Os 31 municípios que compõem a Gerência Regional de Saúde (GRS) de Ubá se mobilizam para conscientizar a população sobre o combate à hanseníase, chamado de Janeiro Roxo. Um boletim de Vigilância em Saúde divulgado pela GRS de Ubá apontou que, entre os anos de 2018 e 2022, foram diagnosticados 83 casos novos de hanseníase.

Em 2021 houve um aumento significativo no registro de casos novos, que não se manteve no ano de 2022. Veja o boletim completo sobre os dados on-line

No ano passado, foram realizadas duas oficinas sobre “Avaliação Neurológica Simplificada (ANS) da pessoa acometida pela hanseníase e o grau de incapacidade física”, contemplando equipes de 11 municípios.

O objetivo foi dispor de profissionais habilitados no diagnóstico da hanseníase dentro das unidades de Saúde da Família, que façam a avaliação clínica do paciente e proporcionem um início mais rápido do tratamento, interrompendo a transmissão da doença e evitando a ocorrência de incapacidades e deformidades.

Antes, os pacientes com suspeita da doença eram encaminhados para o hospital da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais (Fhemig), em Ubá, o que aumentava o tempo e dificultava o diagnóstico oportuno.

“O olhar das equipes de Saúde que estão nos bairros é determinante no sucesso da detecção, pois, apesar de existir exame laboratorial que, em alguns casos, aponta a hanseníase, que é a baciloscopia, ele sozinho não possibilita fechar o caso. A impossibilidade de fechar o diagnóstico somente com o exame aumenta a importância da aplicação da avaliação clínica, que pode ser realizada pela enfermagem, conferindo mais agilidade ao processo”, explicou a referência técnica em hanseníase da GRS Ubá, Priscila Teixeira.

Estão previstas mais duas oficinas até março deste ano para capacitar os outros 20 municípios da sob jurisdição da GRS Ubá.

Visconde do Rio Branco

Após a primeira oficina realizada pela GRS de Ubá, a Secretaria Municipal de Saúde de Visconde do Rio Branco implantou, em agosto de 2023, o diagnóstico da hanseníase na Atenção Primária.

Segundo a Secretaria Estadual de Saúde (SES/MG), o fluxo estabelecido prevê a identificação de casos suspeitos pelos Agentes de Saúde, que encaminham para avaliação da enfermagem do Posto de Saúde da Família (PSF) e consulta médica, se necessária. Identificada a suspeita de hanseníase, o paciente é encaminhado para o Centro de Saúde Beira Rio, onde será aplicada a Avaliação Neurológica Simplificada e outros procedimentos confirmando ou não o caso.

A medicação é fornecida pelo SUS e as doses são supervisionadas pelas equipes de PSF, para prevenir o abandono do tratamento.

“Trabalhamos para sensibilizar nossos profissionais quanto à hanseníase, porque é uma doença silenciosa e, se não tratada a tempo, pode deixar sequelas graves. Nestes seis primeiros meses, foram 13 avaliações e seis diagnósticos confirmados, que estão tomando os medicamentos e em acompanhamento”, contou Cíntia Moreira, enfermeira referência técnica em Imunização e Hanseníase da Secretaria de Saúde de Visconde do Rio Branco.

Ela completou afirmando que metade desses pacientes haviam abandonado o tratamento por fatores diversos como não compreenderem bem o processo e questões sociais.

“O PSF conseguiu fazer esse resgate, impedindo assim que os quadros continuassem se agravando, sendo que hanseníase tem tratamento e cura”, finalizou Cíntia.
Janeiro Roxo

Neste mês, a campanha é realizada em todo país e tem o objetivo alertar para os principais sinais e sintomas da doença, como a diminuição de sensibilidade na pele, sensação de dormência e o aparecimento de manchas mais claras, vermelhas ou marrons, além de ressaltar sobre a importância do diagnóstico precoce e tratamento gratuito disponível no Sistema Único de Saúde (SUS).

Hanseníase

Sintomas - A hanseníase inicia-se, em geral, com manchas brancas, vermelhas ou marrons em qualquer parte do corpo, com alteração de sensibilidade à dor, ao tato, ao calor e ao frio. Podem aparecer também áreas dormentes, especialmente nas extremidades, como mãos, pernas, córneas, além de caroços, nódulos e entupimento nasal. Nesses casos, o paciente deve procurar uma unidade de saúde mais próxima para confirmar o diagnóstico. Se a hanseníase não for tratada, pode causar lesões severas e irreversíveis.

Tratamento - É feito por meio de comprimidos que são fornecidos gratuitamente nas unidades de saúde. Devem ser tomados diariamente até o término do tratamento, o que é muito importante para alcançar a cura. Vale ressaltar que, imediatamente após iniciar o tratamento, que dura entre 6 a 12 meses, mesmo os pacientes da forma contagiosa, cerca de 30% do total de doentes, já não há perigo de contágio para as pessoas com quem convivem. Os contatos domiciliares dos pacientes com hanseníase têm maior risco de desenvolver a doença, portanto, também devem ser examinados e orientados.

Juliana Vieira/SES-MG - Hanseníase Ubá

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