Quarta-feira, 26 de março de 2008, atualizada às 12h30
Gays, HSH e travestis ganham programa específico de combate à Aids
*Colaboração

A partir de agora o combate à Aids entre gays, homens que fazem sexo com homens (HSH) e travestis vai ter tratamento específico. A decisão é do governo federal que lançou na última terça-feira, 25 de março, o Plano Nacional de Enfrentamento da Epidemia da Aids e das Doenças Sexualmente Transmissíveis entre Gays, HSH e Travestis. O objetivo do Plano é combater os casos da doença entre jovens de 13 a 19 anos, faixa etária em que se concentra o maior número de infectados.
Para o presidente do Movimento Gay de Minas (MGM), Oswaldo Braga,
a iniciativa veio em boa hora porque os números epidemiológicos mostram a estabilidade
da Aids em um patamar muito elevado. "Não estamos conseguindo reduzir os números
da doença entre os gays, HSH e travestis nos últimos 18 anos"
, comenta. Em 1990,
o segmento representava, 40% da população infectada, em 2005, ainda eram 38% e Braga
acredita que essa estagnação se deve à falência das campanhas.
"Não adianta fazer uma campanha de prevenção à Aids colocando um casal hetero
namorado, esse apelo não chega ao público gay. As campanhas para a população em geral
não causam identificação com os gays. Temos que mudar a fórmula cartilha +
preservativo porque ela está desgastada"
, diz. Segundo O presidente do MGM, o
Plano de enfrentamento tem perspectiva de descobrir e desenvolver uma nova fórmula
de abordagem que cumpra seu papel de forma eficaz.
Braga afirma que ainda não tem uma campanha definida para Juiz de Fora, mas o
material específico para gays, HSH e travestis já foi lançado. Para ele, trata-se
de um material franco, claro e direto. O Plano de Enfrentamento prevê, também, o
combate à discriminação e ao estigma imposto aos gays. "Vai além do puro aspecto
da saúde e adentra o terreno da garantia de direitos. Quanto mais discriminados,
mais estaremos vulneráveis"
.
Ainda segundo o presidente, o grande desafio do programa será sensibilizar as "pontas
do processo". "Trazer a questão da Aids para o nível municipal pode gerar preconceitos
dos próprios gestores do processo, ou seja, das próprias prefeituras, por isso, o
plano tem que ser muito bem aplicado para produzir o efeito desejado"
.
Segundo o Ministério da Saúde, a incidência da doença entre gays, HSH e travestis é 11 vezes maior do que a população em geral. Cem mil cartazes e 500 mil folders com informações sobre a prevenção contra a Aids foram produzidos para serem distribuídos para organizações da sociedade civil e lugares freqüentados pelo público gay.
*Marinella Souza é estudante de Comunicação Social da UFJF