Período chuvoso aumenta possibilidades de doenças
Além de perdas materiais, as temporadas de chuvas podem causar vários problemas à população relacionados à saúde. Por isso, é preciso ficar atento. A coordenadora de Vigilância em Fatores de Riscos Não Biológicos da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES-MG), Michelle Souza Costa, explica que a ocorrência de chuvas, como as que acontecem nesse período do ano, pode aumentar os riscos de aparecimento de doenças como leptospirose, hepatites infecciosas, diarreias agudas, febre tifoide, dengue, chikungunya, zika, doenças dermatológicas e respiratórias infecciosas, e acidentes por animais peçonhentos.
“No período de chuvas há um aumento no volume de água dentro das canalizações e, com isso, aumenta a presença de agentes infecciosos que podem causar danos à saúde da população. Os cuidados são gerais, principalmente, com a água e os alimentos consumidos, bem como a higiene pessoal e do ambiente. O destino das fezes e do lixo, também devem ser redobrados neste período chuvoso, sobretudo em casos de enchentes e alagamentos, especialmente para quem utiliza água de reservatórios e poços artesianos”, alerta.
A coordenadora reforça que algumas ações podem ser utilizadas pela população e evitar a transmissão de doenças. “Como o período requer uma maior atenção, alguns cuidados são necessários, principalmente com a água. Filtrar e ferver a água evita doenças diarreicas, que podem causar desidratação grave, especialmente em crianças. A água usada para beber, para uso pessoal e para fazer comida deve ser tratada, antes do seu uso”, orienta.
Ao limpar locais atingidos por enxurradas e lamas, a coordenadora recomenda que as pessoas protejam o corpo. “Nessas situações a recomendação é o uso de sacos plásticos duplos nas mãos e pés, ou luvas e botas. Quando o contato da água for inevitável, a única forma de reduzir os riscos à saúde é permanecer o menor tempo possível o contato. E, em casos de febre, dores e amarelamento da pele, que podem representar ameaças à saúde, a recomendação é para procurar atendimento profissional em uma unidade de saúde e relatar sobre o contato com águas de enchente ou lama”, explicou.
Cuidados com alimentos
Durante o período, os cuidados com os alimentos também precisam ser redobrados. A presença de roedores, insetos e outros animais podem aumentar os riscos de contaminação. A diretora de Vigilância em Alimentos da SES-MG, Ângela Ferreira Vieira, orienta que os alimentos devem ser mantidos devidamente acondicionados em latas ou recipientes fechados, fora do alcance desses animais.
“Para os alimentos in natura (legumes, verduras, frutas, carnes, ovos, grãos, cereais, etc.) que tiveram contato com as águas de enchente devem ser inutilizados, pois sofrem transformações quando em contato com elas e se contaminam facilmente. No caso de alimentos enlatados, esses também devem ser descartados quando as latas estiverem amassadas, enferrujadas ou semiabertas”, explicou.
Animais peçonhentos
Mesmo podendo acontecer durante todo o ano, é com a chegada do período de calor e chuvas que aumentam a probabilidade para a ocorrência de acidentes com animais peçonhentos. Segundo a referência técnica de Acidentes por Animais Peçonhentos da SES-MG, Andreia Kelly Roberto Santos, é durante essa época, que animais como escorpião, cobras e aranhas procuram lugares secos para se abrigarem, podendo ser encontrados nas proximidades das casas, jardins e parques, tanto em áreas urbanas, quanto rurais.
“Os principais cuidados nesses casos são: observar atentamente a presença de animais peçonhentos dentro de casa; bater colchões antes de usá-los e sacudir cuidadosamente roupas, sapatos, toalhas e lençóis; utilizar luvas, botas e calças compridas ao limpar o interior e arredores da casa e, em caso de encontrar algum animal peçonhento, afaste-se lentamente, sem assustá-lo, e chame o Corpo de Bombeiros. Em caso de acidente, procure atendimento médico imediatamente na unidade de saúde mais próxima”, finalizou.
Doenças com maior incidência no período
Leptospirose - a ocorrência dos casos da doença tende a ser maior nos períodos de enchentes porque a enxurrada traz para os ambientes humanos a urina de roedores que estão nos esgotos e bueiros. Por isso, qualquer pessoa que entrar em contato com a água ou lama pode acabar infectada. Em 2019, em Minas Gerais, por exemplo, ocorreram 160 casos de leptospirose, com 17 mortes.
Hepatite A - a transmissão está relacionada diretamente às condições de saneamento básico e higiene pessoal. Normalmente transmitida por meio de alimentos mal lavados, também pode surgir com a ingestão acidental de água das chuvas contaminado. No ano passado, foram 40 casos notificados da doença.
Diarreia – a doença, se não for tratada adequadamente, pode evoluir para uma desidratação grave e até mesmo levar ao óbito. Em crianças menores de 5 anos, por exemplo, foram notificadas, em 2019, 23 mortes causadas pela doença.
Febre tifoide - é outra enfermidade que pode ter a incidência aumentada nesse período. Transmitida por bactéria, provoca febre alta, dores de cabeça, mal-estar geral, falta de apetite, retardamento do ritmo cardíaco, aumento do volume do baço, manchas rosadas no tronco, prisão de ventre ou diarreia e tosse seca. É transmitida pela ingestão de água ou de alimentos contaminados com fezes humanas ou com urina contendo a bactéria.
Chikungunya, Zika e Dengue - também tendem a aumentar nesse período. Isso porque, com a chegada da época do calor e do período chuvoso, aumenta a quantidade de água parada, facilitando a proliferação do vetor dessas doenças.
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