Jurados dão nota e lição de cidadaniaAlém de eleger a Miss Brasil Gay 2010, o júri aproveitou para disseminar conceitos de igualdade de direitos e luta contra a homofobia

Clecius Campos
Repórter
16/8/2010

Eles estão lá para eleger a Miss Brasil Gay 2010. Os 23 jurados avaliam cada candidata nos quesitos traje típico, traje de gala e no conjunto de adjetivos que envolvem beleza, elegância, postura e carisma. Mas não só as notas que deram tiveram importância. Este ano, o júri reuniu dois nomes da luta contra a homofobia.

O primeiro é o decano do movimento gay no Brasil, Luiz Mott. O ativista foi o primeiro a fundar uma organização não-governamental pelos direitos dos homossexuais, o Grupo Gay da Bahia. Mott ressalta a oportunidade de estar no grupo de jurados. "Um evento que tem 34 anos é a prova de que é feito por uma fórmula que deu certo. O melhor é que está cada vez mais aberto para seu lado social, na medida em que atrai um público heterossexual."

Ele salienta que o concurso é parte da luta contra a homofobia em Minas Gerais e aponta dados negativos sobre crimes contra gays. "Só neste ano, sete homossexuais foram mortos em Minas Gerais e 144 nos últimos 20 anos no Estado. Os mineiros ainda têm muito o que lutar." Outra ilustre presença é a da assessora de Projetos e Programas da Unaids — programa executado em conjunto com a Organização das Nações Unidas (ONU) — Jacqueline Côrtes.

Foto de Luiz Mott Foto de Jacqueline Cortes

Jacqueline acredita que além de eleger a mais bela transformista no Brasil, o concurso tem a característica de significar uma festa da democracia. "É a cidadania em exercício, já que o evento, apesar de ser uma celebração promovida e mobilizada por homossexuais, é uma festa de todos. O legal é disseminar a igualdade, principalmente no âmbito dos direitos. Acho que essa é a conotação maior."

Misses formam o júri

A Miss Brasil Beleza Internacional, Lilian Lopes, sentiu-se privilegiada em participar do concurso. "É muito bacana e ao mesmo tempo fico muito nervosa, já que a gente mexe com o sonho de cada uma dessas meninas." A felicidade está em estar presente em um concurso que considera diferente. "É um evento que mostra a diversidade e isso é muito bacana."

Antes de o concurso começar, a Miss Brasil Gay 2008, Lizandra Brunelly, afirmou que estava em uma posição difícil. "As misses investiram tanto e nossa escolha envolve o ego de cada uma. É mais duro que concorrer." Ela disse que levaria em conta o que as candidatas apresentaram na noite do evento e o conhecimento que tinha delas. "Estive em algumas eliminatórias estaduais e vou avaliar a postura das misses. Vou escolher a que vai honrar a coroa."

Foto de Lizandra Brunelly Foto de Leila Lopes