UFJF discute sistema de cotas para negros
Reitora n?o garante a implanta??o, mas quer promover debate

Djenane Pimentel
26/06/04

Flavinho da Juventude canta o "hino das cotas" e fala sobre a desigualdade. A reitora da UFJF, Margarida Salom?o, fala sobre a Comis?o formada para avaliar o sistema

Ou?a! Ou?a! Opine!

Dif?cil opinar quando o assunto ? cotas para cidad?os negros nas institui?es p?blicas de ensino superior. H? v?rios argumentos contra e a favor, todos bastante sensatos. Tanta incerteza, no entanto, tem um ponto positivo: a reserva de vagas gera um debate importante sobre o racismo no Brasil, um pa?s onde o preconceito existe, ainda que de forma velada.

O Governo Federal, por meio do Minist?rio da Educa??o, enviou dois Projetos de Lei ao Congresso Nacional que prop?em a democratiza??o do acesso ao ensino superior: o "Universidade para Todos" e o que institui sistema de cotas nas universidades p?blicas.

O ?ltimo projeto prev? o acesso ?s institui?es federais por meio de um sistema que reserva vagas para alunos das escolas p?blicas, negros e ?ndios.
Segundo o Censo de 2000, 82,8% dos estudantes das universidades brasileiras s?o brancos e apenas 8% negros.

O objetivo do Governo ? promover a inclus?o desses grupos historicamente exclu?dos das institui?es, valorizar a escola p?blica onde est? a maioria dos alunos de classe m?dia e baixa, garantir um quadro de alunos com o mais variado hist?rico e perfil social, ?tnico e cultural, reduzir as desigualdades sociais, al?m de reafirmar sua pol?tica de a?es afirmativas para inclus?o social.

Na UFJF
"A Universidade Federal de Juiz de Fora pode ou n?o implantar o sistema de cotas", afirmou a reitora da UFJF, Margarida Salom?o. "Tudo vai depender dos debates analisados pela Comiss?o e dos projetos que ela apresentar", informa.

A Comiss?o das Cotas foi formada pelo Conselho Superior da UFJF, no dia 17 de maio deste ano, e se completou no dia 4 de junho. Constitu?da de 11 membros, foi concedida a ela 30 dias para que pudesse debater internamente e com a comunidade, sobre qual a melhor proposta a ser apresentada, para que o sistema de cotas pudesse (ou n?o) ser implantado. O prazo vence na pr?xima semana. "Encaminhei a discuss?o, pois acho que esta ? uma quest?o emergente para a sociedade, mas n?o quero me posicionar", afirma a reitora.

Na ?ltima semana, dois debates foram promovidos pela Comiss?o. Neles foi discutido o tema "Sistemas de Cotas: repara??o ou privil?gio?", onde participaram o professor da UERJ, Jos? Roberto G?es, e o representante do Centro de Articula??o das Popula?es Marginalizadas do Rio de Janeiro, Ivanir dos Santos. Tamb?m foram analisadas as experi?ncias de institui?es que j? utilizam esse sistema. Os debates devem auxiliar na avalia??o, uma vez que muito se discute sobre o papel e a constitucionalidade das cotas.

Adotado pela primeira vez na Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), em 2001, o sistema de cotas na UERJ reserva 20% das vagas para alunos de escolas p?blicas, 20% para negros e pardos, e 5% para portadores de necessidades especiais e integrantes de minorias ?tnicas.
A partir da?, e com base no princ?pio da autonomia universit?ria, diversas faculdades tem produzido seus pr?prios processos de discuss?o e de delibera??o sobre a implanta??o das cotas. Muitas j? avan?aram neste sentido, como no caso da Universidade de Bras?lia, Universidade Estadual da Bahia e a Federal do Paran?.

Medida emergencial
Defensores das cotas concordam que o sistema n?o ? uma solu??o definitiva. A maioria dos programas ? tempor?ria, como uma medida emergencial. Mas se essa pol?tica n?o ? ideal, poucas s?o as alternativas vi?veis e de resultados imediatos apresentadas at? o momento.

O investimento do governo no ensino b?sico, por exemplo, depende de fatores pol?ticos de dif?cil previs?o e s? ter? efeitos a longo prazo. "Podemos esperar trinta anos para que os desafortunados possam entrar na universidade no mesmo p? de igualdade que os brancos? Acho que n?o", analisa o presidente da Comiss?o das Cotas da UFJF, professor Ign?cio Delgado.

Segundo o professor, a implanta??o deste sistema traz uma discuss?o muito complexa. N?o se trata somente de percentuais, mas sim de discutir o verdadeiro m?rito da quest?o. "H? o reconhecimento geral da Comiss?o, de que o Brasil ? um pa?s profundamente desigual e que a oportunidade de acesso ? educa??o, principalmente ? educa??o superior, est? intimamente ligada ?s oportunidades de acens?o social", declara.

