Profiss?o de piloto ? pouco procurada em Juiz de Fora Apesar da cidade oferecer o curso, h? poucos interessados e a estimativa dos profissionais ? de que em cinco anos faltem pilotos qualificados no mercado

Marinella Souza
*Colabora??o
29/05/2008

Ser piloto exige muita for?a de vontade, dedica??o e persist?ncia. Essas s?o as dicas que profissionais experientes e estreantes repetem a todo momento. Sem esses ingredientes, n?o h? como tornar-se um profissional qualificado.

Ao que tudo indica, existem poucas pessoas com essas caracter?sticas no Brasil porque, segundo o instrutor de v?o, Andr? Monteiro (foto abaixo de blusa branca), a previs?o ? de que em cinco anos faltem profissionais qualificados no mercado.

Em Juiz de Fora, o respons?vel pela profissionaliza??o dos pilotos do Aeroclube (leia a mat?ria) da cidade, Capit?o Bahia, confirma o baixo prest?gio da profiss?o. "Em Juiz de Fora s?o poucos os que nos procuram. Tenho apenas um aluno daqui da cidade entre os 25 matriculados nas categorias de v?o privado e comercial", comenta.

Apesar da resist?ncia ? profiss?o, quem est? nela garante que n?o h? escolha melhor. Andr?, Bahia e o novato F?bio Stersi Damasceno (foto abaixo de blusa azul), que est? em fase de aperfei?oamento, s?o un?nimes: voar ? uma emo??o indescrit?vel. F?bio relembra a emo??o do primeiro v?o e arrisca uma generaliza??o: "? imposs?vel n?o chorar na primeira vez que voc? est? no comando de um v?o".

Foto do instrutor Andr? Monteiro Foto de avi?o Foto do piloto F?bio Sterci

Com 16 anos de experi?ncia, Andr? tem a mesma paix?o que o novato. "N?o existe nada de ruim na profiss?o. Voar ? muito bom, s? voando para saber". Bahia pondera que o ?nico aspecto negativo ? o custo. "Ainda ? muito caro ser piloto porque houve corte no subs?dio para a forma??o de profissionais e temos que cobrar caro dos meninos para que a estrutura do Aeroclube possa funcionar". O capit?o ressalta que a institui??o n?o tem fins lucrativos e trabalha sempre no limite.

Informa?es sobre o curso

O tempo de dura??o do curso depende do desenvolvimento de cada um, Andr? arrisca que o piloto leva entre um ano e meio e tr?s anos. "? dif?cil medir isso porque depende muito da proefici?ncia e do grau de assimila??o de cada um", explica. F?bio fez o curso b?sico em um ano e agora est? em uma fase mais avan?ada e conta que o investimento ? pesado.

"Todas as etapas do curso s?o muito caras, ainda tem os exames, que s?o feitos no Rio de Janeiro. Mas ? um dinheiro muito bem gasto porque ser piloto ? algo viciante, ? a melhor coisa do mundo". Aos 23 anos, o piloto v? como ?nico ponto negativo, o pouco tempo para a fam?lia. "A gente n?o p?ra, n?o tem uma moradia fixa, n?o d? para ter muito contato com a fam?lia", diz.

Foto de avi?o branco O primeiro passo para o curso ? fazer o exame m?dico e tirar o certificado de capacidade f?sica (CCF), que pode ser tirado em algumas capitais do pa?s e tamb?m em Barbacena. Capit?o Bahia explica que nem todo mundo est? apto para ser piloto e ? o m?dico quem vai dar o aval. "Na hora que o indiv?duo faz os exames, o m?dico lhe orienta sobre como pode melhorar para conseguir o certificado, ou desaconselha mesmo, em caso de alguma defici?ncia que impe?a o exerc?cio da profiss?o".

Certificado tirado, o aspirante a piloto parte para o curso te?rico de piloto privado que dura cerca de tr?s meses, dependendo da escola e da carga hor?ria do curso. Depois desse prazo, ? feita uma prova que hoje j? pode ser feita pela internet com marca??o pr?via.

