SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) negou apego ao seu cargo na Esplanada, sob perigo na reforma ministerial que Lula (PT) planeja fazer para contemplar nomes do centrão e, assim, pacificar a relação com o bloco no Congresso.
"Cargo de ministro é da confiança do presidente da República", disse neste domingo (6), em passagem por Taubaté (SP). "A minha disposição é servir ao Brasil, ajudar o Brasil e colaborar com o governo do presidente Lula."
Além do Palácio do Jaburu, Alckmin é também titular do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. Essa posição, contudo, poderia ser revista por Lula, uma ideia que desagradaria o vice.
O pessebista também rechaçou uma hipótese que circula em Brasília: a de que não teria ido à posse de Celso Sabino (União Brasil) no Ministério do Turismo como uma forma de sinalizar sua insatisfação com os boatos sobre a possível troca de guarda na própria pasta.
Ele afirmou ter escutado uma conversa de que teria faltado à cerimônia "porque não estava contente". Deu outro motivo para a ausência: "É porque eu gosto de medicina, não me afastei [do ofício] até hoje. Teve um congresso médico universitário com 3.000 estudantes em São Paulo que eu tinha me comprometido a fazer a aula magna lá".
Formado pela Faculdade de Medicina da Universidade de Taubaté, Alckmin possui especialização em anestesiologia e acupuntura. Após ficar em quarto lugar na eleição presidencial de 2018, e antes de retomar a carreira política trocando PSDB por PSB e aceitando ser vice de Lula, ele chegou a dar dicas sobre saúde em programas da TV Gazeta e da Band. Era conhecido como Doutor Geraldo.
O ex-governador paulista também negou que tenha falado com Lula a respeito da possibilidade de sair do posto de ministro. Afirmou que a última conversa que teve com o presidente, no começo da semana, foi sobre a indústria da defesa, junto com o colega José Múcio (Defesa).
Outra negativa de Alckmin em Taubaté: a de que, se substituído, ele tocaria o novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) como forma de compensação.
O petista estuda desalojar da Esplanada nomes do PT e do PSB, ambos à esquerda, para dar mais espaço a partidos que podem dar mais dor de cabeça ao governo no Congresso, como PP e Republicanos. A legenda de Alckmin no Parlamento, na avaliação do governo, não tem estatura equivalente aos três ministérios que ocupa --além de Alckmin, há Flávio Dino na Justiça e Márcio França em Portos e Aeroportos.
Parceiro de Jair Bolsonaro (PL) na eleição, o PP do presidente da Câmara, Arthur Lira, tem 49 deputados federais, nenhuma pasta e disposição de manter relações cordiais com o governo. Mesmo caso do Republicanos, ligado à Igreja Universal, que possui 41 representantes na Casa.
O PSB, aliado de primeira hora do PT, só tem 15.
Na sexta-feira (4), o ministro Alexandre Padilha (Relações Institucionais), confirmou que os deputados André Fufuca (PP-MA) e Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) serão ministros, decisão atribuída a Lula. Só falta saber quais pastas o aguardam, e quem ficará de fora da Esplanada.
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