SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A deputada Tabata Amaral (PSB-SP) exaltou, nas redes sociais, um encontro com Luiza Erundina, deputada federal do PSOL que foi vice de Guilherme Boulos (PSOL-SP) nas eleições municipais de 2020 e que é crítica de Marta Suplicy --que se organiza para se refiliar ao PT e ocupar a vice na chapa com Boulos na corrida para a Prefeitura de São Paulo deste ano.
Tabata, que é pré-candidata ao cargo de prefeita da capital paulista, afirmou ter tido uma conversa "muito inspiradora com Erundina" e exaltou sua trajetória "muito bonita na vida pública".
"Falamos sobre a nossa luta por uma educação de qualidade, além do nosso trabalho pelos direitos das mulheres. É sempre uma alegria aprender com mulheres tão experientes", escreveu em publicação na rede social nesta quinta-feira (18).
Em pesquisa Datafolha realizada em agosto de 2023, Tabata aparece em terceiro lugar, com 11% das intenções de voto para o cargo de prefeita, atrás de Boulos, com 32%, e Nunes, com 24%.
Tabata busca se diferenciar de Boulos, afirmando que o candidato tem dificuldade de dialogar --imagem que o psolista quer desconstruir--, enquanto ela estaria aberta para conversar com políticos de direita e de esquerda. Ela já chegou a dizer que o maior problema do psolista é a "falta de seriedade e maturidade".
A pecha de radical e de pouco afeito ao diálogo de Boulos é explorada por outros pré-candidatos, como o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB-SP), que acusa o psolista de ser extremista.
Para fortalecer a candidatura, Tabata busca atrair para o cargo de vice o apresentador José Luiz Datena, cuja filiação ao PSB ocorreu em dezembro de 2023 em cerimônia na qual a deputada estava presente.
Com atuação parlamentar desde 2019, ela, por sua vez, enfrenta a pecha de inexperiente e foca em pautas como educação e direitos das mulheres. Na disputa para as eleições deste ano, busca intercalar tais demandas com questões do dia a dia da cidade, como o apagão da Enel e obras do atual governo.
Já Erundina, que já foi candidata a vice de Boulos no passado, fez algumas críticas públicas a Marta.
Quando se candidatava à Prefeitura de São Paulo em 2016, Erundina chamou Marta de "traidora do povo". Naquele ano, Marta era pré-candidata pelo PMDB. Ela passou a sofrer resistência de alas progressistas desde que começou a criticar o PT e também por ter sido favorável ao impeachment de Dilma Rousseff (PT).
A acusação de traidora se repetiu em 2020, quando Marta apoiava a reeleição de Bruno Covas (PSDB). Naquele mesmo ano, Erudina acusou Marta de ter reduzido o orçamento da educação durante sua gestão como prefeita de São Paulo. Marta rebateu Erundina chamando-a de "desleal duas vezes".
A deputada psolista também afirmou, em 2023, ter dificuldade de compreender a escolha de Lula de trazer Marta ao PT para ser vice de Boulos.
A costura para que Marta se consolide como vice do psolista teve a participação direta do presidente, como parte de um acordo entre PT e PSOL de que petistas não teriam candidato próprio para a prefeitura de São Paulo nas eleições 2024, mas indicariam o cargo de vice. Em contrapartida, Guilherme Boulos não concorreu ao governo de São Paulo em 2022 para fortalecer a campanha de Fernando Haddad (PT).
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