De acordo com Delgado, a desigualdade de oportunidade ? um vi?s social e racial, e o Brasil, apesar de ter abolido a escravid?o h? muito tempo, n?o desenvolveu pol?ticas de repara??o, integra??o e igualdades de oportunidade ? popula??o negra e vitimada. "O que j? pode-se dizer ? que a Comiss?o est? ciente de que medidas emergenciais devem ser efetuadas, que nos permitam caminhar no sentido da igualdade".

Cr?ticas
A pol?mica com rela??o ? implanta??o do sistema de cotas para negros nas universidades vem tamb?m recheada de cr?ticas, por alguns.
Uma delas diz respeito ? identifica??o dos candidatos ?s vagas reservadas.
At? o momento, as universidades adotaram como crit?rio a auto-declara??o e o processo de fotografia. A auto-declara??o gerou controv?rsias, depois que alguns candidatos brancos classificaram-se como negros para obter o benef?cio das cotas.

Segundo a reitora da UFJF, a gravidade da situa??o deveria ir muito al?m do que a preocupa??o com a fraude. "Os dados do IBGE sobre a concentra??o ?tnica da pobreza s?o t?o alarmantes, t?o impressionantes, que minha preocupa??o se estende a outras coisas", afirma. "? o c?mulo da hipocrisia dizer que n?s n?o sabemos como identificar quem ? negro e quem n?o ?, neste pa?s".

Quanto ? cr?tica de que a cria??o de cotas vai baixar a qualidade do ensino nas universidades p?blicas, Margarida tem outra opini?o. "Como professora, acho que a universidade vai, certamente, se beneficiar pelo desafio imposto pela diversidade".
E isso ? verdade. Existem dados, como os levantados pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, mostrando que 48,9% dos beneficiados pelas cotas tiveram m?dia acima de 7, no final do primeiro ano de aplica??o do sistema na UERJ.


Voc? ? contra ou a favor ao sistema de cotas para negros no ensino superior?

O sistema de cotas ? uma forma de preconceito. Mas os beneficiados(os negros, pardos etc) n?o est?o nem ai, porque isso so ira ajuda-los a entrar na universidade sem esfor?o. Com a aprova??o dessa lei os melhores alunos das escolas publicas ou particulares poder?o perder vagas para alunos com nivel inferior. Esses alunos que entraram pelo sistema de cotas no futuro poder?o ser discriminados por serem profissionais incompetentes. Esses alunos ao contrario de dar apoio a essa lei deveriam protestar contra a mesma, porque o governo n?o esta ajudando esse alunos, s? esta reafirmando o racismo(que o branco tem mais capacidade q o negro ou ?ndio). A capacidade intelectual de uma pessoa n?o deve ser medida pela cor da pele, pela ra?a e sim pelo n?vel intelectual, pelo esfor?o que cada um deve ter para ingressar numa universidade, e ? para isso q o vestibular serve. As vagas devem ser para todos e n?o avaliados por processos discriminatorios com esse do sistema de cotas que est?o querendo implantar. O que deve ser feito ? melhorar o ensino das escolas.

Bruno Cardoso (Aracaju-Se) - 04/04/2006


A meu ver, ? uma situa??o muito dif?cil, pois aborda uma quest?o muito grave no Brasil, a mis?ria, e acredito que muito mais grave ? a pobreza do que o fator ?tnico. Sou totalmente contra o sistema de cotas, sou mesti?o, ligado a ra?zes afros, como o candombl?, mas n?o aceito isso, pois assim, s? estamos discriminando ainda mais. Nao temos o controle de quem realmente ? negro puro, do mesti?o. Os pardos tamb?m s?o negros, olhando do ponto de vista etnico. Acho a meu ver que deveria haver cotas, se houver... para os menos favorecidos, sejam negros, mulatos,morenos, brancos, pois na favela vc encontra todas essas ra?as, e meus amigos, dizer que isso diminui a culpa aos nossos antepassados ? hipocrisia!!! Pois assim, teriamos de ter cotas para os ?ndios, negros, italianos, alem?es, e todo aquele que tenham contribu?do de alguma forma para o crescimento desse nosso Brasil.
Como podemos virar para um candidato e falar "voc? ? negro". Voc? n?o ?? Ah, n?o sou negro???? Ent?o, o que sou??? Branco, com certeza tamb?m n?o sou!!! Ter? cotas tamb?m para os pardos ent? ??? Pura politicagem!!!

