Tráfico pode ter motivado 57% dos homicídios em 2009Em 2010, já ocorreram 22 homicídios, contra 31 no ano passado. Maior incidência dos infratores recai sobre os jovens de 15 a 25 anos

Pablo Cordeiro
*Colaboração
18/5/2010

Na manhã desta terça-feira, 18 de maio, a 4ª Região Integrada de Segurança Pública (4ª Risp) apresentou o Anuário Estatístico Criminal de 2009 de Juiz de Fora e região. Segundo informações em relação aos homicídios ocorridos no ano passado, 57% são motivados pelo tráfico e uso de drogas, sendo que destes 20% são por vingança, principalmente pelas rixas entre facções rivais e dívidas. Outros 8% dos crimes são passionais, ou seja, movidos por impulso.

O anuário também apontou uma diminuição da quantidade de homicídios desde 2007, quando o índice atingiu 35, caindo para 32 no ano seguinte e para 31 em 2009. Quanto à participação de menores de idade nas infrações, estatísticas da Polícia Civil (PC) apontam que cerca de 15% a 20% estão envolvidos nos crimes. Dados da Polícia Militar (PM) apontam como autores uma parcela grande de jovens entre 15 e 25 anos. Como vítimas, a maioria recai sobre a faixa etária de 26 a 35 anos.

De acordo com o chefe da 4ª Região de PM, coronel Anselmo Fernandes, a redução dos crimes nos anos passados e o índice revelado em 2010, devem-se principalmente à sazonalidade, ou seja, a um pico no mês de fevereiro que não indica, necessariamente, que a taxa vá superar 2009. "Tivemos um pico de homicídios em fevereiro ocasionado por crimes passionais, em que a presença da polícia não é participante. Não há como prevenir. Também estamos enfrentando problemas com o tráfico, mas isso é um trabalho de dados palpáveis e de investigação." Fernandes lembra que em julho do ano passado, não houve homicídios.

As apreensões de armas de fogo também apresentaram aumento. Em 2008, foram apreendidas 114 armas, contra 177 em 2009. Segundo Fernandes, a quantidade de objetos recolhidos até o momento já supera o índice indicado em agosto do ano passado. "Nosso objetivo é manter o controle da criminalidade", explica.

Em relação aos crimes envolvendo o tráfico, Fernandes salienta as mudanças que o próprio estilo de organização vem apresentando na cidade. "Não tem nenhuma nova geração do tráfico. O comando e os soldados estão mudando. Estes sim, podem ser de uma nova geração."

Para ele, a grande diferença na violência e até na recorrência dos crimes é a natureza da droga, como a brutalidade do crack no organismo. "A pessoa que usa crack fica completamente alucinada e não sabe o que está fazendo. Com certeza está havendo uma movimentação no mundo do tráfico, que nós já estamos acompanhando de perto." O delegado da 1ª delegacia regional de PC, Eduardo de Azevedo Moura, afirma que a grande quantidade de jovens entrando nessa vida é um dos fatores que mais preocupam.

"O novo traficante não consegue entrar de uma hora pra outra pelo nicho de mercado. Daí a importância de alterar nossa visão e leitura social de como será o combate e monitoramento", explica. Como soluções, o oficial balanceia entre a prevenção e a repressão. "Todo tipo de metodologia para atacar o crime é ótima. Mas quando ele aconteceu, tem que atuar para inibir." Sobre a juventude no tráfico, Moura alerta sobre a importância dos programas de prevenção.

Proximidade com a comunidade

Para os oficiais, o consenso do controle dessa criminalidade e dessa proteção, tanto para o jovem não adentrar nessa vida, como para a população, são os trabalhos de prevenção, como a polícia comunitária e a educação nas escolas. "Dos 31 homicídios, 25 foram apurados e seis não findaram. As ações primárias foram responsáveis por 80% da resolução dos delitos e autores presos", destaca Moura.

Entre as ações com o intuito de trabalhar a interação com a comunidade, estão as atividades junto às escolas públicas, como o Programa Educacional de Resistência às Drogas e Violência (Proerd) e o Jovens Construindo a Cidadania (JCC), que conseguiram atingir mais do que o dobro de assistidos nos dois últimos anos. "Essas iniciativas são de imensa importância, pois conscientizam o jovem quanto ao perigo do tráfico."

Os textos são revisados por Madalena Fernandes