Ana Stuart Ana Stuart 1/4/2011

Substituição Emocional

IlustraçãoSomos programados para nos adaptarmos a situações novas.

O nosso inconsciente faz programações mais duradouras que o nosso consciente.

As situações que nos causam prazer, quando precisam ser abolidas, fazem com que nosso consciente prontamente entre em processo de luto pela perda daquele hábito, mas o nosso inconsciente não acompanha prontamente, ele precisa passar por um processo de superação, é quando necessitamos do processo terapêutico multidisciplinar.

Nestes casos, entra a substituição emocional, como, por exemplo, — no caso da compulsão alimentar — pessoas que necessitam mudar o hábito alimentar, elas, normalmente, conseguem manter o controle durante todo o dia, mas reclamam que, ao chegar em casa, à noite, perdem o controle, a chamada compulsão alimentar noturna. Neste caso, é de extrema importância a substituição emocional, perguntando para si mesmo "que hábito positivo será colocado para substituir esse hábito negativo?"

Vamos pensar juntos em algumas sugestões como: fazer caminhada sozinho ou com um acompanhante, passear com o cachorro, andar de bicicleta, uma boa leitura, assistir filmes em casa ou no cinema, bater papo, enfim, exercícios físicos que lhe agradem e outros hábitos saudáveis.

É importante lembrar que hábitos negativos e compulsivos passam pelo processo do chamado deslocamento. Este termo é utilizado nos casos de vícios.

Pessoas param de usar drogas e fazem o deslocamento para a bebida alcoólica, em outros casos, o jogador compulsivo desloca para as compras compulsivas ou vice-versa. Como o viciado em sexo desloca para o fumo do cigarro ou para o uso abusivo da coca-cola, e outros.

Quando me refiro à substituição emocional, quero dizer que não iremos deslocar nada e sim substituir uma sensação física de prazer e satisfação, que nos leva ao hábito negativo, para outro hábito de valor positivo, que necessita ser reforçado em nossas vidas.

Certamente haverá um processo de angústia causada pela abstinência, mas a boa notícia é que a substituição positiva acionará rapidamente o sistema de recompensa, através do enorme bem-estar físico, desencadeando, em nosso inconsciente, a superação tão necessária para que caminhem juntos o consciente e o inconsciente, mudando realmente o hábito negativo.

Por isto que, quando se fala em reeducação, é o mesmo que se falar em substituição emocional. A terapia medicamentosa muitas vezes é realmente necessária, isso dependerá da avaliação médica, mas se não houver necessidade, deve-se fazer o processo de substituição emocional, através da reeducação.

Estamos falando de hábitos, mas quando se trata da perda de pessoas queridas ou animais de estimação a substituição é muito mais difícil e dolorosa, afinal não nascemos para a solidão, embora muitas vezes tenhamos que conviver com ela. Mas nada nos impede, também, neste caso, de fazer a substituição emocional!


Ana Stuart
é psicóloga e terapeuta familiar