S?rgio Passos - 19/07/2004


Acho a pol?tica de cotas totalmente equivocada. ? bem verdade que o negro no pa?s foi marginalizado e desprestigiado econ?mica e politicamente durante toda a hist?ria brasileira. O negro ap?s o processo de aboli??o n?o obteve recursos para se integrar ? sociedade. Este fato hist?rico, somado ?s in?meras neglig?ncias dos sucessivos governos contribu?ram para a situa??o desprivilegiada em que se encontra a maioria dos afro-brasileiros.
Se a pol?tica de cotas para negros tem por finalidade corrigir um fato hist?rico, ent?o ser?o necess?rias in?meras repara?es pol?ticas neste pa?s marcado por injusti?as, corrup?es e muitos erros hist?ricos. ? necess?ria sim, uma pol?tica de inclus?o do negro, do pobre, dos exclu?dos no ensino superior, mas n?o da forma como est? sendo proposta. Apenas reservar vagas para negros ? tratar o problema de forma superficial. Investindo-se na educa??o, melhorando a qualidade do ensino seria um bom come?o para a democratiza??o das oportunidades no pa?s. Se todos usufru?ssem da mesma qualidade de ensino n?o seria necess?ria esta pol?mica pol?tica de cotas. Ent?o, por que reparar as conseq??ncias se podemos desmantelar as causas?

Dayane de Assis Soares - 15/07/2004


Sou negra e totalmente contra a esse Sistema de Cotas. S? pode ter sido uma mente vazia pra elaborar uma lei dessas, "ela j? ? a pr?pria discrimina??o e preconceito". Qualquer cidad?o seja ele negro, branco, amarelo, mesti?o, enfim; s? deve entrar na Faculdade, seja federal ou particular, pelos seus pr?prios m?ritos e capacidade, a intelig?ncia de cada um n?o depende da cor da pele ou tipo de cabelo, mas do seu n?vel intelectual, mesmo ele tendo seu curr?culo passado em escolas p?blicas ou n?o. Vamos parar de palha?ada o Brasil tem coisas mais urgentes pra serem resolvidas.

Raqueln - 29/06/2004

Sou contra. N?o entendo porque o Direitos Humanos n?o interv?m. ? uma forma de Discrimina??o. Como Especialista em Educa??o, Advogada e m?e de Adolescente em fase de Vestibular, tenho que me colocar desta forma, pois afinal de contas os direitos e deveres dos educandos devem ser os mesmos.

T?nia - 29/06/2004

Acho sinceramente que capacidade e for?a de vontade n?o tem nada a ver com cor, ra?a, credo e etc...
Quem quer entrar para a Faculdade, ter um emprego melhor ou qualquer outra coisa, tem ? que batalhar e conseguir. Acreditar em sua capacidade e n?o virar v?tima dessa sociedade preconceituosa e capitalista.
Voc? quer? Ent?o voc? pode! Mesmo que a sociedade pense o contr?rio.

Valdiza - 29/06/2004

Estudo em uma escola particular de Juiz de Fora e sou completamente contra este sistema de cotas. O ensino p?blico no Brasil n?o d? aos seus alunos prepara??o necess?ria para encarar o ensino superior. Estudantes que sairam de uma escola p?blica ter?o uma imensa dificuldade em se adaptar a uma universidade devido a base escolar desses alunos, como todos n?s sabemos, ser muito abaixo dos alunos de ensino particular. O problema tem que ser resolvido na base da educa??o brasileira e n?o simplesmente adotar cotas, pois isso sim ? uma atitude racista e preconceituosa contra os demais cidad?os. Adotando o sistema de cotas, as universidades poder?o estar colocando analfabetos funcionais dentro do ensino superior.

Keyzero@ig.com.br - 30/06/2004

Sou totalmente contra a esse tipo de medida, pois a meu ver deveria existir cotas para pobres comprovados, indiferente de ser negro, branco, ?ndio, amarelo, ou mesti?o. Como poderemos contribuir, se estamos apenas agravando? Em uma favela encontramos negros, brancos, mesti?os, e s?o eles que precisam de ajuda, e n?o o logotipo "negro" pois, em nosso pa?s, a maioria ? negra, seja pardos ou n?o.
Agora como poderemos avaliar quem ? ou n?o negro??? Existiria um exame de DNA para cada candidato pardo por exemplo??? Pois querer excluir os pardos ? errado, pois s?o t?o negros quanto um de pele mais escura. Ou ser? que n?o ??? Se esse pardo fosse levado por exemplo a Alemanha, ele seria enquadrado como branco???? L?gico que n?o!!! Nos Estados Unidos temos negros, muito mais claros, do que muitos de nossos pardos.
Estamos, com essa medida, ? discriminando as demais pessoas, pois em um pa?s de mesti?os, poucos s?o aqueles que n?o tem o sangue negro em suas veias!!! Ora, se n?o teremos exames de DNA para comprovar a origem desta pessoa, iremos excluir pelo fator tra?os ?tnicos???? Tudo a meu ver n?o passa de politicagem !!!!
Sou mesti?o, adoro a cultura africana, sou de candombl?, portanto ligado a movimentos afros, e nem por isso sou a favor, acho que nossa cidade, como por tradi??o tem a excel?ncia de administrar corretamente as coisas. Creio que nossa Universidade deveria adotar uma cota sim, mas para os pobres comprovadamente carentes, de baixa renda, e n?o acompanhar a jogatina do marketing da pol?tica !!!
Tivemos cotas nos Estados Unidos, mas l? n?o existe a missigena??o inter- racial como no Brasil, pois l?, ? negro de um lado e branco de outro. Ser? que estamos querendo at? isso imitar ????

