Aceleração do processo de urbanização de JF contribui para o aumento do calor A variação da temperatura foi de 0,2º C. O aumento da frota de veículos e a maximização de áreas pavimentadas estão entre os fatores que contribuíram

Aline Furtado
Repórter
5/2/2011
Foto montagem

É comum ouvirmos das pessoas mais velhas que o clima atual é diferente do percebido há anos, seja devido à intensidade das chuvas ou às ondas de calor. Mas será que em Juiz de Fora foi registrado, com o passar do tempo, algum aumento referente às temperaturas máximas e mínimas?

De acordo com um levantamento realizado pelo Laboratório de Climatologia e Análise Ambiental (LABCAA) do Departamento de Geociências da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), com base nos dados médios anuais da temperatura média, registrados entre os anos de 1979 e 2009, a última década foi mais quente do que as duas anteriores. Os registros foram feitos na Estação Climatológica Principal de Juiz de Fora, localizada no campus da UFJF.

"O que percebemos é que o clima se apresenta de forma cíclica, já que ao longo da pesquisa, tivemos anos mais quentes e anos mais frios, não sendo constatado, necessariamente, um aumento gradativo da temperatura. Assim, o aquecimento se apresenta de forma variada", explica a coordenadora do LABCAA, Cássia de Castro Martins Ferreira. Ainda assim, a variação percebida entre as décadas de 1980 e 1990 em comparação com esta última, ou seja, 2000, foi de 0,2ºC.

Segundo a professora, a variação foi registrada ao longo dos meses, não estando, portanto, concentrada nas estações consideradas mais quentes, como o verão e a primavera. Desta forma, uma das explicações para o aumento pode estar no processo de urbanização mais acelerado em Juiz de Fora, na última década. "A urbanização mais acelerada nos últimos trinta anos pode, sim, ter sido o fator decisivo para o acréscimo na temperatura.

O clima urbano influencia diretamente no aquecimento, já que é constituído de elementos como o aumento da frota de veículos, a maximização das áreas pavimentadas, a redução das áreas verdes, a verticalização, entre outros. "A própria estrutura urbana da cidade, com seu crescimento, acaba por provocar as chamadas ilhas de calor. Não tem a ver, como as pessoas acreditam, com aquecimento global, que, por enquanto, reflete mais na ocorrência de raios, chuvas e tempestades."

A sensação que as pessoas relatam a respeito de o clima estar mais quente com o passar dos anos por ser explicada pelo fato de os registros de chuvas serem pouco intensos em determinadas épocas. Isso acaba fazendo com que o calor seja percebido mais facilmente, já que há baixa presença de itens reguladores de temperatura, como chuvas e nuvens. A professora explica que, além disso, como o clima é cíclico, com ondas de frio e calor, o incômodo provocado pelo calor acaba ocorrendo devido à falta de chuvas, que pode ser esclarecida pelas intercalações.

Fevereiro é historicamente o mês mais quente em JF

Conforme o meteorologista do 5º Distrito de Belo Horizonte, Claudemir Azevedo, o mês mais quente, historicamente, em Juiz de Fora é fevereiro. Contudo, este ano, a maior temperatura registrada foi 32,3º C, nos dias 30 e 31 de janeiro. "A maior do mês de fevereiro foi verificada no dia 1º, com 29,9º C. Mas há grande probabilidade de os 30º C serem batidos neste sábado, dia 5." Segundo dados do 5º Distrito, o recorde histórico em um mês de fevereiro foi registrado no ano de 1973, no dia 11, com 34º C.

"Não há previsão de chuvas"

Azevedo destaca que a temperatura na região da Zona da Mata neste sábado, 5, e no domingo, dia 6, deve variar entre 17º C, a mínima, e 35º C, a máxima. Em Juiz de Fora, a mínima deve ser de 19º C e a máxima de 32º C. "O tempo deve ficar parcialmente nublado, com temperaturas elevadas e não há previsão de chuvas."

Os textos são revisados por Thaísa Hosken