Projeto Desloucar está entre os dez finalistas do 11º Prêmio Escola VoluntáriaProjeto visa minimizar o preconceito social dos portadores de doença mental e construir uma nova história psiquiátrica no município de Barbacena

Jorge Júnior
Repórter
4/8/2011
desloucar

Todo esforço dos voluntários do projeto Desloucar, do Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IFSMG) de Barbacena, está sendo reconhecido. Este ano, o projeto está entre os dez finalistas do 11º Prêmio Escola Voluntária. A premiação é uma iniciativa da Rádio e Televisão Bandeirantes Ltda., implementada por meio da emissora Rádio Bandeirantes de São Paulo e com o apoio da Fundação Itaú Social.

O evento ocorre uma vez por ano e tem o objetivo de divulgar, incentivar e premiar instituições de ensino responsáveis por projetos sociais que incentivem o trabalho voluntário entre os seus alunos. Para o coordenador geral de ensino do IFSMG, Valdir José da Silva, estar entre os finalistas já é uma vitória. "Significa, antes de mais nada um reconhecimento, não visamos uma premiação, mas sem dúvida é um evento importante para os nossos alunos."

A escola vencedora receberá o prêmio de R$ 15 mil; o 2º lugar receberá o prêmio de R$ 10 mil; a escola classificada em 3º lugar receberá o prêmio de R$ 5 mil e o Educador Destaque será premiado com um notebook. "Se ganharmos, todo o dinheiro será investido nos trabalhos desenvolvidos para os pacientes."

O Projeto

Visando minimizar o preconceito social dos portadores de doença mental e construir uma nova história psiquiátrica no município de Barbacena, os alunos do curso de tecnologia de Hospedagem Hospital criaram o projeto Desloucar. "Como Barbacena é conhecida como a cidade dos loucos e existem muitas clínicas na área de atendimento para a saúde mental, os alunos resolveram criar o projeto em 2009", diz Silva.

Com a ideia erguida, o Desloucar ganhou o apoio de funcionários do IFSMG e também dos cursos de agropecuária e técnico em enfermagem. "Mais de 50 pessoas já se envolveram no projeto, além de funcionários técnicos administrativos." Silva explica que o nome Desloucar foi escolhido com a ideia de deslocamento, por ser realizado fora das clínicas e também no sentido de deixar de ser louco. "O Desloucar proporciona a integração social por meio do acesso ao lazer, recreação e cultura por meio da realização de oficinas terapêuticas, em uma perspectiva inclusiva com os alunos do campus e com os pacientes das clínicas e hospitais psiquiátricos da cidade", explica. As atividades são realizadas uma vez por semana. "Cada semana é feita uma oficina diferente. Além disso, os alunos estão sempre recebendo capacitações referentes ao assunto."

Silva afirma que o Desloucar tem dois pontos positivos: "ajuda os pacientes a reiterar na sociedade, passando a conviver em uma terapia mais livre, por meio da convivência e desenvolvimento cultural. Por outro lado, as pessoas de fora aprendem a aceitar e entender mais sobre os doentes mentais." O coordenador destaca que os alunos ficam encantados com os pacientes.

Atividades

Os pacientes desenvolvem ações recreativas e participam de oficinas e brincadeiras. "Eles produzem artesanato, fazem aulas de música e teatro e até tiram leite da vaca." O acompanhamento não é só feito com os pacientes, mas também com os familiares. "As famílias estão aceitando e compreendendo melhor a situação. Eles se sentem integrados com os pacientes." Silva destaca que, com o projeto, os doentes mentais estão diminuindo o uso dos medicamentos controlados."

Voluntários

Todos os alunos envolvidos no Desloucar são voluntários. "As atividades contam como horas complementares e também como estágio. Segundo Silva, no início, os jovens entram tímidos, mas no decorre da atuação, eles ficam entusiasmados. "É uma troca de experiência contagiante. Quando estamos em uma roda de brincadeiras, tudo é mais espontâneo, é um sentimento agradável e apaixonante", descreve Silva.

A experiência também é descrita pela estudante Bianca Pereira Cirino, que atua no Desloucar há dois meses. "É uma oportunidade de manter contato com pessoas diferentes e levar alegria. Eu os levo para conhecer os animais e para dançar."

Segundo Bianca, ela escolheu lidar com as pessoas com deficiência mental, porque sempre gostou dessa área, a expectativa, segundo ela, foi gratificante. "É uma reação muito boa, cada encontro é uma brincadeira e um riso." A estudante afirma que pretende dar continuidade ao projeto."

Os textos são revisados por Thaísa Hosken