S?rgio Passos - 01/07/2004

Sou totalmente contra esse sistema de reserva de cotas para negros. N?o s? por ser para negros, mas tamb?m seria contra se fosse reserva para qualquer outro "grupo" porque isso assegura um lado mas acaba excluindo outro. As vezes, um estudante que estava melhor preparado ? injusti?ado pelo sistema de cotas, entrando outro inferiormente qualificado no lugar que seria daquele outro por direito.
Al?m disso, como todos sabemos o ensino nas escolas p?blicas do Brasil n?o ? dos melhores e, acima de tudo, muito inferior ao particular. Ent?o, como ingressar no ensino superior um aluno que n?o est? devidamente preparado, que passar? grandes dificuldades dentro de uma universidade, podendo at? ser reprovado. Al?m disso, atravessar uma faculdade com grandes dificuldades compromete at? o profissional que este ser?.
A solu??o seria come?ar a reforma da base (ensino de base) e n?o de cima (ensino superior), por mais que isto demore muito mais tempo, infelizmente, pois j? era para ter sido iniciado h? muito tempo atr?s e quanto mais se adiar mais ir? demorar! Come?ar a reforma por cima resolveria o problema aparentemente e n?o de fato como deve ser, pois isso se trata de uma estrat?gia de governo (como todos sabem, no Brasil predominam as obras fara?nicas e as medidas de ?ltima inst?ncia).
Ah, e s? para lembrar, segundo a nossa Constitui??o Federal, todos s?o iguais perante a lei. Logo, esta ? uma medida inconstitucional.

Danielle Penzut - 05/07/2004

? o problema mais simples de se resolver: O aluno j? deve sair do ensino m?dio direto para a universidade. Deve-se, no entanto, ter alguns crit?rios para que o mesmo ingresse na Universidade, seja ela Estadual ou Federal. Quem tem condi?es financeiras de pagar uma Universidade particular que o fa?a.
Para o ingresso direto, um dos principais crit?rios ? o aluno estar em uma escola p?blica, seja ela municipal ou estadual. Em segundo lugar, o seu desempenho, principalmente no 1?, 2? e 3? anos, devem ser os melhores poss?veis, levando-se em conta: freq??ncia, notas, habilidades, etc. O maior percentual de vagas deve ser dado a esse alunos e o menor percentual a quem j? terminou o ensino m?dio e a quem estuda em institui?es particulares. Isso s? vai acontecer se realmente houver um interesse real para que os menos afortunados tenham acesso a educa??o, se n?o existir esse interesse, nem essa opini?o seguir? adiante, pois o homem ? lobo do pr?prio homem (burro).

Ana Maria (Fortaleza-Ce) - 05/07/2004

Acho um absurdo esse sistema de cotas. Sou branco, estudei em escola p?blica e tento o vestibular na federal h? 3 anos. Sou pobre, trabalho e acho que se for pra ter cotas, tenho direito tamb?m.
Para os negros isso ? discrimina??o, mas eles n?o acham isso porque v?o ser beneficiados. Mas se pensarmos bem, isso ? atestar que s?o incapazes e s?o menos que os brancos.
Acho isso rid?culo, porque tem negro que estuda em escola particular e faz cursinho e pode entrar na universidade p?blica, assim como tem branco que ? pobre e n?o pode se apefei?oar para tentar vestibular.
O que precisa, ? aumentar o numero de vagas nas Universidades, diminuir a dificuldade do vestibular. Esse sistema que a UFJF usa, de provas abertas de todas as disciplinas ? rid?culo. Presto vestibular para a ?rea de humanas, mas tenho que fazer provas abertas/discursivas da ?rea de bil?gicas e exatas.
A UFJF tem ? que fazer levantamento s?cio-econ?mico dos candidatos, porque atualmente a gente concorre com riquinhos, que vivem para estudar e podem pagar cursinhos.
Negros e brancos s?o iguais, cotas ? coisa de atrasados.

Francisco Franco J?nior - 07/07/2004

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