O Dia Nacional do Teste do Pezinho, data que lembra o importante exame oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a todos os recém-nascidos, é comemorado com uma vitória: a lei que irá proporcionar estender o número de doenças e síndromes rastreadas pelo exame. Das atuais seis rastreadas pelo teste, o país vai chegar, gradativamente, a 50. O pediatra da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF), Carlos Alberto Zanini, ressaltou a importância da ampliação, esclarecendo que mais doenças poderão ser evitadas ou, pelo menos, mantidas sob controle.

Segundo o pediatra, a maioria dos problemas identificados geram comprometimentos neurológicos e de motricidade se não forem tratados. Zanini enfatiza a necessidade do diagnóstico precoce, alertando sobre o impacto futuro. “Há prejuízo para o paciente, a família e a sociedade. Um diagnóstico tardio pode significar lesão cerebral irreversível, afirma. O teste é de triagem e após resultado positivo, é encaminhado o pedido de exame detalhado para diagnosticar e iniciar o acompanhamento do bebê pelo SUS.

Por ano, nascem cerca de 3 milhões de bebês no Brasil e, atualmente, o teste do pezinho é capaz de rastrear síndromes falciformes, fibrose cística, fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito, hiperplasia adrenal congênita e deficiências de biotinidase. Zanini chama atenção também para os chamados erros inatos do metabolismo, relacionados ao açúcar, à gordura e aos aminoácidos no organismo, esclarecendo que podem causar transtornos de energia.

O teste é feito por meio de coleta de gotas de sangue dos pés dos recém-nascidos e tem caráter obrigatório. A coleta pode ser feita em laboratórios ou nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs). O ideal é que ocorra entre o terceiro e o quinto dia de vida. Em casos especiais, como o internamento da criança, é possível aguardar por até um mês. Zanini esclarece que o teste é uma triagem. Quando é identificado algum problema no teste, é colhido sangue venoso para confirmação do diagnóstico e, se necessário, é dado início ao acompanhamento médico.

Confira como será a ampliação

A ampliação para detecção de 50 doenças rastreadas pelo Teste do Pezinho chega em todo o país no ano que vem. Com a sanção da Lei 14.154, o exame passará a abranger 14 grupos de doenças, de forma escalonada, com prazos para cumprimento de cada etapa estabelecidos pelo Ministério da Saúde (MS). A lei entra em vigor um ano após a publicação, que ocorreu no dia 27 de maio de 2021.

Na primeira etapa está prevista a inclusão de doenças relacionadas ao excesso de fenilalanina, patologias relacionadas à hemoglobina e toxoplasmose congênita. A segunda será voltada para nível elevado de galactose no sangue, aminoacidopatias, distúrbio do ciclo de ureia e distúrbios de betaoxidação de ácidos graxos. Na terceira etapa serão incluídas doenças que afetam o funcionamento celular e na quarta problemas genéticos no sistema imunológico. A partir da quinta etapa será testada também a atrofia muscular espinhal.


São rastreadas atualmente pelo Teste do Pezinho

Fenilcetonúria - O acúmulo no aminoácido fenilalanina no cérebro pode causar danos graves. O controle é feito com dieta;

Hipotireoidismo Congênito - Causa lesão neurológica com atraso mental grave. É controlada com medicamentos;

Síndromes Falciformes - É acompanhada por hematologista;

Fibrose Cística - A doença compromete pulmão e pâncreas. A criança é submetida ao Teste do Suor para identificação da quantidade de sal no organismo. É tratada com medicamentos;

Hiperplasia Adrenal Congênita - Afeta o crescimento e o desenvolvimento da criança. Embora possa causar risco de vida, a maioria das pessoas com essa doença pode levar uma vida normal com o tratamento adequado . É controlada com medicamentos;

Deficiências de Biotinidase - A criança não consegue metabolizar a vitamina B7, o que causa dano cerebral. É tratada com medicamentos.

Com informações da PJF

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