Amizade virtual Jovens mergulham no universo online e passam horas
conversando com amigos virtuais

Daniele Gruppi
Rep?rter
03/04/2008

Ir ao cinema, ao shopping, tomar sorvetes, lanchar em rede de fast food, seria um programa que certamente poderia se encaixar na agenda dos jovens, se n?o fosse a internet. Atualmente, eles preferem ficar em frente ao computador, se divertindo com os jogos online ou fazendo amizades virtuais. Programas e sites de comunica??o online s?o capazes de promover a conversa entre milhares de pessoas conhecidas ou n?o e prend?-las por horas naquele universo.

A designer e produtora gr?fica Priscila Machado (foto abaixo) tem acesso contante a esses programas e revela que conheceu duas das suas melhores amigas pela internet. "Deve ter uns oito ou nove anos que lido com sites de bate-papo. Acho que nele h? maior facilidade de conhecer pessoas novas e at? de nos comunicar. Podemos conversar sobre tudo e acabamos criando uma intimidade muito r?pida com pessoas quem nem sabemos quem s?o realmente".

Foto Priscila Machado Segundo ela, o contato inicia do nada. "Voc? come?a a falar com a pessoa, nota que t?m muitas coisas em comum e acaba criando oportunidade de estreitar o relacionamento". Priscila conta que sempre h? a curiosidade de conhecer pessoalmente, ainda mais quando percebe que existe identifica??o. "J? namorei homens que conheci pela internet e grande parte das minhas amizades foram feitas atrav?s da rede, revela.

A webdesigner possui cadastradas, em uma de suas lista de amigos, 423 pessoas e em outra, 300. "Uns eu conhe?o, outros nunca vi. Hoje em dia nem uso mais celular. Os programas, os e-mails facilitam qualquer contato".

O estudante Diego Michael Dias (foto abaixo) tamb?m demonstra ter bastante intimidade no assunto internet. Se ele possui amigos virtuais? A resposta vem r?pida: "Tenho muitos. Converso bastante mesmo, mas atualmente preservo contato apenas com dez amigas".

Foto Diego Dias Ele j? viajou para Bras?lia para conhecer uma amiga virtual. "Rolou at? uma coisa diferente, mas continuamos amigos. Falo com ela, praticamente, todos os dias. Minha ex-namorada tinha ci?mes, mas n?o tem nada a ver, a quest?o ? que a menina me entende e me ajuda a resolver meus problemas".

Para ele as amizades online s?o mais sinceras. "Acho minhas amigas virtuais mais sinceras do que as reais, porque nem rola tanto interesse". Diego tinha o h?bito de adicionar qualquer pessoa, entretanto, parou com essa atitude. "Estava uma bagun?a. Eu j? n?o estava conhecendo mais ningu?m. Tinha que perguntar quem era toda hora e fica chato fazer isso. Agora, s? adiciono quem conhe?o".

Vis?o de especialistas

Segundo a psic?loga Maria da Consola??o Chaves de Souza (foto), ? comum as pessoas que possuem uma estrutura de personalidade introvertida, caracterizada por inibi??o, repress?o e cautela, buscar o relacionamento via internet. "Estes jovens por serem inseguros no relacionamento afetivo social, sentem -se bem comunicando-se ? dist?ncia".

Foto Consola??o Para ela, as vantagens dos relacionamentos virtuais s?o as conquistas de amizades e a troca de conhecimentos quando estes s?o educativos, saud?veis e informativos. "J? as desvantagens ocorrem, principalmente, na pr?-adolesc?ncia e adolesc?ncia quando h? falta de limites e quando as tarefas escolares s?o deixadas de lados para conversar com os amigos virtuais".

Outro fato apontado ? a imagem ilus?ria que se faz da pessoa. "O fato de n?o conhecer pessoalmente as pessoas faz com que se imagine como elas s?o. Ficam sujeitos a um envolvimento emocional muito intenso e perigoso. O fato de n?o ter relacionamento frente a frente e uma conviv?ncia madura pode levar a estes amigos a uma decep??o quando passam a ter contato pessoalmente".

A psicanalista Tissiana Camargo de G?uvea afirma que somente o sujeito envolvido na situa??o pode avaliar se aquilo ? bom para ele. "? preciso tentar entender o que leva o jovem a se dedicar tanto tempo ao mundo virtual. Alguns excedem, mas cada caso ? um caso, deve-se analisar a rela??o que ? estabelecida nesse universo e na realidade, pois ? nesta que se vive".