Pela exoneração do Conselheiro Abraão 

Nome do Colunista Matheus Brum 24/11/2017

Tive a oportunidade de conhecer o Abraão Fernandes nas marchas contra o impeach.... GOLPE, no ano passado, aqui em Juiz de Fora. Era uma época conflituosa da minha vida, onde ficava naquele paradoxo “jornalista pode expor publicamente sua opinião política?”. Para quem estava na reta final da faculdade, um passo errado podia significar o fim de uma carreira que ainda estava começando. Sem filiação partidária e começando a aceitar e compreender a ideologia progressista que tinha dentro de mim, fui para a rua exercer meu papel de cidadão brasileiro.

Em algumas vezes, após estes eventos, sentava com Abraão e mais alguns amigos para tomar uma cerveja e conversar sobre a conjuntura política e o que nos esperava para as eleições de 2016. Ao conhecer sua história, admirei o conselheiro tutelar, confesso. Uma pessoa humilde, que batalhou para poder crescer na vida e que propunha usar seu mandato para ajudar a melhorar a vida das crianças e adolescentes.

Pois bem, o tempo passou, a Dilma foi golpeada, as manifestações cessaram, e por compromissos profissionais e estudantis, me afastei dos companheiros de luta contra o (des)Governo Michel “Fora” Temer. Alguns meses depois, às vésperas das eleições municipais, em vários encontros realizados no QG de campanha da Deputada Margarida Salomão, voltei a ter informações sobre o Abraão. E a cada fala, história e fato contado, me surpreendia com o caminho tomado pelo conselheiro. Não que uma pessoa não possa mudar de ideologia ao longo da vida, mas a metamorfose de Abraão era surpreendente.

O último encontro que tive com ele, na época das eleições, foi na esquina das ruas Batista de Oliveira e Marechal Deodoro. Em uma conversa de aproximadamente 30 minutos, me contou que havia se desfiliado do Partido dos Trabalhadores (na verdade foi expulso por atos de homofobia), mas que oficialmente estava apoiando a candidata Margarida Salomão (a mesma que xinga pelas redes sociais). Disse ainda que havia se reunido com Noraldinho Júnior e Bruno Siqueira, para no caso de vitória de algum deles, conseguir algum benefício no governo. Por fim, falou de seu apoio ao então candidato a vereador Charlles Evangelista e de seu projeto para concorrer a uma vaga na Câmara Municipal em 2020. Inclusive, no bate-papo, pediu para que o ajudasse a construir sua imagem, com meus conhecimentos enquanto jornalista.

Cerca de um mês depois, estourou pela cidade as ocupações estudantis, e nele, nosso primeiro embate. Enquanto era contrário às manifestações dos secundaristas, eu apoiava e visitava cada uma das escolas ocupadas. Pelo Facebook, cancelou nossa amizade, ao ver que questionava suas ações enquanto conselheiro tutelar, na luta por colocar na ilegalidade a luta dos e das adolescentes juiz-foranas.

Nosso último embate aconteceu há um mês, quando entrou com um pedido no Ministério Público contra o vídeo institucional da UFJF no Colégio de Aplicação João XXIII. Estava na Câmara no momento em que saiu do plenário, carregando a bandeira do Brasil, como um mártir contemporâneo. Depois daquele momento, o jogo virou! Seu discurso de ódio foi compartilhado. Prints e áudios começaram a “pipocar” diariamente. A ameaça de um tombo e o fim da carreira política estavam próximos. Um inquérito policial foi aberto e ele foi afastado.

Enfim.... por que quis contar toda esta história? Para que não fique parecendo que a motivação do texto é pessoal ou uma intolerância a quem pensa diferente. Tenho minha posição político-partidária-ideológica e respeito todos que têm outras. Trabalho e tenho amigos com posturas e pensamentos contrários aos meus. No entanto, uma coisa é opinião, outra é preconceito. O que o Abraão protagonizou nas redes sociais é o puro discurso de ódio, que precisa ser combatido na nossa sociedade. O ato de injúria racial praticado contra uma estudante da UFJF vai de encontro ao trabalho dele como conselheiro tutelar.

Como uma pessoa que diz proteger as crianças e adolescentes pode atacar uma pessoa na forma mais covarde e preconceituosa que existe, através do racismo? Que exemplo ele quer ser para a futura sociedade juiz-forana, quando assume que é opressor? Que sociedade que ele deseja para nossas crianças, quando defende a morte por um pensamento diferente ao dele? Que moral cristã ele pode carregar, se defende o ódio e a violência, conceitos contrários ao líder religioso que segue?

