Rico em cacau, chocolate amargo faz bem à saúde, mas na dose certa

Estudos apontam que esta variedade possui substâncias com efeitos antioxidantes, anti-hipertensivos, anti-inflamatórios e antitrombóticos

Thiago Stephan
Repórter
31/3/2012
Chocolates

Boa notícia para os chocólatras. Estudos realizados em diversas partes do mundo vêm comprovando que o chocolate pode ser benéfico à saúde se comido na medida certa. Um artigo publicado no final do ano passado pelo Jornal Médico Britânico, por exemplo, confirmou que os chocolates são ricos em polifenóis, substâncias que possuem efeitos antioxidantes, anti-hipertensivos, anti-inflamatórios e antitrombóticos, dentre outros.

Mas esses benefícios são encontrados em traços muito pequenos no chocolate ao leite, o preferido dos brasileiro. Por isso, quem estiver preocupado com a saúde, a dica é consumir, nesta Páscoa, o chocolate amargo, mais rico em cacau. "O único chocolate que traz benefícios à saúde é o amargo. O chocolate ao leite não possui algumas substâncias antioxidantes em quantidade suficiente para proporcionar benefícios, como os cardiovasculares", explica o professor do Departamento de Nutrição da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), Renato Moreira.

Artigo publicado pelo Jornal Americano de Nutrição Clínica revelou, ainda, que após o consumo de 100 gramas de chocolate amargo por 15 dias, observou-se aumento de sensibilidade à insulina e diminuição da pressão arterial em pessoas saudáveis. O consumo do produto amargo ainda pode estar relacionado à diminuição do colesterol ruim.

Apesar de estudos comprovarem os benefícios do chocolate, Moreira acredita que os chocólatras não devem usar essas informações para justificar o consumo exagerado. "Alimentos não fazem nem mal e nem bem de forma isolada. Depende do quanto você come, do tipo de chocolate e se a pessoa possui alguma restrição alimentar", garante.

Segundo Moreira, 100 gramas de chocolate ao leite ou meio amargo tem, em média, 500 calorias. Ele destaca que o consumo médio diário de uma pessoa de 70 quilos deve ser de 2.500 calorias. "Se comer cinco barras de chocolate, já está esgotado o nível diário de calorias. Para os chocólatras, não é difícil comer uma caixa de bombom inteira. O consumo de 30 gramas a 40 gramas de chocolate amargo por dia é o adequado. Mais do que isso, é excesso", diz.

Chocolates Chocolates
Chocolate diet

O professor lembra que existem, no mercado, produtos voltados a pessoas com diabetes: o chocolate diet. Entretanto, ele afirma que, mesmo assim, essa parcela da população deve ficar atenta ao que está ingerindo. "O grande problema é que, mesmo sem o açúcar, esses produtos possuem grande quantidade de carboidratos, que precisa ser controlado na dieta. Outro agravante encontrado nos produtos diet é a grande quantidade de gordura hidrogenada, de má qualidade para o organismo", expôs.

Enganando o cérebro

Uma dica do professor Renato Moreira para quem não quer abrir mão do chocolate ao leite, mas também não deseja exagerar na dose, é tentar "enganar" o cérebro. "Uma técnica que os chocólatras usam é não morder o chocolate, deixando-o debaixo da língua até derreter. Com isso, as papilas gustativas ficam saturadas e enviam sinal para o cérebro como se a pessoa tivesse comido muito mais chocolate. A pessoa acaba 'enganando' o cérebro o comendo menos chocolate", orienta. Outra dica para os chocólatras: colocar o chocolate na geladeira, o que provoca o derretimento de forma mais lenta, prorrogando o tempo da sensação de prazer.

As características das variedades
Tipo de chocolate Características
Ao leite Tem menos cacau, possui substâncias benéficas ao organismo em pequena quantidade, apresenta gordura hidrogenada e é mais calórico.
Meio Amargo Possui de 35% a 50% de cacau. Tem menos gordura e menor valor calórico que o chocolate ao leite, mas possui mais carboidratos que o chocolate amargo. Apresenta substâncias benéficas ao organismo.
Amargo É composto por mais de 75% de cacau. Tem menos gordura, é menos calórico e é rico em polifenóis, substâncias comprovadamente com efeitos positivos para o organismo.

Fonte: Renato Moreira

Os textos são revisados por Mariana Benicá

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