SÃO BERNARDO DO CAMPO, SP (FOLHAPRESS) - O presidente Lula (PT) retomou promessas de campanha, como picanha para a população, e xingou o suspeito de hostilizar o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes durante discurso neste domingo (23) em São Bernardo do Campo (SP).
As declarações foram feitas em evento de posse da nova diretoria do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, encabeçada por Moisés Selerges.
O evento terminou com a Maria Rita cantando "Como Nossos Pais", com Lula, a primeira-dama Janja e os ministros no palco. Lula chorou.
Durante discurso, Lula afirmou ser preciso recuperar a civilidade no país após a derrota de Jair Bolsonaro (PL) e lembrou o caso de hostilidade relacionado ao magistrado.
"No aeroporto de Roma, um canalha não só ofendeu ele [Moraes] como bateu no filho dele", disse Lula, lembrando que o PSD, de Gilberto Kassab, expulsou o suspeito.
O empresário Roberto Mantovani e sua família são investigados no caso. Eles afirmam que houve uma confusão não relacionada ao ministro e que Mantovani apenas afastou o filho do magistrado após ofensas a sua esposa.
O presidente também afirmou ter entregue o nome do homem ao chanceler alemão, uma vez que o suspeito havia atuado como distribuidor de uma empresa alemã. O discurso do presidente teve tom que buscou animar a militância para o embate contra o bolsonarismo.
"Nós derrotamos o Bolsonaro, mas não derrotamos os bolsonaristas ainda. Os malucos estão na rua, ofendendo pessoas, xingando pessoas. E nós vamos dizer para eles que nós queremos fazer com que esse país volte a ser civilizado", disse.
Ainda em um aceno contra uma bandeira dos bolsonaristas, ele citou a restrição ao acesso a armas, medida anunciada na última sexta (21). "Eu agora proibi a venda de pistola 9 mm, porque esse negócio de liberar armas é para favorecer o crime organizado a comprar armas. O que nós precisamos é baratear o preço do livro, é abrir biblioteca em cada conjunto habitacional."
Lula estava acompanhado de ministros como Márcio França (Portos e Aeroportos), Silvio Almeida (Direitos Humanos), Márcio Macedo (Secretaria Geral da Presidência) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário), além da presidente do PT, Gleisi Hoffmann.
Em clima de comício para uma plateia de apoiadores e velhos conhecidos, Lula contou casos de seu tempo de sindicalista, prometeu cuidar da população como "um pai cuida do filho" e voltou a repetir promessas da campanha.
Após enumerar a questão da criação de empregos e valorização do salário mínimo, ele citou o objetivo de que o povo volte a comer picanha, item que virou símbolo de seus discursos na campanha de 2022.
"A gente vai fazer com que o povo possa voltar a comer a tal da picanha que tinha desaparecido", disse, para aplausos da plateia.
"Eu prometi, tem muita gente que não sabe o carinho que o povo tem com picanha, mas uma picanhazinha no final de semana, com a família reunida, os amigos, e uma cervejinha gelada é tudo que a gente quer."
Lula afirmou no discurso que o trabalhador tem que ter poder de compra para obter os produtos que produz, incluindo comprar carro e viajar de avião.
O presidente também disse que conversou com papa Francisco sobre uma campanha mundial contra a desigualdade. "É necessário acabar com a desigualdade no mundo", disse, citando desigualdade racial, de gênero, educação e saúde, entre outros. "Tem gente procurando espaço para morar na Lua e tem gente que não tem espaço para morar aqui na Terra. Nós precisamos é cuidar do povo aqui, esse é nosso planeta", disse.
Ainda na seara da desigualdade, o presidente citou lei que equipara salário entre homens e mulheres. "A mulher não quer ser mais tratada como se fosse cidadã de segunda categoria", disse.
O discurso de Lula ainda deu diversos acenos aos sindicalistas, afirmou que nunca houve tantos da categoria no governo e fez críticas à elite. "Meu compromisso não é com banqueiros, meu compromisso não é com os empresários, eles sabem que meu compromisso é com o povo trabalhador desse país", disse.
O presidente lembrou o papel histórico do Sindicato dos Metalúrgicos e também do dos Bancários do ABC na criação do PT e em sua trajetória.
"São os sindicatos que ajudaram a criar um partido político e fazer a coisa impossível até então, fazer com que um metalúrgico saído daqui conseguisse ser presidente da República", disse o presidente, que lembrou sua origem diversas vezes em sua fala.
Após o discurso, Lula afirmou que ficaria no evento para assistir um show da cantora Maria Rita.
Antes de Lula, discursaram Gleisi Hoffmann, o ministro Márcio Macedo e o presidente do sindicato, Moisés Selerges. Em frente a Lula, Selerges fez diversas críticas a pontos da última reforma trabalhista.
Apesar da deixa, Lula não tocou no assunto em sua fala. O presidente, porém, brincou com a possibilidade de voltar a presidir o sindicato durante o discurso de Selerges.
Antes do evento, o presidente esteve no hospital Sírio-Libanês para um procedimento de infiltração devido a dores na região do quadril. Segundo a assessoria de imprensa da Presidência, ele passará por uma "cirurgia programada" ainda neste ano.
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