Apoio psicológico é fundamental para superar medos da direção

Incentivo de casa também é importante para o habilitado na hora de voltar às ruas

Lucas Soares
Repórter
31/10/2015
motorista

Dirigir é um hábito comum no cotidiano de parte da população adulta. Com uma maior facilidade na compra de carros e motos, cada vez mais jovens e adultos se matriculam nas autoescolas em busca da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), documento exigido pelo Detran para conduzir um veículo. Por outro lado, o longo processo para se obter a carteira pode ser cansativo e desgastante. Tanto que, em alguns casos, um recém-habilitado não se sente seguro para assumir a direção de um veículo, mesmo com a autorização.

Esse é o caso da enfermeira Jaqueline Gomes, 47, que possui o documento há dez meses e, no início, sentia medo ao sair sozinha. "Após tirar a carteira, eu tinha que dirigir sem o instrutor. Ficava com medo de bater num carro, machucar alguém ou a mim mesma. Fiz terapia de grupo mais ou menos três meses durante as aulas práticas e, depois que tirei carteira, terapia individual uns dois meses e meio para superar", conta.

Assim como Jaqueline, quem se encontra nessa situação, o melhor a se fazer é procurar ajuda especializada. O psicólogo e instrutor da Auto Escola Minas Gerais, João Mário Bandeira (foto abaixo), explica o que pode causar essa insegurança. "A gente pode pensar em um trauma, na questão psicológica, se a pessoa sofreu um acidente de trânsito, se estava dentro de um veículo no momento. Isso pode provocar um trauma, que vai dificultar o processo de condução. Às vezes pode ser a insegurança natural da pessoa, e depois que ela tira a habilitação, não se sinta capaz de dirigir o carro, apesar de ter feito as aulas, ter passado na prova teórica e na prova práinstrutortica, sendo avaliada por profissionais. Essa pessoa vai se afastando da condução, cria uma certa resistência. Quando não se dirige, não cria o automatismo e tira a habilidade para dirigir", afirma.

Segundo Bandeira, existem duas formas de recuperar um condutor que está nessa situação. "Como psicólogo, você pode fazer um trabalho clínico, buscando de onde surgiu o trauma, trabalhando o histórico do paciente, mostrando que tem como conviver com isso e voltar à condução de um veículo com segurança. A parte técnica também é importante, mostrando para a pessoa que o que ela aprendeu, ela vai usar, e ela é capaz de fazer aquilo. São duas formas de se trabalhar. No consultório, é melhor, já que é possível encontrar respostas e levar esse resultado para a vida", revela.

Apoio e tempo

Além disso, o instrutor explica que o incentivo de casa é importante para o habilitado voltar a dirigir. "Quando a pessoa tem uma dificuldade na família em relação a isso, dificulta o processo, não criando formas de mostrar que ela é capaz. Quando uma pessoa habilitada procura uma autoescola, ela faz isso justamente pela falta de incentivo dentro de casa. O profissional deixa a pessoa mais segura, e acaba apresentando o resultado de um processo. As técnicas acabam sendo mostradas de forma diferente. Existe um público de mais idade, que vêm procurando as autoescolas atualmente, que estão com um carro parado na garagem após uma perda, e precisam de voltar a dirigir. A frequência é maior pelas mulheres, mas não exclui os homens. Eu cheguei a fazer um trabalho de grupo-terapia na autoescola e tinham homens que participavam", comenta. 

Quem quer voltar a dirigir, deve estar atento ao tempo que não está atrás do volante. O psicólogo alerta que, quanto mais tempo o habilitado ficou longe sem a condução, mais árdua será a tarefa. "Depende da resposta do candidato. Às vezes a pessoa ficou 20 anos sem dirigir, e procura o profissional para fazer o trabalho, ela sente a diferença. Os carros são diferentes, a tecnologia é outra. Mas a percepção de cada um varia. Todos são capazes de tirar a habilitação, ou quem já é habilitado, voltar a dirigir. Basta ter vontade. A possibilidade de entendimento é maior para quem é mais novo, já que é melhor para absorver as informações, com menos preocupações. Isso não é uma regra", garante.

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