Aprovado nesse exame, o piloto ? "checado", ou seja, credenciado como piloto comercial. Para conseguir autoriza??o para outros tipos de v?o, o piloto tem que fazer uma prova te?rica e, se aprovado, passa por um v?o de avalia??o junto a um "checador" credenciado pela Ag?ncia Nacional de Avia??o Civil (ANAC), vinculado ao Minist?rio da Aeron?utica.

Foto de painel de avi?o Andr? explica que, assim como as carteiras de motoristas, a autoriza??o para pilotar tamb?m tem diversas categorias e, para conseguir cada uma delas ? preciso de uma prova te?rica e um v?o de avalia??o. "S?o categorias de dificuldade. S?o elas: piloto privado, piloto comercial, instrutor de v?o e v?o por instrumentos".

Para concluir o curso pr?tico de piloto privado ? preciso de, no m?nimo, 35 horas de v?o, seguindo um cronograma pr?-estabelecido. Para a conclus?o de todos os cursos, o piloto tem que ter um total de 150 horas de v?o no caso de curso homologado pelo Minist?rio da Aeron?utica e 200 horas de v?o no caso de o piloto aprender em um avi?o particular, acompanhado de instrutor credenciado pela ANAC.

Foto de avi?o bege F?bio ressalta que quem opta por essa carreira tem que estar disposto a estudar muito e a n?o desistir no primeiro obst?culo. "A pessoa tem que estar muito certa do que quer porque tem muito dinheiro envolvido e n?o ? f?cil. Voc? n?o consegue fazer tudo certo de primeira, tem que ter muita persist?ncia".

Capit?o Bahia conta que nem todos aceitam esse desafio e muitos desistem no final. Como dica, ele aconselha que, quem quer mesmo se destacar no mercado deve, al?m de procurar um curso t?cnico, buscar um embasamento maior no ensino superior." Para fazer o curso de piloto comercial, ? exigido o ensino fundamental, mas se o cara estudar Ci?ncias Aeron?uticas, com certeza vai ser um diferencial". Segundo o capit?o, cidades como Belo Horizonte e Uberl?ndia j? oferecem esse curso. Em Uberl?ndia, inclusive, h? a possibilidade de fazer o curso ? dist?ncia.

Pr?-requisitos

O primeiro requisito exigido para um aspirante a piloto ? o condicionamento f?sico. Bahia explica que antes de iniciar o curso te?rico o exame tem que ser feito para que o indiv?duo n?o gaste dinheiro ? toa.

Foto de painel de avi?o A idade m?nima exigida para come?ar o curso ? 17 anos, com autoriza??o dos pais, mas s? aos 18 anos a pessoa poder? realizar um v?o solo. A regra independe de g?neros e o capit?o garante que mulheres n?o sofrem preconceitos no curso nem no mercado. "As empresas contratam mulheres, sim. Mas ? claro, ela tem que estar devidamente qualificada. Ningu?m ? louco de n?o contratar uma profissional competente s? por causa do sexo", diz

Apesar disso, o capit?o admite que a procura ? pequena por parte do sexo feminino. "Acho que ? falta de interesse mesmo, ? uma vida muito sacrificante. Desde que cheguei aqui apenas uma mulher nos procurou". O treinamento e a cobran?a s?o os mesmos para homens e mulheres.

Foto de avi?o branco "O fim ? um s?, n?o h? porque ter diferen?a", explica o capit?o. Ele conta que uma vez sentiu que um instrutor estava dando tratamento diferenciado para a mulher e tomou o comando da aula para que todos entendessem que o tratamento tinha que ser o mesmo.

Com todos os custos e dificuldades, F?bio aconselha: "se ? o sonho, a pessoa tem que lutar por ele. Tem uma coisa que ouvi em algum lugar e nunca esqueci, s?o tr?s palavras que carrego sempre: querer, poder, conseguir", diz. No caso de d?vidas quanto ? profiss?o, a dica ? pesquisar e o capit?o Bahia se coloca ? disposi??o para quaisquer d?vidas.

*Marinella Souza ? estudante de Comunica??o Social da UFJF