BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em busca de sua recondução ao cargo, o procurador-geral da República, Augusto Aras, tem dito a aliados que pretende fazer no encontro que terá com o presidente Lula (PT) na tarde desta quinta-feira (17) uma espécie de balanço da sua gestão.
Ciente dos obstáculos que enfrenta para permanecer mais dois anos à frente do MPF (Ministério Público Federal), Aras pretende ressaltar ao petista que teve papel fundamental para desmontar a Operação Lava Jato, que levou Lula à prisão e mirou uma série de políticos.
Também quer frisar ao presidente que atuou para acabar com a criminalização da política, teve força para controlar o MPF e buscou a estabilidade entre as instituições.
Segundo argumenta a pessoas próximas, a relação que manteve com o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e o STF (Supremo Tribunal Federal) foi fundamental para buscar a harmonia entre os Poderes e para a democracia.
Aras está no cargo desde 2019 e seu mandato expira no final de setembro. Embora queira permanecer no posto, o procurador-geral costuma dizer que sabe da resistência de uma parte dos aliados de Lula, que o classificam como bolsonarista, e não considera grandes as chances de ser escolhido.
Entre as críticas a ele estão a de ter sido conivente com atos controversos de Bolsonaro e de ter conduzido mal o MPF durante a pandemia do coronavírus. Por isso, integrantes do Palácio do Planalto também avaliam ser pequenas as chances de Lula reconduzi-lo pela dificuldade de justificar a escolha de um nome ligado ao seu adversário.
A ministra Simone Tebet (Planejamento), por exemplo, afirmou que conduzir Aras seria um "desastre".
Por outro lado, Aras tem o apoio de pessoas muito próximas de Lula, entre eles o senador Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, e de políticos do centrão, como o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL).
O procurador-geral foi inclusive aconselhado por aliados de Lula a não apresentar outros nomes como opções na conversa que terá com o presidente.
Aras estava disposto a apontar os procuradores Carlos Frederico dos Santos e Humberto Jacques como alternativas a seu nome, mas ouviu que não deveria indicar terceiros e apenas se colocar à disposição do presidente.
Há também dentro do governo quem apoie a recondução de Aras por avaliar que ele já foi testado. Ministros, inclusive, defendem que caso Lula não o escolha, encontre um "genérico" do procurador.
Os apoios no mundo político, reconhecem pessoas no entorno de Aras, são resultado do fato de ele ter ajudado a frear certas investigações.
Em outra frente para buscar melhorar sua avaliação com setores do governo e aliados de Lula, a partir da semana que vem o procurador-geral começará a soltar cadernos de prestação de contas da gestão no MPF.
O procurador-geral já esteve no Planalto em outras ocasiões, mas não para uma reunião exclusiva com Lula. Participou, por exemplo, de encontro para discutir a violência nas escolas.
Aras ocupa o posto desde setembro de 2019, indicado por Bolsonaro. Nos últimos meses, o procurador-geral vem buscando se afastar de seu alinhamento ao ex-presidente e de suas omissões na gestão passada.
Além deles, são considerados cotados para o posto o vice-procurador-geral eleitoral, Paulo Gonet, e o subprocurador-geral Antonio Carlos Bigonha.
Como mostrou a Folha de S.Paulo, Gonet tem o apoio nos bastidores dos ministros Alexandre de Moraes e Gilmar Mendes, do STF.
Lula já deixou claro a aliados que não quer desagradar aos dois magistrados, que se consolidaram como os principais interlocutores do governo no Supremo.
Porém aliados também têm a preocupação de que Lula não dê tanto poder à dupla de ministros escolhendo Gonet, em um argumento que pesa contra a indicação do procurador.
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