Incidência de câncer de laringe é cinco vezes maior entre homensCinco homens para cada mulher apresentam a doença. Um dos principais fatores de risco é a associação do cigarro ao uso de bebida alcoólica

Aline Furtado
Repórter
31/10/2011
Foto de pessoa com dor de garganta

Com as notícias, desde a última semana, a respeito do diagnóstico de câncer de laringe do ex-presidente da República, Luís Inácio Lula da Silva, muitos brasileiros passaram a buscar informações sobre o órgão, localizado na região do pescoço, responsável por carregar o ar da respiração até o pulmão, produzir a voz e impedir que os alimentos entrem nas vias respiratórias.

O problema é mais comum entre os homens, atingindo cinco pessoas do sexo masculino para cada mulher. "O risco é ainda maior para quem fuma, já que os componentes do cigarro reduzem a proteção natural da mucosa, o que pode causar a multiplicação das células. O risco é 10% maior nesses casos", explica a médica otorrinolaringologista, Martha Alencar. Além disso, ela afirma que a bebida alcoólica também deve ser encarada como uma vilã. "Se o fumo estiver associado ao álcool, o risco aumenta ainda mais."

O câncer de laringe é considerado o mais comum entre os carcinomas que atingem a região da cabeça e do pescoço. De acordo com informações do Instituto Nacional de Câncer (Inca), a doença soma 25% do total de tumores malignos registrados na região. Além disso, a laringe é o local onde ocorrem 2% das doenças malignas. Do total de tumores malignos na laringe, dois terços têm início na corda vocal verdadeira e um terço começa na laringe supraglótica, ou seja, na área acima das cordas vocais.

Atenção aos sintomas

A médica destaca que as pessoas devem ficar atentas a alterações como dores de garganta, mudanças na voz, dificuldade de engolir, suspeita de caroço na região da garganta, dificuldade de respiração ou falta de ar, além de rouquidão constante sem que exista causa aparente. "Os sintomas são capazes de indicar a localização da lesão. A dor de garganta, por exemplo, sugere tumor supraglótico, enquanto a rouquidão supõe que o tumor sejaglótico ou subglótico, já que atinge as cordas vocais."

Martha explica que o câncer que lesiona a parte superior às cordas vocais costuma provocar, ainda, sintomas como alteração da qualidade da voz, dificuldade de engolir, além da sensação de caroço na garganta. Já os tumores que atingem as cordas vocais provocam, além da rouquidão, dores de garganta e dificuldades na respiração.

Tratamento

O tratamento varia conforme a localização e o estágio do tumor, que pode ser tratado por meio de radioterapia, quimioterapia, além das indicações cirúrgicas. No caso da laringectomia total, que consiste na retirada total da laringe, o paciente perde a voz fisiológica, quadro que pode ser revertido por meio de próteses fonatórias. "Por isso, alguns profissionais optam pela radioterapia, sendo a cirurgia indicada apenas em casos em que o tumor não é controlado."

Já a associação entre quimioterapia e radioterapia é indicada em casos em que o tumor está em estágio avançado. O somatório das terapias preserva os órgãos afetados." Ainda conforme a médica, o tratamento de cânceres que acometem a região da cabeça e do pescoço pode interferir, além da fala, na deglutição, trazendo, inclusive, problemas para os dentes.

Um dos exames iniciais quando há suspeita de câncer de laringe é a laringoscopia, ou seja, a endoscopia da laringe. "Quando diagnosticado na fase inicial, o tumor tem 90% de chances de cura. No estágio avançado, a cura pode ocorrer em menos de 20% dos casos."

Alimentação ajuda a prevenir

"Para ajudar a prevenir o câncer de laringe, é importante manter uma alimentação rica em proteínas, legumes, verduras e frutas ricas em vitaminas A, B2, C e E e sais minerais. Entre as proteínas, peixe e frango são fontes excelentes", afirma a médica. A dica inclui, ainda, evitar alimentos muito temperados, fritos ou gordurosos e líquidos muito quentes ou gelados.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken