Ana Stuart Ana Stuart 28/11/2006

Ci?mes

Seu sin?nimo ? zelo, veio do grego Zelosos. Embora zeloso n?o seja o mesmo que ciumento, transmite a id?ia de propriedade agregada ? afei??o, que entra na conceitua??o primeira de ci?me.

O medo da perda e ansiedade d?o o tom de afli??o e sofrimento que acompanha o ci?me. J? no alem?o faz alus?o ao fogo, a queimar, arder; ? a doen?a que arde. Estudos mostram que pessoas inseguras e com baixa auto-estima s?o mais propensas a crises de ci?me.

? bom lembrar que o ci?me ? um sentimento normal mas que dependendo da intensidade e freq??ncia, passa a ser patol?gico. A literatura cient?fica diferencia claramente a express?o normal da doentia.

A primeira ? transit?ria, refere-se a epis?dios espec?ficos e ? baseado em fatos concretos que ocorrem no contexto do relacionamento amoroso. J? a manifesta??o patol?gica aparece como preocupa??o excessiva e infundada, n?o necessariamente num contexto de rela??o amorosa e caracteriza-se como sintoma de quadros como transtorno da personalidade, alcoolismo, depress?o e obsess?o.

No ci?me patol?gico as rea?es s?o impulsivas, ego?stas e violentas, levando muitas vezes ao homic?dio seguida do suic?dio, os chamados ?crimes passionais?, cometidos por portadores de alguma comorbidade psiqui?trica.

Alguns estudos relacionam o ci?me patol?gico com o transtorno obsessivo compulsivo (TOC), pois os pensamentos dos ciumentos s?o similares, j? que s?o intrusivos, desagrad?veis e incitam atitudes de verifica??o constante. As pessoas que reconhecem serem estes comportamentos inadequados ou injustificados logo ap?s entram no quadro de culpa e depress?o, j? os que n?o possuem este reconhecimento est?o sempre com raiva e com condutas impulsivas constantes.

Muitas vezes nos perguntamos por que n?o percebemos com clareza que vivemos situa?es como esta, sem perceber que n?o eram rea?es normais. Quantos pais n?o percebem que a crian?a est? com rea?es patol?gicas provenientes do ci?me que sente pelo irm?ozinho que nasceu. Como podemos perceber os limites entre rea?es normais e obsess?es doentias se afinal s?o limites t?nues que variam nas suas ra?zes culturais e etc. Temos que observar com tranq?ilidade e muito di?logo e olhos para ver, indo direto ao ponto.

Nos quadros de alcoolismo cr?nico haver? um ciumento obsessivo compulsivo latente ou um total alienado emocional. Como na nossa cultura ? considerado ?normal? o costume da cervejinha do final de semana, custaremos a perceber a instala??o da doen?a e conseq?entemente o caminho do fim.

O ci?me que atormenta os adultos vem da inf?ncia, atrav?s dos sentimentos de ter-se se sentido tra?do e abandonado pelos pais seja pelo nascimento de irm?os, seja por v?cios, aus?ncias prolongadas. Essa sensa??o de abandono o acompanhar? at? que ele tome consci?ncia deste sentimentos verbalizando-os e crescendo.

Uma das tarefas mais dif?ceis do crescimento ? superar a forma infantil de amar. Se voc? est? num relacionamento parecido com o que foi descrito acima e vive reclamando de seu parceiro (a), ? sinal de que algo est? errado, que este relacionamento necessita ser trabalhado para que alcance a maturidade emocional.

O que n?o d? ? para ficar sofrendo e condenando. Neste momento o melhor ? n?o entrar no jogo infantil e buscar ajuda, verificando sempre se paralelo a tudo isso o alcoolismo se encontra presente ou algum outro tipo de depend?ncia al?m da depend?ncia emocional j? instalada. Alcan?ar o relacionamento adulto seja em que n?vel for ? a meta ideal para ficarmos longe do ci?me patol?gico, que deteriora qualquer rela??o.


Ana Stuart
? psic?loga e terapeuta familiar

Sobre quais temas (da ?rea de psicologia) voc? quer ler novos artigos nesta se??o? A psic?loga Ana Stuart aguarda suas sugest?es no e-mail viver_psique@acessa.com.