Segundo a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, a função de um conselheiro tutelar “é zelar pelos direitos da criança e do adolescente, articulando, no âmbito municipal, o enfrentamento à negligência, à exploração sexual e à violência física e psicológica, entre outras violações”. Diante de tudo que foi exposto sobre o Abraão, alguém acredita que ele consegue desempenhar este papel?

Nesta semana, o Prefeito Bruno Siqueira proferiu novo decreto, afastando-o por mais 30 dias. Portanto, este prazo vai até o dia 22 de dezembro, quando a prefeitura já vai ter entrado em seu período de recesso, pelas festas de final de ano.

Por isso, peço encarecidamente que os movimentos sociais de Juiz de Fora não deixem a situação do Abraão terminar em pizza. Da mesma forma que peço para que a Secretaria de Desenvolvimento Social e a Prefeitura de Juiz de Fora, não deixem sem punição uma pessoa que comprovadamente atacou, insultou e foi preconceituosa com outras pessoas. Não é uma questão de ideologia, e sim de justiça. Não podemos ter uma pessoa como ele à frente de um órgão tão importante e respeitado como o Conselho Tutelar.

Que o alerta seja dado aos companheiros de luta e o bom senso prevaleça entre nossos governantes.

Em Carta Aberta enviada ao Portal ACESSA.com, o conselheiro se manifestou. Confira, abaixo, na integra.

"Sobre os recentes acontecimentos que foram noticiados na mídia local e causaram polêmica  em  redes  sociais,  envolvendo  meu  nome  e  referentes  às medidas  concretas  que  procurei  tomar  contra  a  propagação  da  conhecida ideologia de gênero para crianças de 06 anos no colégio João XXIII, vinculado à  UFJF.  "A  Ideologia  de  Gênero,  ou  melhor  dizendo,  a  Ideologia  da  Ausência e Sexo, é uma crença segundo a qual os dois sexos —masculino e feminino —são considerados  construções  culturais  e  sociais,  e  que  por  isso  os chamados “papéis de gênero” (que incluem a maternidade, na mulher), que decorrem das  diferenças  de  sexos  alegadamente  "construídas" —e  que  por isso, não existem —, são também "construções sociais e culturais". Por exercer atividade  de  conselheiro  tutelar  e  ter  obrigação  de  preocupar-me  com  a infância,  eu,  Abraão  Fernandes,  acredito  ter  o  imperativo  moral  de  agir  em situações  que  confrontam  e  escandalizam  a  minha  consciência,  a  minha formação  cristã  e  creio  que  o  senso  comum  das  pessoas  normais,  formadas em  princípios  cristãos.  E,  movido  por  minha  consciência,  minha  formação  e minha obrigação, escrevo essa carta  aberta, com a finalidade de exercer meu direito de defesa perante a opinião pública e a sociedade civil.

A sexualização da infância é algo perigoso, que causa repúdio e nojo na maioria das pessoas, em especial nesses tempos, quando a pedofilia torna -se um perigo muito evidente, a ponto de ser alvo de ações policiais e judiciais

Em 2016 tomei posse em Juiz de Fora como conselheiro Tutelar eleito, aos 22 anos de idade assumi o compromisso de defender direito de crianças e adolescentes.Desde então cumpro fielmente meu dever. Participei de diversas atividades, já atendi mais de 450 crianças e adolescentes que estavam em situação de violação de direito, vulnerabilidade social, expostas ao risco e à violência. Pelo trabalhado que desenvolvi de forma diferenciada, autentica e responsável recebi da câmara dos vereadores moção de aplauso onde elencaram que eu fazia jus ao recebimento devido aos excelentes serviços prestados à comunidade em defesa dos direitos das crianças.

Acontece que de forma sistemática, eu Abraão Fernandes, comecei a incomodar diversos grupos da esquerda e extrema esquerda tudo começou quando adolescentes invadiram escolas contra a PEC 55 do governo Federal e eu emiti ofício ao Ministério Publico da Vara da infância e da juventude e o MP abriu procedimento determinando que a escola fosse desocupada.

Como conselheiro Tutelar participei ativamente da luta pela aprovação do plano municipal de educação no sentido de que não fosse permitida a IDEOLOGIA DE GÊNERO nas escolas de nossa cidade. Após muita persistência conseguimos aprovar o plano em defesa da família tradicional e da moralidade.

