Pokémon Go: app gera movimentação e estimula comércio no Parque Halfeld

Jogo foi lançado no Brasil na semana passada; vendas no local aumentam e usuários destacam novas amizades

Bruno Caniato
*Colaboração
11/08/2016

Desde a semana passada, quem passa pelo Parque Halfeld, no Centro de Juiz de Fora, no final da tarde, pode observar um cenário inusitado. Dezenas de pessoas, a maioria jovens estudantes, transitam em zigue-zague pelo coração da cidade, apontando celulares em todas as direções e comemorando, em êxtase, com os amigos. Trata-se do aplicativo que virou febre mundial e atingiu 100 milhões de downloads em menos de 40 dias após seu lançamento: Pokémon Go, o jogo que propícia ao usuário a experiência de capturar e treinar Pokémons em qualquer lugar do planeta.

Lançado no Brasil no dia 03 de agosto, o jogo requer que os usuários (“treinadores” ou “mestres”) se desloquem pela cidade à procura de Pokémons, tendo como referência na tela do celular um mapa gerado por GPS. O Parque Halfeld, por exemplo, transformou-se num verdadeiro centro de encontro para os treinadores e gerando intensa movimentação, até mesmo nos domingos.

O estudante Iago Roux, 22, é um dos entusiastas do Pokémon Go que frequenta o local. “Comecei a jogar no dia em que saiu”, relata. “Na segunda-feira, cheguei aqui por volta das 13h30 e fui embora depois das 22h”. Ele conta que começou recentemente a batalhar pela liderança dos ginásios – locais específicos onde os jogadores enfrentam Pokémons de alto nível em busca do título. Acompanhado do também estudante Carlos Miné, 21, Iago observa a facilidade de conhecer novas pessoas através do jogo. “Nunca fiz tanta amizade em tão pouco tempo, nem em porta de balada”, brinca. “Conheci o Carlos ontem, hoje a gente marcou e já estamos aqui jogando há três horas”.

Comércio

A intensificação do fluxo de pessoas no Parque Halfeld em horários antes desertos fortalece o comércio local. O balconista Rodolfo de Paula, 33, trabalha em uma sorveteria no parque e já percebeu o aumento das vendas. “Estamos vendendo em média seis vezes mais do que o normal dessa época”, relata. “Domingo foi o dia mais cheio. Fiquei aqui de 9h30 às 18h30 e devem ter passado umas mil pessoas por aqui, não dava nem para andar direito”.

Jane Florentino, funcionária de outra sorveteria no local, explica que o estabelecimento começou a alugar tomadas para que os jogadores recarreguem seus celulares. “No sábado, veio tanta gente pedindo para usar as tomadas que começamos a cobrar”, conta. “O comércio aqui melhorou muito, o movimento triplicou desde sexta-feira [5]."

A concentração de treinadores também abriu espaço para iniciativas independentes. O casal de estudantes Lucas Carrilho, 21, e Laís de Godoi, 19 (foto ao lado), aproveitou a oportunidade para vender cupcakes em formato de pokébolas (o item mais comum do jogo). A ideia surgiu após ambos passarem um final de semana jogando no local e observarem a demanda do comércio. “Viemos no sábado e no domingo e estava muito cheio, e reparamos que não tinha nada aberto para o pessoal comer, só barraquinha de sorvete e pipoca”, explica Laís. “Minha mãe já fazia cupcakes, e resolvemos aproveitar para criar algo diferente”. A previsão, segundo Lucas, é aumentar as vendas no final de semana. “Começamos a vender hoje, trouxemos cerca de 20 só para testar. Vendemos tudo rapidinho, antes mesmo do horário mais movimentado”, comemora.

Socialização

Lucas é também criador de um grupo local sobre Pokémon Go no Facebook. A oportunidade de encontrar e interagir com outros treinadores é uma característica ressaltada por diversos usuários. “Criei o grupo antes do lançamento do jogo. Tinha uns 200 membros e agora já tem 700”, explica. “Muita gente que que tinha dificuldade de interagir com as pessoas hoje está aqui, socializando.” Por todas as partes, pode-se encontrar grupos de jogadores recém conhecidos conversando e rindo como velhos amigos. Não há competição direta entre os usuários pela captura de Pokémons; as criaturas aparecem universalmente no mapa e podem ser capturadas por todos. “Acho que nada uniu tanto as pessoas da nossa geração como esse jogo”, comenta o estudante Luis Serrato, 19. “Você encontra um público mais nerd, outros que são mais baladeiros, todos interagindo e jogando juntos”.

Na opinião do estudante universitário Yuri Toledo, 20, a cooperação entre os jogadores é um elemento importante para a socialização entre eles. “Você vê um treinador novato, que ainda não sabe jogar, e de repente chegam jogadores mais experientes e o ajuda”, comenta. Para ele, a expansão do número de jogadores também contribuí para a melhoria da segurança na área. “Passei por aqui essa semana umas 22h e estava lotado. Isso faz com que as pessoas se sintam mais seguras. Antes, era difícil frequentar o Parque Halfeld num dia qualquer à noite, ainda mais com o celular visível o tempo todo. Hoje, isso já é possível”, ressalta.

Bruno Caniato é estudante do 9º período de Jornalismo da UFJF

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