Fluxo de veículos em JF cresce 83,69% em dez anosEntre os problemas acarretados pelo aumento estão os acidentes e o constante congestionamentos das vias

Aline Furtado
Repórter
27/10/2011
Trânsito em JF

Em 2001, um total de 103.459 veículos transitavam por Juiz de Fora. Este ano, a cidade já conta com 190.054 automóveis, segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito (Denatran). Os números representam um crescimento equivalente a 83,69%, ou seja, 86.595 veículos a mais.

Há dez anos, eram 741 motonetas, 7.101 motocicletas, 1.095 ônibus, 7 mil caminhonetes, 3 mil caminhões, 78 mil carros de passeio. Atualmente, as ruas recebem aproximadamente 2.618 motonetas, 24.895 motocicletas, 1.464 ônibus, 10 mil caminhonetes, 5 mil caminhões, 130 mil carros de passeio.

Um dos resultados do crescimento é o aumento do número de acidentes na cidade. Entre janeiro e agosto, o número de atropelamentos aumentou 21%, com um total de 375 vítimas. Segundo o comandante do Pelotão de Trânsito da Polícia Militar, tenente Jean Michel Costa do Amaral, até o mês de setembro, foram registrados, em Juiz de Fora, mais de 5.500 acidentes, número que ultrapassa os registros do ano passado.

"O trabalho de conscientização de pedestres e motoristas é fundamental para que as estatísticas de acidentes de trânsito sofram queda. Como exemplo, podemos citar a avenida Rio Branco, que é bem sinalizada, contudo, trata-se da via com maior número de atropelamentos. Isso demonstra a falta de cuidado e conscientização."

Os dados foram apresentados durante audiência pública realizada nesta quinta-feira, 27 de outubro, na Câmara Municipal de Juiz de Fora (CMJF). Além dos problemas de acidentes, o vereador proponente da reunião, Isauro Calais (PMN) aponta como consequência do maior número de veículos os constantes congestionamentos, verificados, principalmente, nas vias centrais da cidade. "Há locais onde a travessia é impossibilitada devido ao fluxo intenso de automóveis, ainda que haja faixa de pedestres, como é o caso da avenida Rio Branco, na altura da Garganta do Dilermando."

Como alternativas, o vereador cobrou da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) intervenções que melhorem o fluxo. "Creio que as medidas seriam descentralizar, levando segmentos que hoje funcionam no Centro para bairros da cidade. Além disso, outras ações seriam a construção de ciclovia, a interseção entre bairros por meio do transporte público, além da retirada do transporte de carga da linha férrea que corta Juiz de Fora."

O presidente da Associação de Condutores Autônomos de Serviço de Táxi de Juiz de Fora, Luiz Gonzaga, sugeriu que sejam revistas as áreas de estacionamento nas vias da região central. "Há muitas ruas que permitem veículos estacionados nos dois lados, como é o caso da Braz Bernardino. Além disso, é preciso rever o tempo dos semáforos, intercalando o abre e fecha, já que os problemas de sincronicidade acabam retendo o trânsito."

O subsercretário de Mobilidade Urbana da Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra), Carlos Eduardo Meurer, destacou que o foco para a resolução da questão de congestionamento não deve ser apenas o número de automóveis nas ruas. "É preciso mudar a atenção da sociedade, voltando-a para o transporte público, o transporte modal, ou seja, por meio de bicicletas, além de caminhadas a pé. O carro não pode mais ser a prioridade."

Entre as intervenções previstas pela Settra para reestruturação da vias, a fim de garantir a fluidez no trânsito estão a reforma que já vem sendo realizada ao longo das avenidas Rio Branco e Presidente Itamar Franco e a mudança no traçado e a duplicação da avenida Deusdedit Salgado. Além disso, há projetos, que estão em fase de análise pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Trânsito (Dnit), para construção de dois mergulhões sobre a linha férrea, na altura da Benjamin Constant e do Terreirão do Samba; de dois viadutos na altura do bairro Mariano Procópio e do clube Tupynambás, além da construção de três pontes sobre o Rio Paraibuna.

Os planos englobam, ainda, a finalização do projeto técnico da ciclovia para a Zona Norte e projetos de interseções nos trevos do Lacet, do Teixeiras, do Pórtico Sul da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) e do Bom Pastor. "Os projetos estão prontos, mas não há capacidade de investimento por parte do Executivo. Por isso, acionamos os governos estadual e federal", destaca o secretário de Obras, Jefferson Rodrigues Júnior.

Os textos são revisados por Thaísa Hosken