Come?ar de novo


Aposentados juizforanos voltam ao mercado de trabalho. Pesquisa diz que no Brasil um ter?o deles t?m essa atitude.

Andr?ia Barros
Rep?rter
14/11/05

Vida de aposentado nem sempre ? sin?nimo de sombra, ?gua fresca e pijama. Segundo estat?sticas do IBGE, cerca de 1/3 dos brasileiros voltam ou permanecem no mercado de trabalho depois da aposentadoria. O motivo, na maioria das vezes, ? em fun??o do vencimento insuficiente para manter o padr?o de vida. Outra pesquisa, do Instituto de Pesquisa Econ?mica Aplicada (IPEA) aponta que a maioria dos brasileiros n?o encara a aposentadoria como a interrup??o da atividade. Fazer algo, rent?vel ou n?o, ? necess?rio tamb?m para se sentir ?til na sociedade.

Segundo o psic?logo L?lio Louren?o (foto abaixo), a fase da aposentadoria deve ser trabalhada com um cuidado especial. " Esta ? a terceira etapa da vida, em que o sujeito j? est?, de certa forma, se preparando para a morte". Para ele, o brasileiro, em especial, aposenta mal. "Uma caracter?stica dos pa?ses como o Brasil ? que, quando se aposenta, se empobrece. Muitos idosos sustentam a casa e somam a aposentadoria com outro servi?o. Nos pa?ses desenvolvidos aquele esteri?tipo de aposentado, turista, de camisa florida, que sabe aproveitar sua vida depois de anos de trabalho n?o cabe aos brasileiros", analisa.

Al?m disso, quem resolve come?ar de novo enfrenta dois problemas ainda maiores: a exclus?o e o preconceito. Por causa da pr?pria cultura do pa?s, muitos s?o vistos como incapazes e ultrapassados. "Essa ? uma quest?o puramente educacional. O pa?s tem que se acostumar com a presen?a do idoso, at? porque essa popula??o vem crescendo por causa dos avan?os da medicina", diz o psic?logo.

Criatividade e vontade

A quest?o ocupacional de fato ? uma sa?da para os que n?o querem se acomodar. Para isso, usar a criatividade para ocupar o tempo ? importante. "Muitos entram na faculdade, participam de cursos para a terceira idade e at? voltam ao mercado na mesmo ?rea. Um piloto de avi?o pode ser instrutor ou professor, por exemplo", destaca.

L?lio explica que, este sim, ? o lado positivo do trabalho. Segundo ele, geralmente, a queda de rotina, do status e a falta do que fazer ? que baixa a auto-estima. "Por isso, ? bom fazer atividades f?sicas, conviver com antigos colegas, se socializar, se manter atualizado", indica o psic?logo.

"Nunca faltei um dia de trabalho"

H? 10 anos, o aposentado Raymundo Nonato Am?rico Mendes (foto ao lado), 67 anos, bem que poderia usufruir do benef?cio de anos de trabalho em casa. Mas ele decidiu continuar na ativa. Ap?s ter passado por diversas fun?es na C?mara Municipal, hoje ? diretor de se??o de arquivo, um cargo importante para o andamento dos processos na institui??o." Nunca faltei um dia de trabalho sequer. Nunca adoeci", orgulha-se.

Na equipe, seis servidores e dois estagi?ros convivem com a dedica??o do servidor, h? 45 anos na C?mara. Tanto envolvimento com o servi?o rendeu a Raymundo muitos amigos e homenagens. Ele recebeu o t?tulo de Cidadania Benem?rita, Comenda Barbosa Lima e Henrique Halfeld, uma das mais importante da cidade. A receita, ele d? de gra?a. "Trabalho com muito prazer. Sempre me pautei na honestidade e vesti a camisa", conta Raymundo.

Em casa, ele diz que a esposa d? for?a para que ele possa continuar trabalhando. "De vez enquando ela fala para mim 'Ah, Raymundo, n?s j? criamos filhos, vamos passear, aproveitar'. Mas prefiro continuar trabalhando e viajar nas f?rias" conta.

"Me sinto ligada na tomada"

Aos 46 anos, a executiva de vendas Dalva L?cia da Silva (foto ao lado) se viu numa situa??o pouco comum nessa idade. Rec?m-aposentada, ela acumulou anos de trabalho, desde os 13, e v?rias fun?es. Analista de cr?dito, encarregada de credi?rio, telefonista, entre outros, Dalva conquistou o beneficio h? tr?s meses, mas continua na ativa. "Adoro trabalhar, faz muito bem pra mim, mas n?o d? para viver s? de aposentadoria. Pago a escola do meu filho e nosso apartamento", explica.

Dedicada, a executiva de vendas acredita que o trabalho ajuda n?o apenas nas despesas, mas faz bem para o ser humano. " O trabalho ? uma necessidade pessoal. Mesmo se ganhasse muito bem, n?o deixaria de fazer alguma coisa, nem que fosse um trabalho volunt?rio".

Para ela, a aposentadoria deu tranquilidade em casa, mas a agita??o da rotina continua a mesma. " N?o sei ficar ? toa. Me sinto ligada na tomada. Acho que a gente n?o pode ficar parado", anima-se.


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