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Andréia Barros
Repórter
14/11/05

Segundo o psicólogo Lélio Lourenço (foto abaixo), a fase da aposentadoria deve ser trabalhada com um cuidado especial. " Esta é a terceira etapa da vida, em que o sujeito já está, de certa forma, se preparando para a morte". Para ele, o brasileiro, em especial, aposenta mal. "Uma característica dos países como o Brasil é que, quando se aposenta, se empobrece. Muitos idosos sustentam a casa e somam a aposentadoria com outro serviço. Nos países desenvolvidos aquele esteriótipo de aposentado, turista, de camisa florida, que sabe aproveitar sua vida depois de anos de trabalho não cabe aos brasileiros", analisa.
Além disso, quem resolve começar de novo enfrenta dois problemas ainda maiores: a exclusão e o preconceito. Por causa da própria cultura do país, muitos são vistos como incapazes e ultrapassados. "Essa é uma questão puramente educacional. O país tem que se acostumar com a presença do idoso, até porque essa população vem crescendo por causa dos avanços da medicina", diz o psicólogo.
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Criatividade e vontade | ![]() |

Lélio explica que, este sim, é o lado positivo do trabalho. Segundo ele, geralmente, a queda de rotina, do status e a falta do que fazer é que baixa a auto-estima. "Por isso, é bom fazer atividades físicas, conviver com antigos colegas, se socializar, se manter atualizado", indica o psicólogo.
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"Nunca faltei um dia de trabalho" | ![]() |

Na equipe, seis servidores e dois estagiáros convivem com a dedicação do servidor, há 45 anos na Câmara. Tanto envolvimento com o serviço rendeu a Raymundo muitos amigos e homenagens. Ele recebeu o título de Cidadania Benemérita, Comenda Barbosa Lima e Henrique Halfeld, uma das mais importante da cidade. A receita, ele dá de graça. "Trabalho com muito prazer. Sempre me pautei na honestidade e vesti a camisa", conta Raymundo.
Em casa, ele diz que a esposa dá força para que ele possa continuar trabalhando. "De vez enquando ela fala para mim 'Ah, Raymundo, nós já criamos filhos, vamos passear, aproveitar'. Mas prefiro continuar trabalhando e viajar nas férias" conta.
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"Me sinto ligada na tomada" | ![]() |

Dedicada, a executiva de vendas acredita que o trabalho ajuda não apenas nas despesas, mas faz bem para o ser humano. " O trabalho é uma necessidade pessoal. Mesmo se ganhasse muito bem, não deixaria de fazer alguma coisa, nem que fosse um trabalho voluntário".
Para ela, a aposentadoria deu tranquilidade em casa, mas a agitação da rotina continua a mesma. " Não sei ficar à toa. Me sinto ligada na tomada. Acho que a gente não pode ficar parado", anima-se.