Artigo
Hiperatividade
Escola: prazer ou terror?
::: 30/01/2003

As aulas se reiniciam; momento prazeroso para uns e temeroso para outros, para os pais, alunos e professores.

Atualmente a escola tornou - se uma atividade obrigat?ria e o ?xito escolar passou a representar um papel importante de realiza??o pessoal e s?cio ? econ?mica. E com isso as dificuldades e/ou fracasso passaram a representar um terror para muitas fam?lias e entre as varias causas deste insucesso encontramos, talvez entre uma das mais freq?entes a Hiperatividade e ? dela que falaremos neste espa?o.

A Hiperatividade ? um desvio de comportamento caracterizado pela diminui??o da persist?ncia e consist?ncia na realiza??o das atividades di?rias (como assistir TV, realizar tarefas escolares, participar de jogos dentre outros) e pela excessiva movimenta??o de corpo (pernas, bra?os, m?os, cabelo, etc.), pela impaci?ncia constante que promovem mudan?as freq?entes de atividades, e pela capacidade de mexer em tudo, sem necessidade e sem prop?sito, pela falta de limites e pela falta de no??o do perigo.

A crian?a hiperativa n?o necessariamente dever? apresentar todas estas caracter?sticas e estas tamb?m variam de intensidade dependendo de fatores circunstanciais. Embora a hiperatividade ainda n?o possua uma defini??o estritamente precisa e aceita universalmente, todos os especialistas no assunto reconhecem que ela altera de forma significativa o comportamento, o relacionamento e a adapta??o da crian?a ao meio social, escolar e familiar.

A hiperatividade ? uma das causas mais freq?entes da dificuldades escolares podendo ocorrer na idade pr? ? escolar na faixa de 10% e na idade escolar na faixa de 5% a 7% das crian?as. Atualmente muitos adolescentes e ate adultos t?m buscado auxilio para essa disfun??o. Para ajudar e recuperar a crian?a com esse dist?rbio torna-se imperativo uma coopera??o mutua entre os pais, a escola (em particular os professores) e todas as pessoas que convivem com a crian?a. O diagn?stico da hiperatividade nem sempre ? f?cil de ser realizado e se encontra comprometido pela subjetividade da avalia??o que dificulta a verdadeira interpreta??o da situa??o. A avalia??o depende do grau de toler?ncia das pessoas que convivem com a crian?a, do momento e da situa??o em que a crian?a esta sendo avaliada; pois a hiperatividade n?o se manifesta de forma constante e regular em todas as situa?es e instantes. Muitos pais costumam fugir ou ignorar o problema e tamb?m as vezes passa despercebido pelos professores que acreditam ser a crian?a apenas peralta e pregui?osa. Anos atr?s pod?amos encontrar crian?as hiperativas encaminhadas para escola especial apenas pela falta de um diagnostico adequado.

Na suspeita de hiperatividade devemos encaminhar a crian?a/adolescente para avalia??o com especialistas (neurologista infantil, psic?logo, fonoaudi?logo ou psicopedagogo). A hiperatividade pode ser observada na crian?a desde os primeiros meses de vida, embora torne-se mais exuberante nas crian?as em idade pr?-escolar e escolar.

Para suspeitarmos da presen?a da hiperatividade devemos observar se a crian?a apresenta alguma destas caracter?sticas:

  • Trocam de brinquedo e/ou atividade com muita freq??ncia pois n?o se satisfazem com nenhum.
  • N?o permanecem sentadas ? mesa durante as refei?es.
  • N?o possuem no??o do perigo e precisam ser vigiadas com freq??ncia.
  • Ao brincar n?o conseguem se fixar, durante algum tempo na mesma atividade pois perdem rapidamente o interesse e procuram uma nova atividade.
  • Conversam muito mudando de um assunto para outro rapidamente, mesmo antes de concluir o assunto anterior.
  • S?o extremamente desatentas n?o conseguindo fixar o foco de aten??o, qualquer estimulo ? suficiente para desvi?-la do foco inicial.
  • S?o desorganizadas nas atividades da vida di?ria e pessoal.
  • N?o conseguem finalizar tarefas.

  • A hiperatividade pode envolver v?rios fatores entre eles o fator da disfun??o org?nica, gen?tica, psicol?gica e ate mesmo social. O dist?rbio ainda n?o tem uma causa ?nica comprovada. Sabe-se que seus portadores produzem menos dopamina, um neurotransmissor respons?vel pelo controle motor e pelo poder de concentra??o, que atua com maior intensidade nos g?nglios frontais do c?rebro. Isso explica o fato de os hiperativos n?o se concentrarem e esquecerem facilmente o que lhes ? pedido. Pela alta incid?ncia em menino (cerca de 80% dos casos) acredita-se que o problema possa estar relacionado tamb?m ao horm?nio masculino testosterona.

    Tr?s fatores principais ajudam a distinguir o hiperativo da crian?a que tem apenas um dist?rbio de aten??o mais leve e daquela que busca apenas chamar aten??o: - continua agita??o motora;
    - impulsividade;
    - impossibilidade de se concentrar.

    Essas atitudes devem ser constantes durante pelo menos seis meses seguidos. Uma vez estabelecido o diagn?stico da hiperatividade devemos iniciar o tratamento que deve ser multidisciplinar pois o quadro envolve o uso de medica??o (quase sempre),do psic?logo, psicopedagogo, e participa??o da fam?lia e professores.

    Acredito que o reconhecimento e o adequado encaminhamento destes casos diminua em muito o insucesso escolar (repet?ncia) assim como a insatisfa??o e intranq?ilidade familiar. Se percebermos e tratarmos as crian?as hiperativas, estaremos contribuindo para a melhoria da qualidade de vida dessas crian?as e de seus pais, familiares, amigos e professores.

    Saiba mais:
    TDAH = Transtorno de D?ficit de Aten??o e Hiperatividade. ? o dist?rbio neurocomportamental mais comum na inf?ncia. Aproximadamente dois por cento dos adultos podem sofrer de TDAH. TDAH ? a condi??o cr?nica de sa?de de maior preval?ncia em crian?as de idade escolar.

    Principais conseq??ncias do TDAH:
    - Baixo desempenho escolar
    - Dificuldades de relacionamento
    - Baixa auto-estima
    - Interfer?ncia no desenvolvimento educacional e social
    - Predisposi??o e dist?rbios psiqui?tricos.

    Aten??o: No site http://www.tdah.org.br, da Associa??o Brasileira do D?ficit de Aten??o (ABDA) divulga um teste para auxiliar no diagn?stico da hiperatividade. Para o teste ter validade, os sintomas devem aparecer antes dos 7 anos de idade e persistir por pelo menos 6 meses.


    Sandra Fortuna
    ? neurologista e neuropediatra da cl?nica Psicomed
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