Cecília Junqueira Cecília Junqueira 15/1/2011


Em busca da nova ordem mundial

ilustração do artigoPetróleo, do latim petroleum; 'óleo da pedra, substância responsável por mais de 90% da matriz energética mundial, grande causador das variações climáticas, dos estragos ambientais, alavancador de tantas guerras...

Sei das suas contribuições para o desenvolvimento da sociedade da forma que a temos hoje, mas como gestora ambiental, não posso deixar de considerar principalmente seu legado ecológico ...

Sabe-se que o primeiro poço de petróleo foi descoberto em 1859 na Pensilvânia e que suas reservas mundiais se garantirão até os próximos 80, 100 anos...ou seja, em 200 e poucos anos ele irá do 'berço ao túmulo'. Este tempo, em termos históricos, é um piscar de olhos, principalmente se considerarmos os milhões de anos necessários à produção de petróleo nas entranhas da Terra.

É preciso migrar da economia tradicional para a ecológica, apostar em novas tecnologias, investir no capital humano, reconhecer que a natureza não é apenas provedora de recursos ou depósito para os despejos gerados pelo setor produtivo, com capacidade infinita...

Preciso é haver alternância energética, pelos mesmos motivos pelos quais é necessária a alternância política, a econômica.

Essa expressiva hegemonia do petróleo, no mundo de hoje, pode se refletir em um colapso energético, amanhã. Já dizia o ditado: é perigoso botar todos os ovos numa mesma cesta. E mais, comprovado que as ofertas de petróleo estão quase no fim, certamente, ocorrerá um aumento substancial nos preços da gasolina, inviabilizando o mercado.

Portanto, a pergunta é: estamos ou não no começo de uma nova era, em que vamos substituir o petróleo?

Não passamos da lenha para o carvão e do carvão para o petróleo, porque um se esgotou e começamos a utilizar o outro, e sim porque em um determinado momento isso era mais conveniente (maior eficiência energética) e mais barato.Tudo depende de escolhas participativas e negociadas, não existem fórmulas prontas...Como diz Berta Becker, se serve para tudo, não serve para nada!

O Brasil tem tudo para ser um líder nesta nova ordem mundial: temos pujança de água, de terras, pesquisas agronômicas e tecnológicas de nível internacional. Somamos mais de 30 anos de experiência com o Proalcool, substituindo a gasolina pelo etanol e o diesel pelo biodiesel. Temos uma patente para produzir etanol a partir do bagaço, estamos rumando na produção de sistemas integrados de produção de alimentos e energia - com tantas possibilidades energéticas novas e renováveis, prefiro não entrar, por hora, na discussão do pré-sal...

É claro que a abertura de novas fronteiras agrícolas afetará o meio ambiente, daí a emergencial necessidade de investirmos em novas tecnologias a fim de mitigar os possíveis impactos ambientais gerados.

Ainda não descobrimos (e talvez nunca descobriremos) um modelo de desenvolvimento perfeito, com impacto ambiental zero, mas é fundamental que seja contemplado o uso de fonte energética limpa e renovável e que democratize suas riquezas geradas... Conforme a sociedade vai saindo do petróleo e passando pela produção de biocombustíveis, serão abertas portas para um novo ciclo de desenvolvimento rural e familiar no Brasil, há tanto esquecido...

As possibilidades do cultivo de biocombustíveis são vastas: cana de açúcar, mamona, soja, canola, babaçu, mandioca, milho, beterraba...

Teremos a oportunidade histórica de superarmos nossa heterogeneidade social, harmonizada ao crescimento econômico e conservação ambiental!

Abraços verdes!


Cecília Junqueira é gestora ambiental, pós graduanda em problemas ambientais urbanos
e integrante da "Mundo Verde projetos ambientais".