Chup chup gourmet: doce tradicional ganha novos sabores
*Colaboração
Sacolé, chup chup, geladinho, gelinho ou dindin. Os nomes são muitos, mas o doce é o mesmo: uma espécie de picolé caseiro de diversos sabores, servido num saquinho plástico e vendido tradicionalmente a crianças, geralmente em barraquinhas na porta da escola ou na casa de vizinhos.
Ou melhor: o doce era o mesmo até recentemente, quando experiências com sabores mais elaborados deram origem a empreendimentos inusitados, que têm feito sucesso entre o público infantil e adulto e trazido de volta, pouco a pouco, a tradição do chup chup. Foi o caso da empresária Letícia Paiva, que lançou no ano passado, o Chup Chup Lê Gourmet. "Minha avó fazia muito chup chup para fora, sempre fez parte da minha infância, e fazia um tempão que eu estava procurando para comprar e não encontrava", relembra. "Um dia, decidi fazer em casa e tive a ideia: 'por que não sofisticar e voltar com algo que fez a minha geração tão feliz?'".
Letícia conta que deu início ao projeto com os sabores mais sofisticados e expandiu o cardápio por demanda dos clientes. "Comecei com sabores mais diferentes, como Nutella, paçoca, Ninho com Nutella... depois, devido à demanda, tive que incluir os sabores tradicionais", justifica. "Muita gente me pedia os de fruta, alguns sem leite... acabei diversificando, hoje tem de doce de leite, Romeu e Julieta, esses bem mineiros".
Após investir numa bicicleta estilizada e na divulgação online e boca a boca, a ex-representante de vendas conseguiu largar o emprego em novembro e se dedicar exclusivamente à venda de chup chups; hoje, a frota já conta com três bikes. "Eu não tinha condição de montar um food truck. Estudei, pesquisei bastante, e percebi uma cultura de inovação do jeito que eu queria", explica. "Acho que detalhes como a bicicleta, uma etiqueta, um lacinho, tudo isso contribui para conquistar o cliente pelo olhar. Depois, a pessoa experimenta, gosta, e eu fidelizo pelo sabor", afirma a empresária.
'Gourmetização'
Na opinião do chef Leandro Monteiro, o processo de gourmetização do sacolé revive uma tradição infantil. "O sacolé fez parte da infância da maioria das pessoas que nasceram nas décadas de 70, 80, e 90", explica. "Não havia tantas sorveterias na época, e foi uma forma que as mães encontraram de incentivar seus filhos a consumirem frutas e se hidratar, principalmente no verão". Ele ressalta que esta redescoberta de doces como o sacolé dá origem a diversos produtos gastronômicos. "Há mais ou menos uma década, com o boom da gastronomia, as pessoas começaram a ficar mais críticas e gourmetizar os alimentos, e o sacolé faz parte desse mundo. Hoje em dia, além de sabores como Oreo e Nutella, você tem uma linha fit, sem adição de açúcar, e até chup chup de suco verde. Estão surgindo várias receitas maravilhosas e de qualidade, e um produto de qualidade é sempre bem-vindo no mercado", declara o chef.
*Bruno Caniato é estudante de Jornalismo da UFJF
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