ÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - A Polícia Federal cumpre nesta quinta-feira (8) mandados de busca e apreensão e prisão de ex-ministros e militares ligados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), bem como ação contra o próprio ex-presidente.

A PF foi à casa de Bolsonaro em Angra dos Reis (RJ) e apreendeu o celular de um de seus assessores, Tercio Arnaud Thomaz. Também houve a determinação para que o ex-presidente entregasse o passaporte.

Estão entre os alvos da nova operação o general Augusto Heleno, Braga Netto, Anderson Torres e Valdemar Costa Neto, além de militares. Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro, é um dos militares presos. Ele já era investigado no caso de fraude do cartão de vacina do ex-presidente.

Ao todo, são 4 mandados de prisão preventiva, além de mandados de busca e apreensão em 10 estados e no Distrito Federal, em ação batizada de Tempus Veritatis. O objetivo, segundo a PF, é investigar uma organização criminosa que teria atuado na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito "para obter vantagem de natureza política com a manutenção do então presidente da República no poder".

A ação foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), no âmbito do inquérito das milícias digitais.

A operação acontece dias depois de outros mandados de busca que tiveram como alvo o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos -RJ), filho do ex-presidente, Alexandre Ramagem, ex-diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ).

Veja quem é quem dos alvos da nova operação da PF.

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GENERAL AUGUSTO HELENO

Ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) no governo Bolsonaro, Augusto Heleno é general da reserva do Exército e era estreitamente ligado ao ex-presidente.

Durante o governo Bolsonaro, o militar era o chefe do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), órgão ao qual a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) estava subordinada ?no governo Lula (PT), o órgão passou a ser ligado à Casa Civil.

Ainda em janeiro, ele foi intimado para depor na PF sobre a existência da chamada "Abin Paralela", formada por pessoas que teriam usado ilegalmente um software de geolocalização para monitorar adversários do governo.

BRAGA NETTO

É ex-ministro da Casa Civil e da Defesa no governo Bolsonaro. Homem de confiança do ex-presidente, Braga Netto foi escolhido para ser o candidato a vice na última disputa eleitoral na chapa de Jair Bolsonaro.

Braga Netto se filiou ao PL em 2022, dias depois de oficializar a pré-candidatura a vice. Como ministro, sustentou falas do ex-presidente que desacreditavam as urnas e defendiam o voto impresso.

O militar de reserva se tornou inelegível por 8 anos em 31 de outubro de 2023 devido à condenação de Bolsonaro a respeito do uso eleitoral do 7 de setembro.

ANDERSON TORRES

Ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, Anderson Torres foi preso em janeiro de 2023 em razão de possível omissão envolvendo os ataques golpistas do 8 de janeiro. Na época, ele era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal. Em 11 de maio, a prisão preventiva de Torres foi revogada.

Também foi encontrada na casa dele uma minuta com teor golpista, segundo a Polícia Federal. Em depoimento no TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Torres negou o caráter golpista do documento, ao qual se referiu como "lixo, loucura e folclore".

VALDEMAR COSTA NETO

Valdemar Costa Neto é presidente do PL, atual partido de Jair Bolsonaro. Já foi deputado federal por seis mandatos, julgado e condenado pelo mensalão. Em 2016, recebeu indulto presidencial. Abriga Bolsonaro na sigla desde 2020 e patrocinou a tentativa de reeleição do ex-presidente em 2022.

Tem articulado com Bolsonaro estratégias para fortalecer o partido nas eleições municipais de 2024. Sobre operações anteriores da PF contra Ramagem e Carlos Bolsonaro, afirmou que tinham motivação eleitoral.

MARCELO CÂMARA

O militar Marcelo Câmara foi ex-assessor de Bolsonaro. Ele já era investigado no caso de fraude do cartão de vacina do ex-presidente.

Próximo ao político, já atuou como ajudante de ordens e assessor especial de Bolsonaro. No gabinete, produzia informações a pedido do ex-presidente.

O coronel do Exército também foi citado em investigações envolvendo presentes oficiais vendidos na gestão Bolsonaro.

FILIPE MARTINS

O ex-assessor para Assuntos Internacionais de Bolsonaro foi preso pela PF na operação desta quinta. Segundo a investigação, Filipe teria apresentado ao ex-presidente a minuta golpista encontrada na casa de Anderson Torres.

TAMBÉM FORAM ALVO DA OPERAÇÃO DESTA QUINTA-FEIRA:

- General Paulo Sérgio Nogueira, ex-comandante do Exército;

- Almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante-geral da Marinha;

- General Estevam Cals Theóphilo Gaspar de Oliveira, ex-chefe do Comando de Operações Terrestres do Exército;

- Tércio Arnaud Thomaz, ex-assessor de Bolsonaro;

- Rafael Martins, major das Forças Especiais do Exército;

- Bernardo Romão Corrêa Netto, coronel do Exército;

- Ailton Gonçalves Moraes Barros, capitão reformado do Exército;

- Advogado Amauri Feres Saad;

- Angelo Martins Denicoli, major da Reserva do Exército;

- Coronel do Exército Cleverson Ney Magalhães;

- Empresário Eder Lindsay Magalhães Balbino;

- Coronel Guilherme Marques Almeida;

- Tenente-coronel Hélio Ferreira Lima;

- José Eduardo de Oliveira e Silva;

- Laércio Virgílio;

- Mario Fernandes;

- Ronald Ferreira de Araújo Júnio;

- Sergio Ricardo Cavaliere de Medeiros.


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