Recentemente o colégio João XXIII fez uma atividade com uma Drag Queen com crianças de 06 anos de idade, e pra elas ele disse que não existem brinquedos de meninas ou de meninos, fazendo menção de forma subjetiva á ideologia de gênero, não hesitei e de forma prudente, fundamentada na lei solicitei ao MPF que abrisse investigação contra a escola. Porque entendo que aos pais é o direito de educar os filhos, como determina o art 22 do ECA.

Neste  momento,  buscam  a  imputar a  mim comportamento  homofóbico,  preconceituoso, racista, dentre outros, além de tentar atribuir  responsabilidade  administrativa,   àquele   que   tão   somente   buscava,   de   acordo   com   seu  entendimento,   proteger   os   vulneráveis   aos   quais   foi,   dentro   do   Esta do  Democrático   de   Direito,   legalmente   investido   no   cargo   para   tal   mister,  descontextualizando conversas de redes sociais, manipulando vídeos e mídias  com  o  único  e  exclusivo  objeto  de  deturpar  a  verdade  e  impedir  a  atuação  dentro da legalidade e legitimidade do conselheiro tutelar.

Quem apoia a ideologia de gênero são as mesmas que querem destruir os valores cristãos, familiares e luta contra aqueles que assim como eu, não abaixa a cabeça e tem coragem de dizer: deixem nossas crianças em paz. Eu confio em Deus e na sua justiça, confio na competência dos meus advogados quem estão cuidando da minha defesa a fim de provar minha inocência perante os homens,e só assim ficará nítida essa perseguição diabólica, injusta e covarde.

O homem  comum,  seja ele  no  sentido  liberal  europeu  ou  de  direita, respeita a liberdade de pensamento, culto e de preferências sexuais de todos  os  habitantes  do planeta,  não  sendo  homofóbico,  nem  machista  ou  racista,  porque  senão  não  seria  conservador,  seria  totalitário  ,  assim  como  Maduro  e  Hugo Chaves.

Ser  contra  a  IDEOLOGIA  DE  GÊNERO  nas  escolas  é  preservar  a  sanidade psicológica  das crianças, sobretudo porque não se podem prever os  maléficos efeitos e em qual dimensão viriam para cada  um, haja vista que tais  questões  são  as  que  mais  geram  perturbações  no  futuro  dos  adolescentes  e dos  adultos  que  são  submetidos  a  esta  espécie  de  tortura  ,  pela  falta  de  condição para pensar sobre tais temas. A criança assim, não se tornará livre e  madura no futuro. Tal, futuro adulto, ficará imerso em perturbações, por causa de  uma  fase,  a  infância, que  a  criança, simplesmente,  tem  que  ser  somente  criança e não ter aquela maturidade toda para escolher qualquer coisa. Certo é que  quem  educa  são  os  pais  ,  a  Escola  tem  apenas  a  função  de  ensinar  conteúdos e não doutrinar ou fazer a vez da família. A infância é,na realidade, as férias da alma.

Diante  dessa  situação,  à  qual  eu,  como  muitos  brasileiros,  reputam extrema  gravidade,  conclamo  às  pessoas  de  bem,  preocupadas  com  o  futuro de  seus  filhos,  aos  cristãos  e  líderes  religiosos,  a  todos  os  que  respeitam  a liberdade  de  expressão  e  de  opinião  e  a  liberdade  religiosa,  para  se  unirem nessa  luta,  onde  a  família  é  a  preocupação  principal  e  o  motor  de  toda expressão e ação. A ideologia de gênero não é uma ideia vaga, mas se revela  como  uma agenda  poderosa  que  agrada  a  setores  radicais  que  se  dizem progressistas, que têm voz na mídia e na academia. Permitir a sexualização de  nossas  crianças  pelos  caminhos  da  ideologia  de  gênero  é  permitir  levá-las  à  sexualização  precoce  e  facilitar  que  criaturas  ingênuas  e  indefesas  sejam presas fáceis para a pedofilia.

Aproveito  a  oportunidade  e agradeço  as  igrejas evangélicas  e  católicas que tem  prestando  apoio  e  solidariedade.  Continuarei  firme  na  defesa  dos direitos de nossas crianças e adolescentes".

Atualizada às 12h50, do dia 27/11/217.

Matheus Brum nascido e criado em Juiz de Fora, jornalista em formação pela Universidade Federal de Juiz de Fora, e, desde criança, apaixonado pelo Flamengo e por esportes. Atualmente é redator/editor do site Coluna do Flamengo, repórter esportivo da Rádio Catedral 102,3 FM e colunista da Rádio Muriaé. Já passou pela TV Alterosa, Programa Mosaico e Rádios CBN-JF e Cultura, Santos Dumont.

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