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(FOLHAPRESS) - O chamado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para um ato em seu apoio na avenida Paulista, em São Paulo, no próximo dia 25 de fevereiro (domingo), parece ainda não ter animado a maioria dos principais líderes políticos que estiveram com ele na eleição de 2022.
De 20 lideranças procuradas pela reportagem, entre eles senadores e governadores, apenas 3 confirmaram presença e 4 já disseram que não irão ao ato marcado em meio às investigações da Polícia Federal sobre a atuação do ex-mandatário em uma trama golpista.
Todos os demais silenciaram diante da pergunta da reportagem ou responderam que ainda não existe uma definição de agenda para a data.
No vídeo em que chama os apoiadores, Bolsonaro pede a eles que não levem faixas e cartazes contra ninguém e fala em ato de apoio ao que chama de "Estado democrático de Direito". "Nesse evento eu quero me defender de todas as acusações que têm sido imputadas à minha pessoa nos últimos meses."
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou nesta quarta-feira (14) que irá à manifestação a favor do ex-presidente. "É uma manifestação pacífica a favor do [ex-] presidente, e estarei ao lado dele, como sempre estive", afirmou o governador bolsonarista à CNN Brasil.
Eleito com apoio do ex-presidente, de quem foi ministro, Tarcísio cultiva uma relação de atritos e aproximações com a base bolsonarista.
Enquanto ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, Tarcísio endossou a postura negacionista do então presidente. O agora governador estava ao lado de Bolsonaro na live em que o ex-presidente ri ao comentar um suposto aumento de suicídios na pandemia.
Caso seja processado e condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, tentativa de abolição do Estado democrático de Direito e associação criminosa, o ex-presidente poderá pegar uma pena de até 23 anos de prisão e ficar inelegível por mais de 30 anos.
Bolsonaro ainda não foi indiciado por esses delitos, mas as suspeitas sobre esses crimes levaram a Polícia Federal a deflagrar uma operação que mirou seus aliados na última quinta-feira (8).
O ex-presidente já foi condenado pelo TSE por ataques e mentiras sobre o sistema eleitoral e é alvo de diferentes outras investigações no STF (Supremo Tribunal Federal). Neste momento, ele está inelegível ao menos até 2030.
Entre alguns dos principais auxiliares e aliados de Bolsonaro que hoje estão no Congresso, houve uma divisão sobre o comparecimento ao ato do dia 25.
As senadoras Tereza Cristina (PP-MS) e Damares Alves (Republicanos-DF), por exemplo, disseram que não vão devido a compromissos já agendados para essa data. O de Tereza, relativo a uma agenda médica e cirúrgica, segundo sua assessoria. Damares não informou qual é o compromisso.
As duas compuseram o ministério de Bolsonaro, nas pastas de Agricultura e de Mulher, Família e Direitos Humanos, respectivamente.
Já o senador Ciro Nogueira (PP-PI), ministro da Casa Civil de Bolsonaro, disse que vai ao evento e levará "toda sua família" para, segundo ele, mostrar apoio ao ex-presidente "junto de milhares de brasileiros".
O senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) também confirmou presença por meio de sua assessoria.
O então vice de Bolsonaro, Hamilton Mourão, hoje senador pelo Republicanos do Rio Grande do Sul, disse por meio da assessoria que não iria comentar o ato convocado por Bolsonaro.
Após a operação da Polícia Federal que mirou a suposta trama para um golpe de estado liderado por Bolsonaro e militares de alta patente, Mourão conclamou os atuais comandantes das Forças Armadas a não se omitirem contra a "condução arbitrária de processos ilegais". No dia seguinte, soltou nota recuando e se dizendo legalista.
O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o prefeito paulistano Ricardo Nunes (MDB-SP), o senador Sergio Moro (União Brasil-PR) e o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), não responderam à pergunta da reportagem.
GOVERNADORES
Os governadores Cláudio Castro (PL-RJ), Mauro Mendes (União Brasil-MT), Marcos Rocha (União Brasil-RO), Ratinho Junior (PSD), Romeu Zema (Novo-MG), Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) e Wilson Lima (União Brasil-AM) não responderam se irão ao ato.
A assessoria do governador do Amazonas disse que a agenda dele para fevereiro ainda não está fechada. Já a de Caiado afirmou que não "é possível confirmar a agenda com tal antecedência".
O entorno de Castro vê a agenda como um problema para o governador fluminense. Ele se mantém aliado do ex-presidente, mas desde a campanha tem evitado abraçar bandeiras extremistas.
Outro agravante para o governador fluminense são as investigações sobre ele em curso no STJ (Superior Tribunal de Justiça). Castro tenta no STF anular a delação que fundamenta parte das investigações e teme as consequências de sua presença no ato na análise dos pedidos.
O governador de Roraima, Antonio Denarium (PP), não irá ao ato. De acordo com sua assessoria, Denarium tem "uma vasta agenda de inaugurações e visitas a obras de educação em áreas rurais e indígenas".
Outra ausência será a de Jorginho Mello (PL). A assessoria do governador de Santa Catarina disse que o mandatário estará em viagem oficial na data. Não foram informados detalhes sobre o compromisso.
NÃO IRÃO AO ATO
- Governador Jorginho Mello (PL-SC)
- Governador Antonio Denarium (PP-RR)
- Senadora Tereza Cristina (PP-MS)
- Damares Alves (Republicanos-DF)
PRESENÇA CONFIRMADA
- Governador Tarcísio (Republicanos-SP)
- Senador Ciro Nogueira (PP-PI), chefe da Casa Civil de Bolsonaro
- Senador Marcos Pontes (PL-SP), ministro de Ciência e Tecnologia de Bolsonaro (2019-2022)
INDEFINIDOS (OU NÃO RESPONDERAM)
- Governador Cláudio Castro (PL-RJ)
- Governador Ronaldo Caiado (União Brasil-GO)
- Governador Mauro Mendes (União Brasil-MT)
- Governador Marcos Rocha (União Brasil-RO)
- Governador Romeu Zema (Novo-MG)
- Governador Gladson Cameli (PP-AC)
- Governador Wilson Lima (União Brasil-AM)
- Governador Ratinho Jr. (PSD-PR)
- Governador Ibaneis Rocha (MDB-DF)
- Deputado Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara
- Prefeito Ricardo Nunes (MDB-SP)
- Senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS), vice de Bolsonaro (2019-2022)
- Senador Sergio Moro (União Brasil-PR), ministro da Justiça de Bolsonaro (2019-2020)
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