Fatores de risco para o suicídio: como identificá-los e o que fazer
Falando de prevenção ao suicídio, é necessário saber identificar quais os comportamentos que denotam risco para o óbito. O reconhecimento desses fatores é fundamental e pode ajudar tanto profissionais de saúde como familiares e amigos a intervir precocemente e salvar vidas.
Entre as características que oferecem risco para o comportamento suicida, podemos dividi-las em modificáveis e não modificáveis. Esta separação se dá a partir do momento em que entendemos que existem fatores que podem ser alterados, enquanto outros são do histórico familiar ou de vida do paciente, não passíveis de modificação.
Fatores não modificáveis
Um dos principais fatores de risco estão no grupo dos não modificáveis: são eles a tentativa prévia de suicídio e a presença de transtorno psiquiátrico. Esta realidade aumenta em cinco a seis vezes as chances de tentar suicídio novamente. Estima-se que 50% daqueles que suicidaram já haviam tentado previamente.
Outros aspectos também são considerados fatores não modificáveis:
idade: jovens entre 15 e 30 anos e idosos;
gênero: homens suicidam três vezes mais que mulheres, mas elas tentam três vezes mais do que eles. Também há a presença de conflitos em torno da identidade sexual;
Doenças clínicas crônicas debilitantes;
Populações especiais: imigrantes, indígenas, alguns grupos étnicos;
Perdas recentes.
História familiar e genética: risco de suicídio aumenta entre aqueles com história familiar de suicídio ou de tentativa de suicídio;
Componentes genéticos e ambientais envolvidos: risco de suicídio aumenta entre aqueles que foram casados com alguém que se suicidou.
Eventos adversos na infância e na adolescência: maus tratos, abuso físico e sexual, pais divorciados, transtorno psiquiátrico familiar, etc;
Entre adolescentes, o suicídio de figuras proeminentes ou de indivíduo que o adolescente conheça pessoalmente.
Fatores modificáveis
Dentre os fatores que podem ser mudados e, com isso, ajudar a prevenir o suicídio, está a presença de transtorno psiquiátrico. Pesquisas apontam que 96,8% das pessoas que morreram por suicídio possuíam histórico de doença mental diagnosticada ou não, frequentemente não tratada ou tratada inadequadamente. Os mais comuns incluem depressão, transtorno bipolar, abuso/dependência de substâncias, transtornos de personalidade e esquizofrenia.
Entre os demais fatores que, se modificados, podem evitar o suicídio, estão:
Conflitos familiares, incerteza quanto à orientação sexual e falta de apoio social;
Sentimentos de desesperança, desespero, desamparo e impulsividade:
Impulsividade, principalmente entre jovens e adolescentes, figura como importante fator de risco. A combinação de impulsividade, desesperança e abuso de substâncias pode ser particularmente letal;
Viver sozinho: divorciados, viúvos ou que nunca se casaram; não ter filhos.
Desempregados com problemas financeiros ou trabalhadores não qualificados: maior risco nos três primeiros meses da mudança de situação financeira ou de desemprego;
Aposentados;
Moradores de rua;
Indivíduos com fácil acesso a meios letais.
Identificados os fatores, o que fazer?
Após identificados algum dos fatores acima, ou mais de um, é necessário prestar atenção ao indivíduo e suas posturas, tomadas de decisões e atitudes. Focando nos dois principais fatores de risco, doença mental e tentativa de suicídio prévia, se faz fundamental encaminhar o indivíduo para uma avaliação psiquiátrica.
Somente o médico psiquiatra poderá tratar adequadamente o transtorno psiquiátrico de base, possível fator para o comportamento suicida, além de investigar corretamente o histórico familiar e pessoal do paciente. Após esta etapa, com o tratamento da doença mental e cessação da ideação suicida, o indivíduo pode ter de volta a qualidade de vida.
Algumas das expressões que denotam o comportamento suicida são:
“Nada mais parece fazer sentido, há apenas uma dor tão pesada que carrego e que não consigo mais suportar...”
“Não aguento mais viver assim, eu gostaria de viver, mas não assim...”
“Não há mais nada que eu possa fazer, seria melhor morrer...”
“Parece simplesmente não existir nenhuma luz no fim do túnel...”
Se você conhece alguém que faça parte do grupo de risco, apresente alguns dos fatores de risco acima, e possui comportamentos autodestrutivos, incentive-o a buscar ajuda. Caso seja você a perceber esse comportamento em si, não hesite em passar por uma avaliação psiquiátrica, ela pode salvar vidas.
Associação Brasileira de Psiquiatria
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