BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal investiga um servidor do MPF (Ministério Público Federal) por indícios de participação na lavagem do dinheiro movimentado por grupo suspeito de fornecer mais de 40 mil armas a facções criminosas como PCC e Comando Vermelho.

O servidor é lotado na PGR (Procuradoria-Geral da República) e figura na apuração após o rastreamento da movimentação financeira realizada por integrantes da quadrilha. Por determinação judicial, ele ficará afastado de suas funções por 30 dias.

De acordo com relatório de inteligência financeira anexado ao inquérito, o servidor do MPF estaria envolvido com transações com indícios de lavagem no valor de R$ 100 mil e R$ 50 mil realizadas, respectivamente, em julho e outubro de 2022. A reportagem tenta contato com a defesa de Miranda.

Em nota, a Procuradoria afirmou nesta segunda-feira (12) que a apuração é conduzida pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) do MPF na Bahia e segue sob sigilo.

"Não há denúncia criminal no caso ainda, o que não impede a aplicação de outras medidas. Desde o início da investigação, foram adotadas todas as providências cabíveis tanto na esfera criminal quanto na administrativa", afirmou.

O servidor do MPF foi um dos alvos de buscas realizadas pela Polícia Federal na semana passada. A corporação deflagrou a Operação Dakovo, para cumprir 25 mandados de prisão preventiva e 52 mandados de busca e apreensão.

O esquema teria importado cerca de 43 mil armas e movimentado cerca de R$ 1,2 bilhão em três anos. A apuração conta com a colaboração de autoridades dos Estados Unidos e do Paraguai.

Os investigadores defenderam a necessidade do afastamento de Miranda dos serviços em razão do acesso a sistemas e dados internos na Procuradoria, podendo verificar informações relacionadas ao caso,

Além disso, o servidor tem cadastro ativo em sistema de controle processual do TRF-1 (Tribunal Regional Federal da 1ª Região), ao qual a Justiça Federal na Bahia está vinculada, com poderes para acessar processos sigilosos.

O juiz Fábio Moreira Ramiro, da 2ª Vara Federal na Bahia, entendeu como "medida necessário" e decretou o afastamento temporário.

De acordo com a decisão que autorizou a realização de prisões e buscas, a organização seria "especializada no tráfico exclusivo de armas, atuante na importação de grandes quantidades de armamentos vindos da Europa, e internacionalizados no Brasil, para fins de abastecer grupos criminosos brasileiros".

No curso da apuração, os investigadores levantaram indícios de que alguns núcleos de atuação do grupo também estariam envolvidos no tráfico internacional de drogas, além de corrupção ativa e passiva, e lavagem de dinheiro.

Entre outubro de 2019 e março deste ano, apontam as autoridades, foram catalogadas 67 apreensões de armas e munições em vários estados brasileiros com indícios de participação da quadrilha. Nestas apreensões, foram recolhidas 659 armas de fogo de diferentes fabricantes e modelos.

Em um dos relatórios da operação da PF, os investigadores mostram como intermediadores negociavam armas com traficantes, entre eles Fhillip da Silva Gregório, conhecido como Professor. Ele é apontado pela PF como uma das lideranças do CV.

Em um dos diálogos, o traficante brasileiro reclama da arma ofertada e diz que elas não são mais usadas no Rio de Janeiro porque são de calibre "fraco".


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