Cresce a procura pela vida acad?mica

Por

Cresce a procura pela carreira acad?mica Bons sal?rios, alto n?mero de faculdades em JF e busca de uma oportunidade em um mercado muito concorrido, s?o os principais fatores para a tend?ncia

Fernanda Leonel
Rep?rter
08/02/2007

Que o mercado n?o est? para peixe, j? se sabe. Seja por uma experi?ncia pessoal ou pela hist?ria de um amigo que est? a procura de um emprego, todo mundo sempre tem uma hist?ria para contar (e provar) que arrumar um emprego n?o est? nada f?cil.

E nessa disputa pela "sobreviv?ncia" no mundo das carteiras assinadas, tem muita gente abandonando ou retardando o sonho da forma??o inicial para se dedicar ?s salas de aula. Os motivos s?o muitos e dependem da realidade e das oportunidades de trabalho que cada profiss?o oferece.

Mas, entre as exce?es e casos espec?ficos de escolha entre a teoria ou pr?tica, uma coisa parece certa para os analistas de mercado e consultores de RH: a procura pelas salas de aula aumentou significativamente nos ?ltimos anos.

"O que acontece ? que dar aula, nos ?ltimos tempos, se tornou mais uma oportunidade de se arrumar emprego e menos uma voca??o", analisa a psic?loga e consultora em Recursos Humanos, Aline Salles (foto abaixo). Para Aline, muitas vezes as pessoas acabam de se formar e pensam na doc?ncia como possibilidade de emprego. Mesmo que antes, durante a faculdade, n?o tenham nunca pensado, nem se preparado para isso.

De acordo com a psic?loga, as dificuldades em encontrar ou se estabilizar em um emprego - realidade do mercado atual - somada ?s propostas salariais da vida acad?mica s?o os principais fatores que mobilizam esse aumento da procura pelo velho e bom quadro negro.

"Em Juiz de Fora, por exemplo, a faculdade que paga melhor, paga aproximadamente R$ 30 por hora de aula. E qual o emprego hoje em dia se tira isso?", comenta Aline.

A consultora destaca que a grande quantidade de faculdades particulares na cidade acaba potencializando esse movimento, apesar de ela acreditar que o aumento pela procura da doc?ncia ainda ? maior que as oportunidades de que est?o sendo oferecidas.

"? bom ficar atenta aos pontos negativos tamb?m, para n?o gerar uma expectativa muito grande para quem est? escolhendo carreira ou pensando em dar um novo rumo na vida profissional", destaca Aline. Para ela, as pessoas tendem a olhar a quest?o salarial como ponto preponderante antes de dar aula, mas costumam se esquecer do que est? embutido nisso.

"Dar aula ? algo que exige muito do profissional. Ele tem que ter uma disponibilidade enorme para preparar suas aulas e tem um desgaste f?sico e de voz de propor?es que as pessoas n?o costumam imaginar", comenta Aline pontuando tamb?m que, no quesito financeiro, h? uma vari?vel muito importante que n?o deixa que o professor, muitas vezes, se planeje financeiramente: o n?mero de aulas que ele est? incumbido de dar.

Mudan?as de planos

A oportunidade de se transformar em um professor universit?rio e deixar de lado a profiss?o que se escolheu para exercer pode ser uma quest?o de oportunidade, o que, tamb?m n?o exclui a chance da nova ocupa??o se transformar em paix?o.

Fabr?cio Oliveira Ramos (foto), por exemplo, se formou um Biologia, mas nunca exerceu. Logo que saiu da faculdade foi direto para o Mestrado em Gen?tica e Melhoramento e, antes que acabasse de cumprir os cr?ditos para o t?tulo, acabou arrumando um emprego em uma faculdade.

Fabr?cio afirma que gosta da profiss?o que escolheu para fazer, mas que a dificuldade em se trabalhar na ?rea mudou o curso da sua vida. "Ainda se investe muito pouco em pesquisa no Brasil, por isso a oportunidade da grande maioria dos bi?logos v?o para na sala de aula", afirma.

Hoje, o bi?logo d? aulas para cursos como Enfermagem e Fisioterapia em uma faculdade particular e diz que n?o consegue abandonar mais o que o destino o "empurrou".

"Vim parar aqui por acaso mesmo, por causa do destino, do dinheiro que era bom. Mas hoje, apesar de estar at? tentando passar em um concurso para trabalhar na minha ?rea, n?o deixo mais o quadro negro e o giz, de jeito nenhum", brinca.