BRASÍLIA, SP (FOLHAPRESS) - O deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) negou qualquer utilização ou relação com softwares de espionagem da Abin (Agência Brasileira de Inteligência). O uso da ferramenta FirstMile sob sua gestão à frente da agência é alvo de investigação pela Polícia Federal.
O ex-diretor do órgão durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e pré-candidato do PL à Prefeitura do Rio de Janeiro neste ano se pronunciou em entrevista à GloboNews nesta quinta-feira (25).
Ramagem foi um dos alvos da operação da PF desta quinta, autorizada pelo ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes, que cumpriu mandados de busca e apreensão e de suspensão de exercício de funções públicas de policiais federais envolvidos no uso do software de espionagem FirstMile.
Os mandados foram cumpridos em Brasília (DF), Juiz de Fora (MG), São João Del Rei (MG) e Rio de Janeiro (RJ).
Como mostrou a Folha, Ramagem é investigado porque os monitoramentos ilegais ocorreram durante sua gestão e por supostamente ter se corrompido para evitar a divulgação de informações sobre o uso irregular do software espião durante sua gestão.
O ex-diretor da Abin teria sido corrompido por dois oficiais da Abin que ameaçaram divulgar o uso do software espião após a agência cogitar demiti-los em um processo administrativo interno por participação em uma fraude licitatória do Exército.
Segundo a PF, as provas coletadas na primeira fase da operação mostram que "o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas e serviços daquela agência de inteligência do Estado para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal".
Na entrevista dada nesta quinta, Ramagem afirmou que nunca utilizou, teve acesso ou sequer teve as senhas da ferramenta FirstMile, e também afirmou que não teve acesso a informações sobre investigações.
Nas operações desta quinta, a PF encontrou celulares e notebook da Abin em posse de Ramagem.
"Poderia devolver, mas estavam ali, eu não sabia. Pensei que fossem da polícia federal antigos, que eu tenho direito à custódia, à cautela. Era um telefone antigo, um computador antigo, que estavam ali há mais de anos, sem entrar em qualquer tecnologia da Abin e sem ter contatos com o sistema da empresa", disse à GloboNews.
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