Segunda-feira, 20 de abril de 2020, atualizada às 9h15

Isolamento social em Juiz de Fora precisa aumentar em 50%, aponta estudo da UFJF

Da redação

Recente estudo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) aponta que a cidade pode ter todos os leitos de Unidade de Terapia Específica (UTI) próprios para o tratamento de Covid-19 ocupados por pacientes até a última semana de abril, caso a taxa de pessoas em isolamento social voluntário se mantenha e o número de leitos não seja incrementado nas próximas semanas.

Segundo a nova nota técnica emitida por pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Modelagem Computacional (PGMC), a cidade possui 37 leitos de UTI do SUS para o tratamento da doença causada de pelo novo coronavírus, número este confirmado pela secretaria de saúde da cidade. “A única forma de chegarmos ao início de maio não saturando o número de leitos é aumentar em 50% o isolamento social. Se mantivermos a condição atual ou afrouxar, provavelmente, antes do dia 1º de maio, a taxa de ocupação dos leitos de UTI para Covid-19 vai chegar a 100%, o que é algo perigoso”, afirma o pesquisador do PGMC, Marcelo Lobosco.

“Duas medidas devem ser tomadas em paralelo: tentar reduzir ainda mais esse contato entre a população com medidas de distanciamento social mais rigorosas e, ao mesmo tempo, aumentar o número de leitos. A boa notícia é que a secretaria de saúde da cidade já possui em curso estratégias para aumentar esse número de leitos de UTI direcionados para Covid-19”, sugere o também pesquisador do PGMC, Rodrigo Weber.

Por meio desses cálculos também foi possível perceber que o aumento do isolamento social pode ocasionar a diminuição do número de novos casos da doença, como explica o pesquisador do departamento de Ciência da Computação, Ruy Reis: “Quando fizemos as projeções de aumento do isolamento social, além de verificarmos que o sistema de saúde funcionaria de forma ideal por um tempo maior, percebemos que a curva de infectados na cidade diminui significativamente , a ponto de inverter a tendência de crescimento exponencial para uma de estabilização. Ou seja, podemos tender ao pico da curva de forma mais controlada caso o isolamento seja aumentado”.

              

Nesse caso, a diferença de casos confirmados da doença em relação a projeção mais pessimista – onde há a flexibilização do isolamento social – e a otimista é de 24 mil casos no Brasil, 1500 em Minas Gerais e 200 em Juiz de Fora para os próximos 15 dias. O mesmo ocorre com relação ao número de óbitos. Ainda segundo o estudo, medidas mais restritivas, caso implementadas, poderiam salvar cerca de mil pessoas no país nas próximas duas semanas.

Além de trazer projeções sobre a evolução da doença até o início do próximo mês, o levantamento mostra uma análise das projeções anteriores. A comparação entre os dados obtidos e as projeções da primeira nota técnica, emitida em 30 de março, constatam que os números estão dentro das faixas das previsões ou muito próximos, o que segundo os pesquisadores traz relevância e confiança às novas projeções.

Fizeram parte da elaboração da nota técnica os pesquisadores Ruy Reis, Bárbara Quintela, Joventino Campos, Johnny Gomes, Bernardo Rocha, Marcelo Lobosco e Rodrigo Weber.

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