Quinta-feira, 18 de outubro de 2012, atualizada às 16h40

Decisão de encerrar paralisação segue em avaliação pelos médicos

Nathália Carvalho
Repórter
Medicos reunidos em BH

A previsão de encerramento da paralisação dos médicos no atendimento por meio de planos de saúde está marcada para esta quinta-feira, 18 de outubro, data em que é celebrado o Dia do Médico. Porém, a classe reuniu-se durante esta tarde para avaliar sobre os rumos do movimento e o anúncio da decisão deverá ser feito na sexta, 19, aos usuários. De acordo com a Associação Médica de Minas Gerais (AMMG), a expectativa é de que, a exemplo do que aconteceu em abril deste ano, haja uma adesão de 80% dos médicos em Belo Horizonte e no interior de Minas Gerais.

Durante o movimento, que teve início no último dia 10 em todo o Estado, os médicos cobraram o preço de R$ 80 para a realização das consultas. O movimento aconteceu em todo o Brasil e, em outras regiões, a ação segue até o dia 25. O movimento nacional é baseado na reivindicação de melhores honorários e repasses legítimos nos valores cobrados pelos pacientes dos planos aos médicos. A decisão de participar ou não do ato ficou a cargo de cada profissional. Ainda conforme a orientação das entidades médicas nacionais, os casos de urgência e emergência foram atendidos normalmente.

Segundo o presidente do Sindicato dos Médicos de Juiz de Fora e Zona da Mata, Gilson Salomão, a adesão na cidade é considerada parcial. "Ainda não é possível dizer com clareza qual foi a porcentagem de médicos que aderiram ao movimento. Iremos contabilizar e a divulgação sairá nesta sexta", explica. Já para o delegado do Conselho Regional de Medicina em Juiz de Fora e Zona da Mata, José Nalon de Queiroz, alguns fatores prejudicaram na percepção da adesão na cidade, como os feriados dos dias 12 e 15 de outubro. "Muitas famílias aproveitaram para viajar e não podemos afirmar que esses médicos que deixaram a cidade estavam participando da paralisação", explica.

Planos de saúde

Após a previsão de término do movimento, o Portal ACESSA.com entrou em contato com as duas principais operadoras de planos de saúde da cidade para avaliar as possíveis defasagens de atendimento por conta do ato. De acordo com a assessoria de imprensa do Plasc, não houve nenhum registro de reclamação formal dos usuários quanto ao atendimento no período. Foi informado, também, que pelo fato do plano possuir ambulatório próprio que engloba todas as especialidades médicas, o atendimento não é comprometido.

Já a Unimed-JF informou, também por meio de assessoria, que foram registrados três contatos de clientes durante a semana, número considerado praticamente nulo diante da quantidade de beneficiados atendidos pelo plano. "Nenhum desses clientes deixou de ser atendido. Eles foram encaminhados para outros médicos e o funcionamento da empresa durante o movimento foi considerado normal".

Reivindicações

De acordo com a AMMG, um dos objetivos deste movimento é alertar a população para "a forma desrespeitosa com que os médicos e usuários estão sendo tratados por várias empresas de planos de saúde". Em nota, o órgão informou que as operadoras interferem no trabalho profissional do médico, criando obstáculos para a realização de atividades como solicitação de exames e internações. Além disso, dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) demonstram um descompasso no crescimento do lucro das operadoras e do repasse aos médicos. A receita das operadoras teria crescido 192% entre 2003 e 2011, enquanto o valor médio pago por consulta aumentou 65%, sendo que cálculos da categoria demonstram que o reajuste foi de 50%.

Outra reivindicação está ligada a desconformidade naquilo que é garantido na Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM), sendo necessário também, neste caso, a adequação dos contratos e a definição de reajustes periódicos. Para a entidade, é preciso que a ANS tenha ainda uma representatividade médica para dar respostas mais efetivas sobre os impasses no setor.

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