Leon Cleveland Leon Cleveland  25/07/2015

Por que Minecraft é um fenômeno?

Olá leitores! Andei um pouco sumido, não é verdade? Alguns percalços da vida pessoal me fizeram ter que dar uma paradinha, mas não temam, fieis desbravadores deste Planeta Videogame, seu intrépido guia está de volta!

Ao longo da jovem vida do Planeta Videogame, tivemos vários games que marcaram sua geração (aliás, falamos brevemente disso no eview de The Witcher 3, adquirindo o status de ícone de sua geração. Mas existe uma “casta” superior, que é sair do meio gamer e ascender ao posto de ícone da cultura pop(ular) em geral. Alguns games mais antigos como Pac-Man e Mario atingiram esse patamar elevado, por exemplo.

E quem é o grande ícone desta geração mais recente? Senhoras e senhores, conheçam Minecraft.

Minecraft é um game sandbox, ou seja, um game de Mundo Aberto (não há delimitações de “fase” ou coisa assim) gerado aleatoriamente ou não. O game em questão possui um estilo quadradão, propositalmente retrô, totalmente cheio de blocos que podem ser interagidos. Como o jogo não tem um objetivo claro e direto, você tem apenas de sobreviver. Sim, isso mesmo, sobreviver.

Parece chato? Confesso que, particularmente, acho um pouco chato. Mas deixa eu contar para vocês: Minecraft é um dos games mais vendidos e populares do mundo, sem discussão. Só conferir aqui, ó: https://minecraft.net/stats. São quase 21 MILHÕES de cópias vendidas (digitais) no PC. Isso sem contar para todas as outras plataformas, como PS3, PS4, Vita, Xbox 360, Xbox One, iOS e Android, se somarmos isso tudo chegamos a marca 70 milhões de cópias. SETENTA MILHÕES DE CÓPIAS.

O que faz um jogo, aparentemente chato e sem objetivo, ser tão, tão legal?

Anotem essa palavra: P-O-S-S-I-B-I-L-I-D-A-D-E-S. Possibilidades, internautas. Sim.

Lembra-se de quando você brincava com bonecos/bonecas? As possibilidades eram infinitas. Você podia brincar do que quisesse com aquele brinquedo, inventava uma história completamente única, interagia com o ambiente como bem queria, delimitava as regras como bem entendia e, ao cair da noite, você parava (ou não: eu pessoalmente falava que à noite meus bonecos iam dormir porque o dia seguinte teriam batalhas perigosas). Aí, o dia raiava e dá-lhe boneco novamente... Outro exemplo e que, talvez, seja muito mais preciso é o Lego (ou até mesmo Playmobil). Você tinha blocos/sets de brinquedos e montava o que quisesse e brincava do que quisesse.

E Minecraft é exatamente isso: possibilidades infinitas. Não só pelo aspecto sobrevivência e pela narrativa livre. O game permite que você, através dos blocos (terra, pedra, madeira, etc), construa – literalmente – o que você quiser. Some isso à possibilidade de modificação (no PC) e você tem uma soma de dois infinitos.

Outro fator que contribuiu muito para o sucesso do Minecraft foi o YouTube. Existem milhares de canais no site fazendo vídeos das mais variadas estirpes: do mais simples e puro gameplay, aos tutoriais e walkthroughs (os antigos detonados).

E porque isso é tão incompreensível? Simples: somos adultos. Pedindo desculpas pelo ar romântico da próxima frase, quando crescemos, perdemos boa parte da magia da criatividade. Prendemos nossa caixola numa jaula e não nos permitimos devaneios. Queremos, seja por falta de tempo, seja por falta de vontade, as coisas praticamente encaminhadas. Não queremos imaginar a história: queremos ela ali, pronta. Não queremos, talvez por falta de paciência, construir um abrigado do personagem: Queremos aquilo pronto.

Confesso que, como um jogador ávido de RPG de mesa, sinto falta dessa abertura que Minecraft nos dá. Poder nos projetar, tanto personagem e cenário, e criarmos nossa própria história...


Leon Cleveland é formado em Comunicação Social pelo Centro de Ensino Superior de Juiz de Fora. É fã de desenhos animados, mitologias, heavy metal, culinária, gastronomia, bacon e é completamente apaixonado por games. Tão apaixonado que sua Tese de Conclusão de Curso foi "O uso da Linguagem Cinematográfica nos Games". Já escreveu para várias publicações, analógicas e digitais, sobre o assunto e planeja se especializar na recente área de "Crítica de Videogames".

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