Problemas no ambiente de trabalho podem desencadear a Síndrome de Burnout Trata-se de uma doença ocupacional. Médicos e professores são os que mais sofrem com o problema. Saiba quais são os sintomas e como prevenir a síndrome

Aline Furtado
Repórter
13/5/2011
Executivos

Estresse e desvalorização no ambiente de trabalho podem desencadear a Síndrome de Burnout. "Trata-se de um grande problema no mundo atual profissional, um processo mórbido causado por níveis de estresse e tensão prolongados e excessivos no ambiente de trabalho", explica o médico psiquiatra e perito judiciário, Glauco Corrêa.

De acordo com o psiquiatra, o problema atinge 5% dos trabalhadores. A categoria mais afetada pela Síndrome de Burnout é a dos médicos, sendo que 40% dos profissionais sofrem com o problema. "O dado refere-se àqueles do sistema público de saúde, que enfrentam tensões, cobranças, desvalorização, ausência de estímulo, além de sofrerem com falta de estrutura e condições insalubres de trabalho." Em seguida, os professores da rede pública de ensino fazem parte da segunda parcela de trabalhadores mais afetada com a doença. "Os motivos são os mesmos, sobrecarga de trabalho e desvalorização profissional."

Entre os sintomas estão a fadiga constante e progressiva, dores musculares, fibromialgia, distúrbios do sono, dor de cabeça, alteração no funcionamento do sistema digestivo, gripe, resfriados e alergias constantes. Queda ou embranquecimento de cabelos, aumento da pressão arterial, disfunções sexuais, impotência sexual e alteração menstrual também podem ser sinais da doença. Além dos sintomas físicos, a síndrome envolve transtornos psicológicos, como indícios depressivos, falta de concentração, desânimo, falta de autoestima e irritabilidade. 

Buscando amenizar os sintomas

De acordo com Corrêa, os pacientes que sofrem com a síndrome acabam buscando formas de amenizar os males causados pela doença. "Com isso, acabam fazendo uso de substâncias como tranquilizantes, tabaco, café, álcool, além de outras drogas." Um dos riscos, conforme o psiquiatra, é que o quadro evolua para o estado depressivo, podendo chegar, até mesmo, ao suicídio.

"É importante ressaltar que o empregador tem grande importância na problemática. Aliás, por se tratar de uma doença ocupacional, a empresa é responsabilizada pelo adoecimento. Desta forma, é imprescindível que os empregadores proporcionem um ambiente de trabalho agradável, buscando estabelecer, com seus empregados, uma relação harmoniosa. Além disso, os exames periódicos de saúde são importantíssimos", reforça o médico.

Diagnóstico

O diagnóstico da Síndrome de Burnout é feito por meio da observação das mudanças comportamentais. "As atitudes mudam e a tendência de faltas ao trabalho aumenta." Além disso, são aplicados, pelo médico do trabalho, questionários padronizados que auxiliam na detecção e na avaliação do grau da doença.

Durante o diagnóstico, o médico avalia quais são os sintomas predominantes, físicos ou psíquicos. "O tratamento consiste na melhoria do ambiente de trabalho, que englobam a organização do local, com a hierarquização definida e boas relações entre a chefia e os demais colaboradores. Caso o problema no local não seja sanado, ainda que a melhoria já tenha ocorrido, o quadro virá novamente à tona."

É importante também que o empregado atue em prol de sua melhoria, buscando aliar ao lado profissional uma vida social, que tenha lazer e exercícios físicos. "A dica vale para qualquer empregado, que esteja ou não sofrendo com a síndrome, principalmente se a função exercida é estressante, afinal, é uma forma de prevenção da doença."

Os textos são revisados por Thaísa Hosken