Vacina contra a catapora ainda precisa ser paga

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Vacina contra a catapora ainda precisa ser pagaComo as imunizações não são disponibilizadas gratuitamente pelo SUS, quem quiser ficar imune à doença precisa desembolsar entre R$ 190 e R$ 200 por dose

Clecius Campos
Repórter
9/10/2010

Mesmo com registro de 19.827 casos de catapora e quatro mortes em Minas Gerais — estado com maior incidência da varicela no Brasil — a vacinação contra o vírus varicela zóster continua sendo de responsabilidade de cada pessoa, que precisa pagar por ela. A imunização não consta no calendário de vacinas disponibilizadas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e, dessa forma, quem não quiser ficar doente, precisa evitar contato com pessoas contaminadas ou procurar clínicas particulares. Em Juiz de Fora, cada dose da vacina custa entre R$ 190 e R$ 200.

A Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES) informa que a introdução de qualquer vacina no calendário de vacinação está condicionada a alguns fatores, tais como estudo epidemiológico da doença no país, ao custo benefício da vacina e a disponibilidade no mercado mundial. Além disso, a chegada das doses ao país depende de acordo de cooperação técnica entre o laboratório nacional que recebe a tecnologia de produção da vacina e o laboratório internacional que repassa a tecnologia.

Enquanto a imunização não é disponibilizada a toda a população, doses são direcionadas apenas a profissionais da saúde, pessoas e familiares suscetíveis à doença e imunocompetentes que estejam em convívio domiciliar ou hospitalar com pacientes imunodeprimidos, candidatos a transplante de órgãos — até pelo menos três semanas antes do ato cirúrgico —, crianças imunodeprimidas e as que têm cardiopatias, diabetes e doenças pulmonares crônicas. Essas pessoas devem procurar o Centro de Referência em Imunobiológicos Especiais (Crie), na Santa Casa de Misericórdia. As doses são disponibilizadas por meio do Programa Nacional de Imunização (PNI).

Doença é comum na infância e grave na idade adulta

A varicela é uma das doenças mais comuns durante a infância. Por essa razão, é recomendado que crianças a partir de um ano de idade sejam imunizadas. Uma nova dose deverá ser aplicada em crianças após três anos. Em adultos, a catapora também é comum. De acordo com o infectologista membro da Sociedade Brasileira de Imunizações (Sbim), Mário Novaes, a doença pode ser mais grave a partir da adolescência. "O sistema imunológico do adulto é menos eficiente que o da criança para combater a catapora. Dessa forma, a doença fica mais grave após a adolescência."

As lesões cutâneas e a febre são os sintomas mais comuns. No entanto, as complicações causadas pela doença são mais preocupantes. "As lesões podem atingir o fígado, o baço e até o sistema nervoso central, que é o caso mais sério. Além disso, a doença abaixa a imunidade do paciente e, associada a outras patologias, como a pneumonia, pode gerar complicações graves."

Com transmissão oral, por meio de secreções respiratórias e da saliva, a catapora é considerada altamente contagiosa. O vírus pode ser transmitido também se houver contato com a secreção das pápulas que aparecem predominantemente na cabeça e no tronco. A vacinação é a melhor forma de se manter protegido. Segundo Novaes, a dose é feita do vírus vivo atenuado, que entra no organismo e produz uma infecção semelhante à da doença, porém sem os sintomas clínicos. "A partir daí o organismo produz os anticorpos."

Qualquer pessoa acima de um ano de idade pode ser vacinada contra a varicela. Crianças devem ser vacinadas imediatamente. O indivíduo que teve contato com uma pessoa contaminada, tem até cinco dias para se vacinar e combater a doença. Adultos também precisam tomar duas doses. A segunda deve ser administrada três meses após a primeira.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken