"Fuga de c?rebros" Minist?rio da Educa??o vai pagar bolsas para doutores n?o vinculados a institui?es de ensino superior para evitar que eles saiam do Brasil

Fernanda Leonel
Rep?rter
23/03/2007

N?o ? raro pessoas comentando que titula??o acad?mica no Brasil acaba n?o servindo para muita coisa. Que ser mestre ou doutor s? influencia a carreira de quem quer ser professor e que o mercado n?o valoriza - pelo menos quando o quesito ? sal?rio - o aperfei?oamento de quem investe no mundo acad?mico.

Se a hist?ria ? verdadeira, s? quem vive "na pele" pode confirmar. O fato ? que pesquisas como a do Minist?rio das Rela?es Exteriores, que comprova que cerca de 160 mil brasileiros com forma??o superior deixam o Brasil por ano em busca de melhores condi?es de trabalho, acabaram preocupando o Minist?rio da Educa??o (MEC).

Tanto ? que nesta quinta-feira, dia 22 de mar?o, o ministro da Educa??o, Fernando Haddad, anunciou que o Brasil ter? bolsas de estudos para p?s-doutorandos que permanecerem no pa?s sem estarem vinculados a uma institui??o de ensino superior.

A a??o visa manter as pessoas com forma??o de doutorado no Brasil e evitar a "fuga de c?rebros", quando os pesquisadores v?o para outros pa?ses. Segundo a pesquisa citada do Minist?rio das Rela?es Exteriores, o pa?s ainda se caracteriza pela gera??o de empregos de baixa remunera??o, o que tem expulsado do mercado interno os profissionais mais qualificados.

Usando dados da ?ltima Pesquisa Nacional por Amostra de Domic?lios (Pnad), do IBGE, ? poss?vel concluir que 1993 e 2004, houve alta de quase 30% na quantidade de anos de estudo da popula??o brasileira. Isso n?o garantiu, por?m, melhor sorte para os profissionais que conclu?ram o curso superior e permaneceram na escola. Isso porque, no caso dos trabalhadores com t?tulo de mestre ou doutor, esse ?ndice de crescimento do desemprego nos anos de 1993 a 2004 chegou a 180,3%.

Segundo as a?es divulgadas pelo MEC, a bolsa "anti-fuga de c?rebros", deve ser paga enquanto o pesquisador n?o for empregado por uma institui??o de ensino superior. O ministro n?o declarou o valor do benef?cio.

Para Andr? da Motta Salles Barreto (foto abaixo), doutorando da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), as premissas da n?o valoriza??o e baixos sal?rios s?o verdadeiras. "Tanto a bolsa de doutorado como o sal?rio dos pr?prios professores que possuem a titula??o e trabalham na academia s?o baixos", afirma.

foto de Andr? Andr? acredita que h? ainda outro fator que faz com que a "tenta??o" de ir morar no exterior seja grande doutores brasileiros. Segundo o estudante, no Brasil n?o ? poss?vel trabalhar s? com pesquisa, h? sempre a necessidade de vincula??o do t?tulo com a academia, ou seja, a pessoa tem que dar aula. "Essa hist?ria de n?o poder trabalhar com pesquisa tamb?m ? forte para a exporta??o de pesquisadores e, ? claro, ? somada com a n?o valoriza??o dos profissionais", opina.

No entanto, o doutorando v? com bons olhos a iniciativa no Minist?rio da Educa??o. Para ele, a id?ia ? "interessantes e positiva" na medida que ameniza as quest?es discutidas. Questionado sobre o poss?vel valor que ele entende que essa bolsa deveria ter para cumprir seu objetivo, o pesquisador acredita que para se usar o bom senso, a nova bolsa do Mec deveria possuir valor intermedi?rio entre a bolsa de doutorado e a de professor doutor.

"Mas mesmo assim n?o sei se isso garante que a peso fique no Brasil n?o. Seria pouco de todo jeito. Quem se especializa e fica no Brasil, fica por outros motivos, que n?o o econ?mico, maneira que o governo achou para resolver o problema. De todo jeito, a tenta??o do exterior ? grande", resume Andr?.

A bolsa para manuten??o de doutores no pais, que faz parte do Plano de Desenvolvimento da Educa??o (PDE), apresentado na semana passada pelo presidente Luiz In?cio Lula da Silva a educadores, deve ser aplicada pela Coordena??o de Aperfei?oamento de Pessoal de N?vel Superior (Capes).