Mais de 600 pessoas aguardam por cirurgia de catarata  Doença é considerada a principal causa de cegueira reversível no mundo. Para especialista, dificuldade de tratamento está no acesso à rede pública de saúde

Melissa Ribeiro
Repórter
12/12/2009

Em Juiz de Fora, 620 pessoas aguardam pela cirurgia de catarata na rede pública de saúde. Os números se referem ao levantamento realizado em outubro pelo Departamento de Apoio Diagnóstico e Terapêutica da Secretaria de Saúde do município.

De acordo com a assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde, o procedimento é considerado cirurgia eletiva e depende de recurso repassado pelo Ministério da Saúde, através da Política Nacional de Procedimentos Cirúrgicos de Média Complexidade.

Ainda segundo a assessoria, a Prefeitura de Juiz de Fora enviou um projeto em setembro solicitando a liberação de recursos para atender a esta demanda reprimida. No entanto, a expectativa é de que a verba seja liberada somente no primeiro trimestre de 2010.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil possui 500 mil novos casos de catarata por ano, mas só trata a metade. Para o oftalmologista Ricardo Paletta Guedes, o problema está na dificuldade de acesso ao tratamento na rede pública de saúde e tem sido agravado pelo rápido envelhecimento da população brasileira.

Ele explica que a doença é um processo natural de envelhecimento do olho. "Nós temos uma lente transparente no olho, chamada cristalino, que é responsável pela focalização da imagem. A partir dos 60 anos, há um embaçamento progressivo dessa lente, que vai perdendo a transparência. A catarata acontece quando essa lente se torna embaçada e impede a absorção da luz que chega na retina, causando uma visão borrada."

Segundo Guedes, a cirurgia é o único tratamento para a doença. "Não existe colírio e nem remédio. A cirurgia é simples e consiste na substituição do cristalino por uma lente artificial. A pessoa volta a enxergar normalmente, desde que ela não tenha nenhum outro problema além da catarata."

Embora a incidência da catarata esteja relacionada ao envelhecimento, o oftalmologista ressalta que existem alguns fatores associados ao aparecimento precoce da doença, como o tabagismo, a exposição prolongada ao sol sem proteção adequada e fatores genéticos.

A catarata também pode se manifestar precocemente por causas congênitas - quando a criança já nasce com a catarata, fator que normalmente está associado a doenças durante a gravidez, como a rubéola. Pancadas fortes no olho e o uso prolongado de alguns medicamentos, como cortisona, são outros fatores possíveis.

Como prevenir

De acordo com Guedes, a principal prevenção da catarata está no diagnóstico precoce da doença. Para isso, ele recomenda a realização de exame periódico anual, mesmo que a pessoa não observe nenhum sintoma. "Quanto mais avançada a catarata, maior o risco de complicações associadas à cirurgia", explica.

Como o surgimento da catarata também está relacionado a doenças como diabetes, ao uso excessivo de álcool, ao tabagismo e ao colesterol alto, o cuidado com a saúde do corpo é essencial. Além disso, o médico indica o uso de óculos com filtro para radiação ultravioleta, quando a exposição ao sol for frequente ou prolongada.

Os textos são revisados por Madalena Fernandes