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Artigo |  |
30/11/2001
Seios fartos e rijos: esta ? a imagem da beleza feminina, exibida na m?dia e
cobi?ada por vaidosas mulheres. Para ter um corpo de "deusa", muitas est?o
partindo para a cirurgia pl?stica. Nesses tempos do reinado do silicone, em
que vem sendo dada maior ?nfase aos seios enquanto objeto de sensualidade e
sexualidade, pode ser dif?cil para algumas mulheres a quest?o da
amamenta??o. O processo de aleitamento pode, na maioria dos casos, trazer consigo o fantasma da modifica??o do seio e a mudan?a de foco desse objeto de desejo que passa a ter, tamb?m, uma outra fun??o que ? a de alimenta??o da prole.
Entretanto, tal procedimento ? muito importante para o desenvolvimento saud?vel do beb? n?o somente no plano f?sico, mas tamb?m no psicol?gico. E ? em nome desse fato que os aspectos est?ticos s?o deixados para segundo plano. J? que, de acordo com o pensamento da escritora Margaret S. Mahler, a depend?ncia da m?e com rela??o ao beb? ? parcial, permeando somente o campo emocional, e que a dele com rela??o ? m?e ? total, inserida tamb?m no plano f?sico, muitos cuidados precisam ser tomados.
Desta maneira ? importante que a m?e esteja atenta para alguns fatores. Sua
forma de agir no per?odo da amamenta??o ? fundamental. ? preciso que volte
toda sua aten??o para o ato, percebendo as condi?es do filho nesse momento
e ser dispon?vel para a crian?a. Ao iniciar o processo de amamenta??o, algumas crian?as costumam sentir
c?licas ou mesmo ter diarr?ia, o que as deixam visivelmente irritadas e
algumas m?es, desesperadas. Quando isso acontece, a m?e pode fantasiar,
devido ao mal-estar do beb?, que o seu leite n?o ? bom para a crian?a e,
assim, pensa em suspender esse alimento. O fato ? que o leite materno n?o
faz mal, mas ? interessante que se investigue as reais causas do mal-estar
da crian?a.
Dois fatores podem ser consider?veis quando isso ocorre. Primeiramente, seria a adapta??o do aparelho digestivo da crian?a ? condi??o de lactente, j? que at? ent?o suas necessidades eram diretamente supridas no ?tero da m?e. O outro fator, diz respeito ? forma como o ato de amamentar ? realizado. O beb? precisa encontrar-se em um ambiente de serenidade, sem muitos est?mulos externos, bem adaptado e confort?vel ao colo. ? bom que se observe se ele engole ar ao sugar o seio, se suga bem, entre outros cuidados. As necessidades fisiol?gicas b?sicas precisam ser satisfeitas e um clima afetivo favor?vel precisa ser estabelecido.
? importante que a m?e fa?a com que o beb? a olhe no rosto, que ela cante
para ele enquanto lhe d? o peito ou mesmo a mamadeira. Isso pode
caracterizar a "primeira imagem visual do beb? que faz surgir o sorriso
social n?o espec?fico, in?cio da atividade social perceptiva e emocional do
ser humano." (Margaret Mahler)
Aquisi?es psicol?gicas gradativas do pequeno ser est?o intimamente relacionadas com o comportamento suficientemente adequado de segurar, alimentar, ou seja, os cuidados dispensados pela m?e. Mesmo quando a m?e n?o tem condi?es de produzir o leite ? interessante que ela d? a mamadeira corretamente, sustentando a crian?a com firmeza, sorrindo e conversando com ela. A crian?a capta perfeitamente, ? sua maneira, o estado emocional e afetivo da m?e, sua inseguran?a, sua ansiedade, seu medo, suas expectativas e tudo isso influencia consideravelmente o desempenho e desenvolvimento do beb?.
Ainda de acordo com Mahler, o ego ainda rudimentar do rec?m-nascido e do beb? ainda pequeno tem que ser complementado pelo v?nculo emocional do cuidado materno, uma esp?cie de simbiose social. ? dentro desta matriz de depend?ncia psicol?gica e sociobiol?gica da m?e que se d? a diferencia??o estrutural que vai levar ? organiza??o do indiv?duo: o ego em funcionamento, visando a sua adapta??o na vida.
Denise Mendon?a de Melo
? psic?loga, formada pelo
Centro de Ensino Superior
de Juiz de Fora.
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