BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) não vai assumir a chefia do Executivo durante a cirurgia do presidente Lula (PT) nesta sexta-feira (29), mesmo com a previsão de o mandatário receber anestesia geral e ficar inconsciente.

Interlocutores no Palácio do Planalto consideram que não será necessário, pois a cirurgia é encarada como simples e deve durar apenas algumas horas. O próprio Alckmin declarou recentemente que não vê necessidade na transmissão de cargo.

O Palácio do Planalto não explicou por que optou por não empossar Alckmin durante o procedimento. "Não há previsão do vice-presidente Geraldo Alckmin assumir a Presidência durante o procedimento cirúrgico do presidente Lula e no período pós-operatório", informou a Secom (Secretaria de Comunicação da Presidência), em uma breve nota.

Lula será submetido a uma cirurgia para corrigir um problema na região do quadril, que tem provocado fortes dores. Segundo informações da Presidência da República, o procedimento é uma artroplastia total de quadril, e será instalada uma prótese no corpo do presidente.

O presidente deve ser internado no hospital Sírio Libanês de Brasília pela manhã, e o procedimento deve durar "algumas horas".

A Presidência tem evitado informar a previsão de duração, para evitar rumores e especulações sobre a saúde de Lula, em caso de atrasos médicos rotineiros. Nos bastidores, no entanto, fala-se em duas horas na mesa de cirurgia.

O período de recuperação será de cerca de um mês, sendo que a própria Presidência afirma que o mandatário deve despachar por pelo menos três semanas do Palácio da Alvorada, a residência oficial. O presidente só deve voltar a viajar no fim de novembro, para participar da COP28, nos Emirados Árabes Unidos.

A legislação brasileira não trata especificamente de casos de vacância durante procedimento cirúrgico ou inconsciência em decorrência de anestesia. A Constituição apenas prevê que caberá ao vice substituir o presidente "no caso de impedimento".

Interlocutores do Planalto afirmam que seria simples realizar uma transmissão de cargo, mas optou-se por não fazer por um caráter simbólico, para deixar claro que se trata de um procedimento simples.

O governo considera que Alckmin estaria apto a assumir o cargo em caso de uma grande emergência ou urgência, para tomar as decisões necessárias.

O próprio vice-presidente afirmou que "não há necessidade" de transmissão de cargo, durante evento da indústria médica nesta quarta-feira (27). Alckmin, que é médico, ainda acrescentou que "anestesia é muito segura" nos tempos atuais.

Lula, no entanto, já manifestou receio em tomar a anestesia geral, disse que não gosta de ficar inconsciente.

"É uma cirurgia que a ciência domina bem, não tem nenhuma novidade, mas obviamente que é sempre cirurgia, é sempre anestesia. E, vocês querem saber da verdade, eu tenho medo é mesmo medo é de anestesia, porque vou ficar dormindo, não gosto de perder o domínio da minha consciência. Mas os médicos dizem que a anestesia avançou muito, que hoje não é como no passado, que hoje é mais tranquilo. Então estou muito tranquilo", disse o presidente, após recepção no Palácio do Itamaraty.


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