Sites pessoais podem influenciar na hora da contrata??o Algumas empresas est?o usando o perfil que os candidatos colocam na internet como crit?rio de sele??o. Em Juiz de Fora, a pr?tica ainda n?o ? muito comum

Marinella Souza
*Colabora??o
10/11/2008

Quando fez sua conta em uma p?gina de relacionamento na internet, a estudante Gabriela Corr?a procurou entrar em comunidades que fossem mais parecidas com ela, que correspondessem ? sua personalidade. Ao todo ela possui 200 comunidades que revelam suas aptid?es e gostos pessoais.

Gabriela garante que ? sincera na hora de escolher as suas comunidades e n?o se preocupa em criar uma falsa identidade na internet visando um poss?vel emprego no futuro. Aos 21 anos e faltando pouco mais de um para se formar, a mo?a ? categ?rica: "meu perfil na internet n?o faz parte do meu curr?culo profissional", dispara.

Se Gabriela est? mesmo sendo sincera, est? no caminho certo para conseguir um emprego em uma cidade em que essa pr?tica seja comum. Segundo a psic?loga Patr?cia Monteiro Villela (foto abaixo), em Juiz de Fora as empresas ainda n?o est?o aderindo a busca de mais informa?es sobre os candidatos na internet.

Patr?cia, que h? dois anos e meio ? respons?vel pelo setor de sele??o de uma empresa especializada em Recursos Humanos na cidade, explica que o ideal ? tentar ser o mais neutro poss?vel na hora de escolher de que comunidades participar. "Tem que buscar ser coerente com essas comunidades, porque se o entrevistador foi buscar essas informa?es, na hora da entrevista vai "alfinetar" para saber se voc? foi sincero", diz.

Faca de dois gumes

Caso o candidato tente forjar um perfil e acabe sendo contratado por isso, uma hora ele ser? desmascarado e o empregador vai se dar conta que n?o encontrou o profissional que desejava. O resultado ? que os dois lados saem perdendo.

O profissional perde porque entra novamente na fila dos desempregados, e a empresa, porque precisa abrir novo processo de sele??o. "O que ? caro para a empresa ? fazer o processo seletivo e contratar o profissional errado", diz.

Foto de Patr?cia Villela Al?m dos perfis criados especificamente pensando na poss?vel vaga, h? o risco de o pr?prio entrevistador ser investigado pelo candidato. "Muitos profissionais buscam o perfil de quem vai lhes entrevistar nesses sites e v?o para a entrevista j? preparados para criar uma empatia que muitas vezes ? falsa e a farsa s? ser? descoberta quando j? estiver contratado", alerta.

Para Patr?cia, ao mesmo tempo que pode ajudar, essa ferramenta ? perigosa porque cerceia, segrega e pode ser vista como uma pr?tica preconceituosa, uma vez que limita a liberdade das pessoas.

Quest?o subjetiva

Gabriela (foto abaixo) n?o concorda em ter sua vaga de emprego amea?ada por algo que esteja em seu perfil. "N?o vejo muito sentido em analisar o perfil de um futuro empregado, pois esses sites foram criados para divers?o, intera??o, amizade e n?o objetivos profissionais. N?o acho que o que cont?m ali possa determinar a compet?ncia de algu?m", revolta-se.

Patr?cia explica que, apesar de todos os contras, existem alguns pr?s e isso depende da necessidade da empresa. "Muitas vezes, em uma entrevista a pessoa n?o deixa passar exatamente o que a empresa quer saber, ent?o, elas recorrem ao sites de relacionamento para conhecer o profissional mais a fundo".

Foto de Gabriela Corr?a Nesse caso, Gabriela (foto ao lado) n?o tem o que temer. Sendo sincera como garante ser, se por acaso um empregador for utilizar essa pr?tica, s? vai contrat?-la se a mo?a se enquadrar no que ele espera de seus funcion?rios, certo? Errado! Patr?cia comenta que essa quest?o ? muito pessoal.

"Uma comunidade como "Odeio acordar cedo" ou "Odeio trabalhar segunda-feira", por exemplo, podem ser vistas por uma empresa como indicativo de um funcion?rio pregui?oso, mas por outra pode ser encarado como uma brincadeira, indicando que a pessoa ? bem-humorada", diz.

Na d?vida, o melhor ? n?o arriscar e tentar ser sempre honesto porque, segundo Patr?cia, o problema maior ? a contradi??o. Apesar das dicas, Gabriela se mant?m firme em seu posicionamento. "Acho que n?o deixaria de entrar em uma comunidade por conta de emprego, porque n?o acho que minha vida pessoal - principalmente via sites de relacionamento - determine minha compet?ncia", declara.

Patr?cia pondera. "Essas p?ginas da internet s?o uma coisa global, voc? est? sendo visto o tempo todo por uma infinidade de pessoas e voc? n?o sabe o que elas v?o pensar do que est?o lendo." Mas a psic?loga tamb?m questiona at? que ponto essa "investiga??o" ? legal. "Voc? nunca sabe o que a pessoa que est? lendo (seja empregador ou n?o) est? pensando", diz.

E como o "julgamento" das informa?es contidas nesses sites depende de quem est? lendo, a credibilidade do trabalho de um profissional fica constantemente ? prova. Por isso, ? importante refor?ar: sinceridade e cautela s?o a melhor op??o.

*Marinella Souza ? estudante de Comunica??o Social na UFJF