SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro (PL) publicou nas redes sociais um salmo, na mesma manhã em que o enteado, o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos), foi alvo de uma operação da Polícia Federal, em meio às investigações sobre a existência de uma Abin (Agência Brasileira de Inteligência) paralela.

"Nenhuma arma forjada contra você prevalecerá, e você refutará toda língua que a acusar", escreveu Michelle.

Além de Carlos, os policiais também investigam suposto uso da agência para favorecer Flávio e Jair Renan. Em live neste domingo (28) ao lado dos filhos Flávio, Carlos e Eduardo, Bolsonaro negou que tenha criado uma "Abin paralela" para espionar adversários.

Carlos ainda não se manifestou sobre a operação desta segunda-feira.

Na nova ação, a PF mirou pessoas que foram destinatárias das informações produzidas de forma ilegal pela agência de inteligência do governo federal.

Segundo a PF, as medidas cumpridas tiveram como objetivo "avançar no núcleo político, identificando os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin".

No gabinete de Carlos, no Rio, os agentes levaram um notebook, computadores desktop e documentos.

Relatórios produzidos pela agência sob Bolsonaro e o uso do software espião First Mile estão no centro da investigação da PF.

Os investigadores afirmam que oficiais da Abin e policiais federais lotados na agência monitoraram os passos de adversários políticos de Bolsonaro e produziram relatórios de informações "por meio de ações clandestinas" sem "qualquer controle judicial ou do Ministério Público".

O programa espião investigado pela PF tem capacidade de obter informações de georreferenciamento de celulares. Segundo pessoas com conhecimento da ferramenta, ela não permite os chamados "grampos", como acesso a conteúdos de ligação ou de trocas de mensagem.

Um dos locais em que a PF cumpriu mandado de busca e apreensão nesta segunda (29) foi a casa do ex-presidente Jair Bolsonaro em Angra dos Reis, no litoral do Rio de Janeiro. O local entrou na lista de buscas da PF após a descoberta que Carlos estava na casa, de onde transmitiu uma live com o pai neste domingo (28).

Como mostrou a coluna Mônica Bergamo, da Folha, o vereador acordou com a notícia de que era um dos alvos da PF quando se preparava para passar mais um dia na praia com o pai em Mambucaba, uma vila histórica de Angra.

Ainda segundo a coluna, a casa estava vazia na manhã desta segunda quando a Polícia Federal chegou ao local. Bolsonaro e seus filhos haviam saído para pescar e ainda não haviam retornado.

O ex-secretário de Comunicação da Presidência, Fabio Wajngarten, saiu em defesa da família. Ele escreveu nas redes sociais que Bolsonaro saiu para pescar às 5h, antes da operação da Polícia Federal, negando que a família tenha fugido da ação.

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e o prefeito Ricardo Nunes (MDB) se esquivaram de comentar a operação desta segunda-feira. Durante o anúncio da construção de um piscinão no Morumbi, Tarcísio foi questionado sobre a ação que atinge o governo do qual fez parte.

"Não vou comentar", respondeu. Nunes, que concorre à reeleição neste ano com o apoio de Bolsonaro e Tarcísio, tampouco comentou. "Nem sei da operação. Teve operação?", questionou.

Jair Bolsonaro e os demais filhos do ex-presidente ainda não se manifestaram.


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