
Fernanda Garcya
Uma das mais conhecidas cantoras de micareta
se apresenta pela primeira
vez em Juiz de Fora
A menina veio do sul, faz sucesso em Minas Gerais, mas parece ter sangue mesmo é de baiana. Fernanda Garcya, atração de sábado e domingo da micareta Carnadministrando, fechou as noites da primeira edição da festa esbanjando fôlego e simpatia.
Fez frio no Parque de Exposições, local onde rolou a festa. Mas quem estava presente não escondeu o abadá com nenhuma blusa de frio, mesmo com a cerração que insistia em cair durante a madrugada. A opção da maioria das pessoas para espantar qualquer indisposição foi dançar ao som do axé e de alguns pops que também ganharam versões ao som da percussão da banda de Fernanda Garcya e também das outras atrações, a banda "Batom na Cueca" e a "Bartucada".
A cantora, que acaba de gravar o seu primeiro CD, deu uma entrevista exclusiva para o portal ACESSA.com. Confira!
ACESSA.com - A carreira começou quando? De onde veio a força e a
certeza que você iria
se dedicar à música?
Fernanda Garcya: Comecei a cantar aos 17 anos, em 1997. O Zyzza era o dono
da banda que eu
comecei. Eu dava umas canjas com ele mas não era fixa. Ficava rondando ele,
pedindo pra me levar pros shows (risos). Nunca vou esquecer do dia que
ele me perguntou se eu tinha certeza que era isso que eu queria pra mim. Que
essa vida é muito difícil, que ele nunca mais passou um Réveillon, feriado,
aniversário com a família. Que não temos vida própria, etc. Não pensei nem um
segundo. Disse que era isso sim que eu queria e pulei de cabeça! Não tenho
vida própria mesmo, não tenho direito nem de ficar doente, mas é uma escolha
e não me arrependo, não!

ACESSA.com - Fale um pouco do seu histórico por bandas e noites até
que decidisse
investir na carreira solo
Fernanda Garcya - Comecei a cantar numa banda baile por pouquíssimo
tempo e logo parti pra um
trabalho meu. Preferi ser a dona do meu próprio negócio, poder escolher
repertórios desde o início. Antes de usar apenas meu nome eu tive a Banda
Eva cover, depois a Banda Êh e em 2000 passei a ser apenas Fernanda Garcya,
mas com exceção da primeira as duas bandas eram minhas mesmo.
ACESSA.com - Passou por "bandas-baile"? Quais são os pontos positivos
e negativos
que tirou dessa experiência?
Fernanda Garcya - Apesar do pouco tempo achei a experiência muito
interessante. Você começa
tendo que saber um pouco de todos os estilos, assim acumula bastante
experiência. As desvantagens são muitas, na minha opinião. Você toca de
tudo, mas não se dedica a apenas um estilo. Isso é ruim porque você não se
destaca verdadeiramente em algo. As pessoas vão pra ver um show de baile e
não você, o tempo de show é muito grande, cansativo, fora que fica quase
impossível ter um trabalho próprio. Geralmente, bandas de baile não gravam
cd´s, pois só tocam as músicas de outros artistas. Não têm muita liberdade
pra criar, fazer arranjos... Mas tenho um respeito enoooorme por esses
profissionais exatamente pelo tanto que eles trabalham e são bons, tocam
como se fosse um cd mesmo!
ACESSA.com - Você já trabalhou como cover da Ivete. Como foi a
experiência e por
que parou?
Fernanda Garcya - Fiz cover por pouquíssimo tempo e vi que não era
minha praia copiar ninguém.
Infelizmente, muitas pessoas até há pouco achavam que eu era sósia da Ivete,
que a imitava. Tudo porque algumas me acham parecida com ela. Então, às
vezes,
acontecia de eu chegar a uma cidade e ver no cartaz de todo tamanho:
"Fernanda Garcya cover da Ivete Sangalo". A gente trabalha feito
louco, não tem folga e as pessoas insistem em uma coisa que é irreal? De
qualquer forma já conseguiram perceber que isso não tem nada a ver e
aprenderam a me respeitar por mim mesma. Amo e admiro muito a Ivete, é uma
honra me associarem à ela, mas tudo tem um limite. Cover é quem imita e isso
absolutamente, não faço.
ACESSA.com - Porque escolheu o estilo musical que defende?
Fernanda Garcya - A música baiana é a mais alegre que conheço. É um
movimento que atrai
multidões, que toma o corpo das pessoas e as fazem sair como loucas atrás de
um trio elétrico, cantando com as mãos pra cima! Isso é mágico, é lindo. Eu
sou apaixonada por música, gosto de todos os estilos quase, mas não
conseguiria cantar quietinha, sem fazer palhaçada, sem pular como uma
cabrita, sem botar o povo pra pular!! Sem trio, carnaval, não vivo. E acho
também que meu timbre de voz e meu gênio combinam bem com o axé.

ACESSA.com - O que acha das micaretas, carnavais fora de época de
Minas Gerais?
Fernanda Garcya - Muito bom!! Minas Gerais é o estado que mais consome
música baiana depois da
Bahia. As bandas de lá estão fazendo fortuna aqui, meu irmão( risos)!! Minas
tem um povo muito alegre que gosta demais de um trio elétrico, dessa música,
dessa bagunça. Por isso esse movimento se espalhou por todo o estado. Muitas
cidades pequenas, com uma população até escassa têm feito festas assim e
surpreendendo pela infra-estrutura e profissionalismo. O povo sabe muito bem
como se portar num carnaval fora de época mesmo sem nunca ter ido a um.
Parece que é orgânico, instinto mesmo.
ACESSA.com - Já conhecia Juiz de Fora? Já tinha tocado
aqui?
Fernanda Garcya - Nunca tinha ido à Juiz de Fora e, infelizmente, não
pude conhecer a cidade, pois não deu tempo mesmo. Mas pelo pouco que andei
pela cidade de ônibus vi que é uma lugar bem organizado e de pessoas muito
bonitas.
ACESSA.com - Como foi a experiência nos dois dias na
cidade?
Fernanda Garcya - Foi ótimo! A galera daí é muito animada, calorosa,
educada, receptiva,
enfim, me trataram com muito carinho e respeito. Gostei muito dos dois shows
e só tenho a elogiar a organização do evento que foi perfeita! Trio elétrico
bom, camarim legal, espaço físico bacana, abadás bonitos.
Eu quase morri de frio, né??(risos) Mas pelo visto as pessoas não estavam
ligando muito pra isso não!! Espero que tenham gostado da gente e que
possamos voltar mais vezes!