Leon Cleveland 11/08/2015 Pokémortem: A Morte em Pokémon
Na semana passada vimos como Pokémon, na realidade, não é tão fofinho quanto parece. Baseado nisso (e em sugestões de alguns amigos), resolvi pensar em algo que parece não circundar tanto o mundo de Pokémon.
Morte.
O tema "morte" rende discussão para mais de quilômetros quando o assunto é a inserção desse mistério irrefutável nos games. Mas parece que esse fenômeno é muito raro, e mais mórbido que o comum em Pokémon. Já sabendo que os monstrinhos não morrem tomando a quantidade de porrada que eles tomam, a pergunta é: Pokémons realmente morrem? Excluindo casos nos games que você conhece história de alguns NPCs que perdem os Pokémons para a morte, só UM caso, de fato, é "mostrado". Então a resposta é: Sim. Pokémon morrem.
Vamos começar puxando pela sua memória, lá por volta de 1998, quando Pokémon Red e Blue tinham sido lançados no ocidente, quase em simultaneidade com o desenho da série. O protagonista (chamaremos de Red, para facilitar as coisas) durante o cruzeiro no S.S. Anne acaba por enfrentar seu maior rival, Gary. Repare que nessa batalha Gary usa SEIS Pokémons, um deles sendo um Raticate. Red vence Gary, pega seus pontos de experiência, sua graninha e sai marotíssimo da batalha e do navio. Quando você o reencontra na Cidade de Lavender (guarde este nome), Gary pergunta a Red se ele sabe ou não a sensação de ver um de seus Pokémons morrer. Adentrando no cemitério da cidade, você encontra Gary para uma batalha que diz: "Hey, RED! What brings you here? Your POKÉMON don't look dead. At least I can make them faint! Let's go, pal!", que traduzindo fica "Ei, RED! O que traz você aqui? Seus POKÉMONS não parecem mortos. Pelo menos eu posso fazê-los desmaiar! Vamos nessa, parceiro". E aí, para sua surpresa você vê que ele está lutando com um Pokémon a menos. Onde foi parar o Raticate? "Ah, tá naquele sistema de armazenamento mágico lá" Não. Como eu disse, ele está com 5, sendo que pode carregar até 6 com ele. E aí? Convencido?
Esse, como eu disse antes, é o único caso "escancarado" de morte em Pokémon. Eles morrem, é claro que morrem. Existem alguns cemitérios dedicados aos Pokés mortos espalhados nos múltiplos títulos da série. Mas por que então a morte não aparece com mais frequência na série?
É claro que o fator "público-alvo" entra em jogo aí. É um game para gente nova, infanto-juvenil. Mas a verdade é que isso não tem (tanto) a ver. É uma simples questão de gameplay, de desafio do jogo e de gêneros. Diferente de Monster Rancher ou Digimon (o primeiro só) onde o grande desafio é treinar e disciplinar um monstrinho para torna-lo forte e obediente antes que sua expectativa de vida se termine. Os games da série dos Monstrinhos de Bolso tem, por sua vez, como desafio montar a equipe mais poderosa e mais balanceada para, além de terminar a storyline do jogo, ser capaz de batalhar com seus amigos e perder o menor número de vezes o possível. Além disso, Pokémon não é um Simulador de Pet (PetSim) ou algo do gênero, Pokémon é um RPG com elementos de PetSim (Pokémon cruzam e tem fatores como "alegria/tristeza"), diferente dos outros supracitados, que são PetSim com elementos de RPG.
Então não é errado e nem precipitado concluir que Pokémon tem a morte como um elemento meramente decorativo e nada essencial para a série. Simples assim.
BÔNUS: Talvez pelo fato de Pokémon não ter a morte tão evidente, diversos creepypastas e historinhas de terror aparecem. Talvez a mais fantástica de todas seja a famosa "Pokémon Versão Terror Black". Assistam, por sua própria conta e risco, e borrai-vos.
Leon Cleveland é formado em Comunicação Social pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora. É fã de desenhos animados, mitologias, heavy metal, culinária, gastronomia, bacon e é completamente apaixonado por games. Tão apaixonado que sua Tese de Conclusão de Curso foi "O uso da Linguagem Cinematográfica nos Games". Já escreveu para várias publicações, analógicas e digitais, sobre o assunto e planeja se especializar na recente área de "Crítica de Videogames".