrantes da corte. Em 2022, o tribunal o condenou a oito anos e nove meses de detenção por crimes contra o Estado democrático de Direito e coação no curso do processo.
A defesa do senador Marcos do Val afirmou, em nota, que as acusações feitas pelo ex-deputado não possuem qualquer respaldo nos elementos colhidos pela Polícia Federal durante a investigação.
"As mensagens enviadas pelo ex-deputado ao senador são claras e inequívocas, estando devidamente anexadas aos autos do inquérito policial. Reiteramos a inocência do senador Marcos do Val e acreditamos que, ao final das investigações, sua conduta íntegra e sua atuação parlamentar em prol da sociedade brasileira serão confirmadas", disse, em nota.
O parlamentar foi ouvido na quarta-feira (19) sobre o caso pela segunda vez e ficou mais de cinco horas na sede da PF, em Brasília.
Em uma de suas versões, Do Val disse que expôs a proposta golpista de Bolsonaro a Moraes. Segundo ele, a ideia era comprometer o magistrado e obrigá-lo a se afastar dos inquéritos em curso. O parlamentar também levantou a possibilidade de anular as eleições e impedir a posse de Lula (PT).
O ex-presidente Bolsonaro prestou depoimento à PF sobre o caso e confirmou a reunião com Do Val e Silveira em dezembro, mas negou que tivesse participado do suposto plano para gravar Moraes.
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A CARTA DE SILVEIRA NA ÍNTEGRA:
"A verdade.
? Após audiência pública no Senado sobre "ativismo judicial", retornei ao meu estado.
No dia seguinte, por volta das 19h, Marcos do Val me ligou solicitando um encontro com o Presidente. Estranhei o pedido pois nunca havia tido contato com ele, salvo ao acaso no parlamento. Ele afirmou que tinha uma informação importante para passar ao Presidente, contudo não passou o teor, oras, disse se tratar do Alexandre de Moraes, mas, não revelou nada a mim.
Na semana seguinte o levei ao Presidente, claro, após avisá-lo que Marcos do Val insistir muito. O Presidente o recebeu como qualquer outro parlamentar. A conversa durou pouco tempo, entre 10 min ou pouco mais e peça que não me cobre que seja um cronômetro para marcar tempo de uma porcaria de reunião que se tornou um circo por conta de um palhaço.
Palhaço este que inventou uma história que torna-se cada vez mais ridícula pelo óbvio. Nem o Presidente, nem eu jamais havíamos visto o membro da Swat, CIA, FBI, Mossad e Tutti quanti, portanto, porque pediríamos a ele, logo a ele, uma idiotice desta? Só um idiota roxo acreditaria nesta baboseira! Ademais porque Alexandre de Moraes confessaria a ele, logo a ele, algo substancial que o incriminasse? Tem que ser um completo idiota para acreditar nesta história, e, fosse verdade, sequer existe crime.
Durante a famigerada reunião, Marcos do Val apenas elogiou o Presidente e disse que lutaria no Senado pelas pautas conservadores. O nome do membro do STF sequer foi citado, salvo na ligação de que era sobre Alexandre de Moraes a informação.
Fim da história, arquive-se!
Ps: Quem dá ideia para maluco?
Daniel Silveira, preso político.
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Preso
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