BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O ex-governador de Goiás e ex-senador Marconi Perillo foi eleito nesta quinta-feira (30) o novo presidente do PSDB para um mandato de dois anos. Ele substituirá o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que decidiu não permanecer mais à frente do partido.

A decisão foi tomada nesta quinta pela nova executiva, eleita por votação de delegados e parlamentares da sigla durante convenção partidária, e em meio a uma divisão no tucanato.

A eleição de Perillo foi fruto de uma a costura de ala da legenda, que chegou a enfrentar uma disputa com o ex-senador José Aníbal (SP). Aníbal anunciou que disputaria contra Perillo, mas, de última hora, retirou a candidatura e o ex-governador acabou eleito por aclamação.

"Eu queria dar uma satisfação, porque eu coloquei minha candidatura a presidente do diretório. Coloquei agora nesse final de semana. Conversei com muitos companheiros, mas não pareceu suficiente para a disputa", afirmou Aníbal nesta quinta, durante a convenção.

O ex-senador diz que após a disputa, a união em torno da chapa eleita, mas admite que há divisões no partido.

"O que nós não podemos é ficar fazendo de conta que a nossa unidade é sólida. Estamos unidos, olha essa vitória, mas é uma unidade que não tem uma âncora política sólida. PSDB está um pouco perdido no panorama que temos hoje da política brasileira", afirmou Anibal.

O processo de troca do comando do partido teve forte influência do deputado Aécio Neves (MG). A indicação de Perillo para comandar o PSDB foi uma indicação do parlamentar. A nova executiva, inclusive, terá a participação de Aécio e a maioria dos membros ligadas a ele.

Leite, que também fará parte do novo comando, tentou articular a candidatura do ex-senador Tasso Jereissati (CE), mas não conseguiu após Aécio vetar essa hipótese, por se tratar de um desafeto.

Aécio, no entanto, passou a articular uma chapa alternativa para eleger Perillo devido a uma briga com Tasso pelo comando do partido em 2017, após o mineiro ter se afastado com o escândalo da JBS.

No lugar, o governador gaúcho deixou o caminho livre para que Aníbal disputasse contra o nome apoiado pelo deputado mineiro, mas não conseguiu encontrar consenso. Aécio conseguiu montar uma chapa mais robusta e acabou fortalecido.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, aliados de Leite minimizam a disputa de poder entre Aécio e o gaúcho. Na visão deles, ambos têm boa relação e não há alternativa para um partido combalido como o PSDB senão a unificação.

A disputa no partido ocorreu depois de Leite indicar que não queria mais comandar a legenda diante de dificuldade de conciliar tarefas. O recuo de governador gaúcho na presidência do PSDB, segundo tucanos ouvidos pela reportagem, foi considerado compreensível diante das demandas do governo do estado, que acumula uma série de tragédias causadas pelas chuvas.

Ainda assim, integrantes do PSDB de diversas alas querem lançá-lo à Presidência da República em 2026. A avaliação, defendida por Aécio inclusive em 2022, é que ter um presidenciável seria essencial para que a sigla não diminuir mais ainda.

"Não somos candidatos a mito, nem a super-heróis e nem a salvadores da pátria", afirmou Leite nesta quinta. "Eu tenho um novo ciclo de governo pela frente. A população me deu a oportunidade de ser o primeiro reeleito e preciso suar muito a camisa daqui para frente", afirmou.

Perillo, novo presidente do PSDB, chegou a ser preso por um dia em outubro de 2018, alvo de uma operação que investigava pagamento de propina em campanhas eleitorais. Quatro anos depois, em 2022, o STF (Supremo Tribunal Federal) anulou a operação por considerar que a competência não era da Justiça Federal, mas da Justiça Eleitoral.

"Esse processo foi uma aberração política e jurídica, com absurdas ilegalidades, tanto que foi anulado pelo STF. Estou tranquilo em relação a isso", afirmou Perillo à Folha de S.Paulo.

Aécio Neves, ex-presidente da sigla, foi alvo de acusação de corrupção no caso JBS, mas foi absolvido pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região, o que da acusação de corrupção no caso JBS, quer se dedicar à atuação política em Minas Gerais ?a ideia é que ele concorra ao governo do estado em 2026.

O mineiro tem pretensões políticas e busca articular sua candidatura ao governo de Minas Gerais em 2026.

Leite começou a comandar o PSDB em janeiro deste ano, após o ex-presidente Bruno Araújo, entregar a presidência a ele de maneira provisória. O governador, então, adiou para novembro a convenção nacional inicialmente prevista para maio.

Araújo havia sido eleito com o apoio de Doria em 2019, em meio a uma disputa com aecistas por vagas na executiva.

Doria, porém, foi alvo de resistências crescentes. O ex-governador chegou a ganhar as prévias para ser o candidato à Presidência do PSDB em 2022, mas depois foi derrubado por uma articulação para lançar Leite ao Palácio do Planalto. Por fim, Doria deixou o PSDB em outubro de 2022.

Leite, por fim, também desistiu de disputar a eleição presidencial para apoiar a candidatura de Simone Tebet (MDB-MS), o que contrariou uma ala do partido formada por Aécio.

O PSDB, no fim, acabou amargando no ano passado o pior resultado eleitoral de sua história.

O partido não elegeu nenhum governador em primeiro turno ?disputa quatro estados no 2º turno, em todos largando atrás?, perdeu nas urnas o controle histórico que mantinha sobre São Paulo, também não emplacou nenhum senador e viu sua já pequena bancada de 22 deputados federais ser reduzida a 13.

Em dezembro de 2022, Aécio declarou, em entrevista à Folha de S.Paulo, que o partido deveria se declarar oposição a Lula para se manter viva.

"É isso que permitirá que o partido sobreviva. Por mais que o presidente Lula tente ampliar suas alianças, o PT ainda é um partido enraizado no atraso", declarou à Folha.


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