Polícia Civil prende suspeitos de executarem taxista e filha em Bom Jardim de Minas

Autor dos disparos é estudante de odontologia em uma faculdade particular de Juiz de Fora

Lucas Soares
Repórter
2/02/2015

Um trabalho conjunto da Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) chegou ao nome de dois jovens, de 20 e 22 anos, suspeitos de terem assaltado e matado um taxista de 35 anos e a filha dele, 5, na cidade de Bom Jardim de Minas, a 115 quilômetros de Juiz de Fora, no último dia 17 de janeiro. Os dois jovens confessaram o crime e serão encaminhados à cadeia pública de Andrelândia, também na Zona da Mata.

Segundo o delegado titular de Rio Preto, Márcio Roberto Savino Lopes, como o crime foi considerado plurilocal, contou com a ajuda de outras Delegacias. "Contamos com o apoio do delegado de Lima Duarte, José Márcio Almeida e o de Andrelândia, Rafael Faria. O crime invadiu a área de várias comarcas, e o trabalho em conjunto foi essencial para a elucidação do fato", explica.

De acordo com Savino, a principal linha de investigação foi o pedido por gasolina que um dos suspeitos fez. "Nós ouvimos as testemunhas principais, além de provas objetivas e o laudo da perícia, que agiu bem rápido. Nós tínhamos solicitado o sigilo telefônico e, quando eles chegaram, a gente sabia que a nossa linha estaria correta. Nós juntamos quem teria ligado para o taxista, com os suspeitos, que utilizaram o próprio aparelho celular. Temos todas as provas possíveis e pedimos a prisão temporária, logrando êxito no mandado de prisão e encontrando a arma escondida no filtro de ar do carro de um dos suspeitos", diz.

O inquérito, segundo o titular de Rio Preto, está completamente solucionado. "Nós ouvimos 25 testemunhas, temos cinco quebras de sigilo telefônico, quatro laudos periciais e não temos dúvida. Eles acabaram confessando durante o interrogatório. Como o crime aconteceu em uma zona rural, nós tínhamos algumas partes obscuras, que foram preenchidas com a confissão", fala Savino.

 

Latrocínio

De acordo com o delegado de Lima Duarte, José Márcio Almeida, os suspeitos tinham, três dias antes do crime, o propósito de cometer um latrocínio. "Isso chamou muita atenção. Eles foram para roubar e matar a vítima. Eles pensaram em um taxista aleatório. Um dos envolvidos foi até um local e conseguiu o telefone desse taxista. Nós temos o inquérito desde a hora que ele ligou para o taxista até quem levou-os de volta à Bom Jardim de Minas", mostra.

Savino explica que a ligação foi feita exatamente às 18h43m26s para o taxista, do telefone de um dos autores, que os atendeu prontamente. "Como eles são de Bom Jardim, eles já tinham essa intenção de ceifar com a vida da vítima. Só não esperavam que ele estaria na companhia, infelizmente, da criança. Eles pegaram o táxi, anunciaram o táxi, renderam o pai e a filha e o colocaram no porta-malas. As vítimas conseguiram sair do porta-malas e fugir. Nesse momento o autor de 22 anos disparou duas vezes no rosto do taxista e executou, covardemente, a criança, que chorava muito no momento, com um tiro na testa. Ele chegou a comentar com o outro autor que seria ele ou a garota, e não queria deixar nenhuma testemunha", relata o titular de Rio Preto.

Evidências

Savino explica ainda que os autores tentaram eliminar todas as evidências possíveis. "Eles seguiram para a zona rural, um local conhecido como Serra do Pacau. Ela está interligada com a de outras cidades, como Lima Duarte, Rio Preto, Andrelândia e Santa Bárbara do Monte Verde. A madrinha de um dos suspeitos tem um terreno ali. Quem não conhece, não saberia andar. Eles deixaram os corpos ali, num local ermo em Santa Bárbara, incendiaram com pneus e gasolina, voltaram ao distrito de Manejo, em Lima Duarte, e atearam fogo no veículo. Depois disso pegaram outro táxi para regressarem à Bom Jardim, entre 1h e 2h da manhã", explica.

O delegado de Andrelândia, Rafael Faria, relata o perfil dos dois suspeitos. "O jovem de 22 anos, é estudante de odontologia em uma faculdade particular de Juiz de Fora, foi o autor dos disparos. Já o outro suspeito é um profissional de serviços gerais, que tinha uma dívida de R$ 350 com o outro autor. Eles saíram para pagar essa dívida, para roubar e matar alguém. O pai do jovem de 22 anos tem uma boa condição financeira, é fazendeiro, pagava os estudos do autor e uma residência em Juiz de Fora, mas parou de dar dinheiro. O suspeito não trabalhava e não recebia qualquer recurso. Ele não bebia e não fumava, segundo os próprios amigos. A dívida foi oriunda de uma casa que o pai desse jovem construiu para o outro autor, no valor de R$ 4 mil. Porém, na data do crime, eles saíram para obter apenas esses R$ 350", conta. Os dois vão responde pelos crimes de latrocínio e ocultação de cadáver.

Entenda o crime

Os corpos do taxista e da filha foram encontrados parcialmente carbonizados durante a tarde de um domingo, 18 de janeiro, em uma estrada de terra no município de Santa Bárbara do Monte Verde, horas após o carro ter sido encontrado incendiado em Manejo, na zona rural de Lima Duarte.

A família contou à Polícia Militar (PM) que na noite de sábado, 17, a vítima estava em casa, em Bom Jardim de Minas, e foi chamado para fazer uma corrida. Ele decidiu levar a filha. Sem informações do taxista e da filha desde a noite de sábado, familiares decidiram divulgar nas redes sociais o desaparecimento e pediram informações.

No domingo, o veículo foi encontrado totalmente incendiado no povoado de Manejo. Os moradores disseram à polícia que viram o carro seguindo em direção ao local na noite anterior. Horas depois, a PM recebeu informações que os dois corpos teriam sido encontrados em uma estrada de terra perto de Santa Bárbara do Monte Verde. As vítimas estavam parcialmente carbonizadas e cobertos por restos de borracha similares a pedaços de tapetes de carro e ainda restos de um pneu recentemente queimado estavam espalhados no local. Os familiares foram ao local e reconheceram as vítimas.

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